CÂMARA DOS DEPUTADOS

DETAQ SEM SUPERVISÃO

Sessão: 326.2.53.O

Hora: 15:14

Fase: BC

 

Orador: LAEL VARELLA

Data: 17/12/2008

O Sr. LAEL VARELLA (DEM-MG) Pronuncia o seguinte discurso:

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

no último dia 13 de dezembro, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira promoveu na cidade de São Paulo comemorações atinentes ao centenário de nascimento de um dos maiores, senão o maior líder católico da Terra de Santa Cruz de todos os tempos. Como dever de justiça, minha oração hoje pretende homenagear aquele que assinalou de ponta a ponta o século XX não apenas como homem de pensamento, mas como incansável lidador por ideais que nunca morreram.

Com efeito, há cem anos nascia na capital bandeirante este brasileiro descendente de duas ilustres estirpes - uma paulista e outra pernambucana - que consagrou sua vida à nobre luta em defesa dos princípios da civilização cristã. Sob sua égide se constituiu o maior conjunto de associações anticomunistas de inspiração católica em todo o mundo sob o estandarte da tradição, família e propriedade. Este grande brasileiro, Sr. Presidente, meus nobres pares, é Plinio Corrêa de Oliveira.

Concretizando esse ideal de vida, Plinio Corrêa de Oliveira desempenhou papel decisivo na história contemporânea de nossa Pátria, alertando e orientando a opinião pública nos momentos cruciais da vida nacional. Suas numerosas intervenções públicas contra o agro-reformismo iniciadas em 1960 com o best-seller "Reforma Agrária - Questão de Consciência", além de impedir a destruição da dinâmica agricultura brasileira, foram determinantes para despertar as forças vivas da nação. Evitou assim que o Brasil rolasse para o abismo.

Desde cedo se fez notar pelos dons com que a Providência o favorecera, despontando como conferencista, orador e homem de ação. Em pouco tempo se tornou o principal líder do Movimento Católico no Brasil. Em 1934 foi o mais jovem e mais votado Deputado Constituinte.

A convocação de eleições, no final de 1932, para a formação de uma Assembléia Federal Constituinte, levou-o a idealizar a Liga Eleitoral Católica (LEC) e a participar ativamente em sua organização. Elegeu-se apoiado por ela, tendo sido o deputado mais jovem e mais votado de todo o País, ao obter o dobro de votos do segundo candidato, o ilustre líder político Prof. Alcântara Machado. Plinio Corrêa de Oliveira atuou na Constituinte como um dos maiores líderes do grupo parlamentar católico.

Gesta Dei per brasilienses

Com essa expressão latina proferida por Plinio Corrêa de Oliveira em memorável discurso em São Paulo, por ocasião do IV Congresso Eucarístico Nacional de 1942, ele foi ovacionado entusiasticamente por centenas de milhares de católicos que lotavam o Vale do Anhangabaú, ao afirmar:

"Tempo houve em que a História do mundo se pôde intitular gesta Dei per francos. Dia virá em que se escreverá gesta Dei per brasilienses.

A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente católica, apostólica e romana, e em iluminar amorosamente todo o mundo com o facho desta grande luz, que será verdadeiramente o lúmen Christi que a Igreja irradia. (...) Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para bem do mundo inteiro: Sejam entre vós os que governam como os que obedecem, diz o Redentor. O Brasil não será grande pela conquista, mas pela Fé; não será rico pelo dinheiro tanto quanto pela generosidade. Realmente, se soubermos ser fiéis à Roma dos Papas, poderá nossa cidade ser uma nova Jerusalém, de beleza perfeita, honra, glória e gáudio do mundo inteiro".

O século de Plinio Corrêa de Oliveira.

Com esse título o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança escreveu artigo na Folha de São Paulo no dia 12 de dezembro pp. repetindo a titulação da reportagem de página inteira do influente semanário italiano Il Domenicale, de Marco Respinti, dedicada ao centenário de nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira. Dom Bertrand recordou os laços de amizade e de colaboração que uniram a família de Plinio Corrêa de Oliveira à família imperial brasileira:

"Seu tio-avô paterno, João Alfredo Corrêa de Oliveira, assinou com a princesa Isabel a Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil e, após o golpe de 1889, participou do Diretório Monárquico. Pela família de sua mãe, Lucília Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, havia relações que se estreitaram muito, já quando minha bisavó sofria as agruras do exílio.

"Meu pai e dr. Plinio tornaram-se grande amigos em virtude de profunda afinidade ideológica e de princípios católicos, o que contribuiu para que meu irmão d. Luiz e eu viéssemos a ser seus sinceros admiradores e discípulos entusiastas. Desde bem jovem, manifestou Plinio Corrêa de Oliveira vivo interesse por temas religiosos, políticos e sociais. Ciente de que o verdadeiro progresso não consiste em romper, mas em somar, num impulso contínuo rumo à perfeição, via na tradição valor incomparável para regular o presente".

"A vida social e cultural das primeiras décadas do século 20 ia sofrendo forte transformação, com a "democratização" dos costumes, hábitos e modos de ser. A par do positivismo - moda ideológica de então -, o progresso exercia ação tendencial de descristianização dos espíritos. Mudanças político-sociais iam, por sua vez, consumando a republicanização dos Estados e o aniquilamento das elites.

"De espírito precoce e lúcido, Plinio Corrêa de Oliveira foi assumindo uma atitude de resistência a tais mudanças, sedimentada pela análise dos fatos, pela reflexão e pelo estudo. Discernia uma ação sub-reptícia que, de modo paulatino, despojava os costumes sociais e as instituições da influência benéfica da Igreja, visando uma sociedade secularizada. Urgia, segundo ele, congregar leigos católicos para agir sobre a sociedade, criando uma mentalidade oposta.

"A civilização cristã - única capaz de inspirar um progresso judicioso - tornou-se o grande ideal a nortear a vida, a ação, o pensamento e a piedade de Plinio Corrêa de Oliveira. Ao longo das décadas, constituiu uma corrente de pensamento e de ação voltada a influir na opinião pública a fim de preservar os valores perenes da Igreja e da tradição. Inspirou, no Brasil e no mundo, a fundação da miríade de associações que defendem os valores da tradição, família e propriedade. A vitoriosa pugna para livrar o Brasil da Reforma Agrária socialista e confiscatória é apenas um dos inúmeros lances dessa gesta.

"‘Revolução e Contra-Revolução foi a obra mestra na qual Plinio Corrêa de Oliveira consubstanciou os princípios teóricos da crise que, desde o século 14, atinge o Ocidente cristão e traçou os ideais e as grandes linhas de ação dos que a ela se desejam opor.

Em 1968, dando prova de um pluralismo coerente, Octavio Frias convidou Plinio Corrêa de Oliveira para escrever regularmente nesta Folha. Seus artigos, publicados até 1990, passaram a ter marcada influência e repercussão nos meios políticos, sociais e religiosos, tornando-se um dos marcos de sua produção intelectual.

Em uma época de realizações e de crises, a figura de Plinio Corrêa de Oliveira ocupa lugar de destaque, no Brasil e no exterior, como líder e mestre da doutrina e ação contra-revolucionárias.

Apontou ele a metamorfose do comunismo, com o desmoronamento do Estado socialista hipertrofiado e o surgimento do modelo revolucionário de comunidades autogestionárias. A vida tribal - com sua síntese ilusória de liberdade plena e coletivismo consentido - constituiria tal modelo. Assiste-se, como ele previu, à ofensiva ideológica "indigenista", que busca a formação de "repúblicas" autônomas, trazendo a fragmentação social e política das nações sul-americanas".

Dom Bertrand conclui:

 "Plinio Corrêa de Oliveira enfrentou com serenidade as incertezas, os embates e as decepções, animado por inabalável confiança na providência divina, fruto de sua devoção ardorosa a Nossa Senhora, em cujas mãos sempre depositou todos os frutos de suas realizações".

Sr. Presidente, com toda essa repercussão no exterior, infelizmente a imprensa brasileira, com exceção da Folha de São Paulo, não deu o devido destaque ao centenário desse nosso insigne líder católico. São os tempos em que vivemos!

Como preito de gratidão a esse nobre colega deputado constituinte, encerro minhas palavras pedindo a transcrição para os Anais dessa Casa da Calorosa e filial homenagem publicada na Folha de São Paulo pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e o conjunto de associações co-irmãs e autônomas constituídas em torno dos ideais de Tradição, Família e Propriedade.

Tenho dito. Segue a matéria.

 ( a transcrição da homenagem publicada na Folha de São Paulo pode ser vista no link:

 http://www.pliniocorreadeoliveira.info/manifesto 13 dezembro.htm ).