Catolicismo, N.° 477, Setembro de 1990 (www.catolicismo.com.br)

 

TFP: Correspondentes se reúnem, em meio a uma grande campanha

 

Iniciado com uma imponente passeata pelo centro de São Paulo, o VII Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP reúne representantes de todo o Brasil e delegações de diversos países e comemora o maior abaixo-assinado da História

 

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3,6 milhões de assinaturas em 63 dias

Logo após a sessão inaugural, presidi­da pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, re­alizou-se uma passeata-gigante por ruas cen­trais da capital paulista — da qual partici­param sócios, cooperadores e corresponden­tes — comemorativa da obtenção de 3 mi­lhões, 605 mil assinaturas, em 63 dias de campanha. Foram elas obtidas pelas várias TFPs e Bureaux-TFP existentes em 20 paí­ses, em adesão à mensagem pró Lituânia livre. Na contracapa desta edição, apresen­tamos fotos e alguns aspectos salientes do desfile, o qual causou forte impacto no pú­blico paulistano.

Esse expressivo total já supera o de 3.107.000 assinaturas, que o anuário britâ­nico "Guiness", especializado em registrar os "records" mundiais, apontava até o ano passado como sendo o abaixo-assinado que maior número de assinaturas obtivera. E ao fecharmos esta edição, na segunda quin­zena de agosto, o total no mundo já atin­ge 4.367.029 de assinaturas, das quais 2.609.725 foram coletadas no Brasil.

Deve-se notar ainda que o mencionado total supera igualmente o da população atual da Lituânia.

"Isso significa — ressaltou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito do assunto — que além do país Lituânia há uma outra Lituânia esparsa, que não é constituída principalmente de lituanos e muito menos só de lituanos, mas por to­dos aqueles, nos mais diversos paises, cu­jos corações vibram ao lado da Lituânia. Vibram, porque esta nação é um exemplo vivo do direito espezinhado e da fraque­za desrespeitada. E ela é sobretudo uma nação com população católica, que deve se libertar das garras soviéticas. E por causa disso, no mundo inteiro as TFPs suscitaram vozes que dizem ao poder so­viético: não, não e não!

"Nós não sabemos quanto tempo dura­rá essa campanha. Pode ser que os aconte­cimentos internacionais sejam de tal mon­ta que ela termine daqui a dez dias. Pode ser que se estenda por dez meses, e se ela tiver que durar dez anos, nós estamos dis­postos a levá-la a cabo", concluiu.

Durante os três dias do Encontro, os correspondentes e simpatizantes participa­ram de um programa intenso e variado, que os estimulou a se dedicarem ainda com mais empenho às atividades promovidas pela associação.

 

Confiança em Maria e fortaleza ante a impiedade crescente em nossa época

Na sessão de encerramento do Encontro, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — que em palestras anteriores respondeu a nume­rosas perguntas dos correspondentes — en­careceu a importância vital que deve ter a devoção a Nossa Senhora em toda a atua­ção empreendida por sócios, cooperadores e correspondentes da TFP, sobretudo em face do processo de degenerescência da so­ciedade contemporânea. Tal devoção deve ser autêntica, tal como a apresenta o gran­de Doutor marial da época moderna, São Luis Maria Grignion de Montfort. Para ilus­trar seu pensamento e comunicar aos assis­tentes o espírito desse admirável santo, o conferencista comentou a Oração Abrasa­da, de autoria daquele missionário francês do século XVIII. O texto dela (...) fora proclamado, no dia anterior, por cooperadores da entidade.

Apresentamos a seguir excertos da mag­nífica conferência, nas quais são realçadas a já multissecular decadência moral do mundo, e a atitude que diante dela assumi­ram, no passado, valorosos católicos, exem­plos para os que hoje resistem à avalanche da iniqüidade.

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"Realmente a vários de seus servos Deus mostrou uma futura renovação da Igreja. Essa renovação, entretanto, onde está? Eu lhes diria que as coisas estão ca­da vez piores. E São Luís Grignion, tendo em vista sua época, pergunta quase como uma queixa: "Vós, Senhor, permitireis que tudo seja como Sodoma e Gomorra?"

"A nós, a exemplo desse grande Santo, seria lícito dirigir análoga súplica a Nosso Senhor e à sua Mãe Santíssima. E podería­mos ouvir de seus lábios uma resposta: ‘Já falei em Fátima, no ano de 1917, e mostrei os erros que dominavam o mundo, a imora­lidade crescente que poderia se agravar e se espalhar pelo orbe, atraindo sobre a hu­manidade os castigos de Deus’.

"Hoje, comparando nossa situação com a de 1917, podemos perguntar-nos quais os pecados que se tornaram menores e qual a melhora que houve, em qualquer campo. A santidade, que terrenos conquis­tou? Ou pelo contrário, que terrenos per­deu? A moralidade, que terrenos perdeu? Exatamente a sodomização, a gomorrifica­ção da Terra e tantas outros fenômenos afins não formam um abismo, no qual o mundo moderno vai se precipitando?

"Algumas décadas após ter morrido São Luis Grígnion, arrebentou na França a Revolução de 1789, perseguindo a Igreja com um ódio desconhecido desde o edito de Milão, em 313, mediante o qual o Impe­rador Constantino concedeu liberdade à Igreja Católica.

"Mas tal perseguição suscitou igualmen­te a santidade heróica de inumeráveis Sacer­dotes e leigos, que preferiram sofrer o mar­tírio a negar sua Fé.

"Nos dias atuais, tendo se agravado muito a crise religiosa e moral vigente na época de São Luis Grignion, os correspon­dentes da TFP e todos os autênticos católi­cos, ancorados numa sólida devoção à San­tíssima Virgem, devem enfrentar a impieda­de e o neopaganismo com fortaleza e con­fiança redobradas".