Discurso em Campos  (Rio de Janeiro), 20 de maio de 1973    Domingo

 

A plenitude do sacerdócio

 

[Apresentador: ... líder católico, professor catedrático de Direito na capital paulista, presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (...). Nós temos pressa em ouvir o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira]

 

[Aplausos  prolongados]

 

Exmo. Senhor José Carlos Vieira Barbosa, Prefeito de Campos.

Exmo. Revmo. Senhor Dom Antônio de Almeida Morais Júnior, Arcebispo Metropolitano de Niterói.

Exmo. Senhor Deputado Federal Alair Ferreira, presidente da ARENA do Estado do Rio.

Exmo. Senhor Prefeito Municipal

Exmos. Senhores Vereadores

Exmo. Senhor jornalista Lima

Exmos. Revmos. Senhores Sacerdotes, dignos componentes dessa mesa

Minhas Senhoras e meus Senhores

 

Nesta seção Jubilar, tão justamente comemorativa dos altos méritos do Sr. Dom Antônio de Castro Mayer (*), compete-me a tarefa de fazer uma conferência a respeito do Sacerdócio. Mas não me é possível deixar de vos anunciar aqui uma impressão singular que me assalta neste momento, para mim de tal maneira grato – a impressão singular de que as coisas vêm, de algum modo, de revés.

De fato, falou a eloqüência com todas as suas galas e toda a sua solenidade antes de mim; cantou a música antes de que eu falasse; as vossas palmas consagradoras estrugiram antes que eu as merecesse. E depois de um início de sessão com tanto brilho e em que todas as seduções da arte, da literatura, se casam com a solenidade do ambiente, com o prestígio da presença de autoridades ilustres, com o prestígio da presença de príncipes nobres da Igreja, neste momento cabe-me, a mim, a tarefa – oh! tão difícil – de fazer uma conferência; de dizer o que diz a razão, de dizer o que diz o bom senso, fazendo-me lembrar daquela palavra de La Cordaire: “A razão fala, é o amor que canta”. Depois dos cânticos de amor e de entusiasmo que eu acabo de ouvir aqui, cabe-me a mim, fazer uma conferência, cabe-me apenas falar. Dura tarefa! Mal compensada – pelo que tem de realmente formoso o assunto –, uma vez que eu devo entreter os vossos espíritos durante um tempo que terá o mérito de ser breve    deverei entreter os vossos espíritos a respeito de um tema que, a ser bem analisado, contém em si todas as belezas da Terra.

Eu devo vos falar a respeito da plenitude do Sacerdócio. Plenitude essa que refulge na pessoa do nosso homenageado de hoje. E esta consideração me leva à noite dos tempos, me leva a uma digressão histórica que pega o homem no período talvez mais crucial e mais duro de sua história.

Nós imaginamos hoje que estamos nos bordos talvez de uma catástrofe sem precedentes. Nós não nos lembramos de que uma catástrofe houve – maior do que todas as catástrofes – uma catástrofe houve que marcou logo, desde o início, a história do gênero humano. Aquela catástrofe narrada pelo Gênesis, aquela catástrofe da desobediência do homem que, tentado pela mulher tentada pela serpente, duvidou de Deus, revoltou-se contra Ele, não quis seguir o destino que Deus lhe assinalara e, por isso, foi expulso do paraíso.

Príncipe do mais belo e mais encantado dos reinos; colocado como senhor de toda a natureza visível, cujos segredos ele conhecia perfeitamente e sobre a qual exercia um misterioso império; confortado pelos dons preternaturais que lhe asseguravam, entre outros, a imortalidade    Adão pecou, Eva pecou, saíram do Paraíso, deixaram aquela terra de bênção e de eleições aonde, segundo diz o Gênesis, Deus passeava com Adão comentando todas as belezas do que Ele havia criado. Saíram daquela terra de eleição e entraram para a terra do exílio; os dons preternaturais, dele se retiraram.

A natureza humana – desamparada diante de um ambiente sobre o qual não tinha mais governo, que não mais dominava – a natureza humana se sentiu apoucada, se sentiu diminuída, se sentiu ameaçada pela justa cólera de um Deus que tinha ofendido. E, com o homem, na terra do exílio penetrou a apreensão, penetrou a dor, penetrou o sofrimento, penetrou a incerteza, seguida, não tanto tempo depois, da imagem terrífica da morte.

Adão e Eva que sabiam que estavam então destinados à morte, antes de morrer eles mesmos, passaram por esta tragédia terrível de ver o filho da bênção, o filho da predileção, Abel o doce, Abel o justo, Abel o magnífico, prostrado no chão, morto. Eles nunca tinham visto um morto. Não tinham a idéia plena talvez do que fosse a morte, porque aquilo que não se vê não se conhece inteiramente. E morto por quem? Morto por um outro filho. O fratricídio ignóbil derramando no chão o sangue do justo, que, segundo a Bíblia, levantava-se ao Céu bradando a Deus por vingança.

E nós podemos imaginar o trágico do primeiro funeral na terra: Eva soluçando, Adão batendo no peito, Caim desvairado, sumindo ao longo dos caminhos; os outros filhos abrindo em qualquer lugar, a esmo na terra, uma cova; fechando-se a sepultura, encerrando-se a história de Abel: o vazio na terra imensa. E a humanidade começando a sua enorme peregrinação.

Esse sentimento duplo, sentimento – de um lado – de finitude: o homem vai morrer, morrerá como morreu Abel, será um cadáver como foi Abel; a terra o devorará como está sendo devorado o cadáver de Abel; sentimento de precariedade, de incerteza: a natureza revoltada, os animais se agridem, as trovoadas que caem, o alimento difícil de extrair da terra. Tudo somado, dando ao homem uma dificuldade de se orientar na vida, que marca a fundo a existência da humanidade dos filhos de Adão ao longo desta trajetória, que nos conduziu, de tragédia em esplendor, de esplendor em tragédia, de esperança em frustração, de frustração em vitória que se arrebenta em novas frustrações, conduziu-nos até este século XX, ápice ele mesmo, pelo menos a seu modo, de esplendores, de frustrações e de tragédias.

Esta atitude, esta posição de finitude e de incerteza do homem diante da sua vida terrena, acendeu – já nos primórdios da humanidade, quando a humanidade, de decadência em decadência se entregava à idolatria; quando, entretanto, o sacerdócio, mesmo na idolatria, se afirmava e se delineava cada vez mais nitidamente – acendeu duas concepções distintas de sacerdócio. Concepções essas que nós encontramos em duas famílias diversas de religiões pagãs.

Em primeiro lugar, as religiões ditas religiões sem mistério, que correspondem quiçá a uma família de almas do gênero humano: as almas mais voltadas para esta Terra; que não negam diretamente a existência de uma outra vida, nem dela se desinteressam, mas que de tal maneira se deixam impressionar pelo dia de amanhã, que o centro de suas preocupações se volta para os afazeres terrenos. Então os srs. têm – talvez correspondendo a esta família de almas – o aparecimento das religiões ditas sem mistério. Religiões em que o sacerdote aparece, não sem dúvida, como um mediador entre os deuses e o homem. É esta sempre a nota característica da noção de sacerdote: é um mediador, é um intermediário entre Deus e os homens. Aparece, sem dúvida, como mediador; mas um mediador que, embora com os olhos voltados para o Céu, tem missões caracteristicamente terrenas.

Quais são as missões dos sacerdotes nas religiões pagãs sem mistérios? O sacerdote é revestido de poderes mágicos por onde, mediador entre os deuses e a Terra, ele faz crer que ele tem o poder de curar, tem o poder de matar, tem o poder de – por meio de encantações e de sortilégios – de governar os trovões, de aplacar as feras. O sacerdote resolve, portanto, problemas humanos. Ele executa curas; ele pratica mortes, sendo instrumento de vingança;  ele governa os elementos.

Nós vemos aí uma vaga saudade que o gênero humano tem, na sua decadência, daquele domínio que ele exercia sobre a natureza, quando Adão ainda não tinha caído. A nossa natureza pede esse domínio. E os sacerdotes do paganismo, da gentilidade, para satisfazer essa necessidade de domínio, assim se apresentavam aos homens. E daí o tipo de sacerdote exorcista que enxota os espíritos malignos capazes de atrapalhar o homem na sua faina diária, de arruinar as colheitas, de espalhar doenças, de fazer fugir o gado, etc. É também o sacerdote sacrificador, o sacerdote que imola; o sacerdote que, diante da vista do homem pecador, toma uma vítima, um animal, uma fruta, quê sei eu... – infelizmente, muitas vezes, uma vítima humana – e a imola para, assim, aplacar a cólera de um Deus que o homem sente irado, sente brigado com ele, do qual ele tem medo e que ele quer de algum modo tornar propício.

Aqui os senhores têm então a figura do sacerdote antigo, segundo o tipo desta mentalidade mais voltada para os bens terrenos.

Mas há uma outra família de almas, talvez mais rara, certamente mais elevada. É a dos homens que vivem compreendendo que, por mais importantes que sejam os problemas terrenos, eles não passam de logística; que por mais importantes que eles sejam, não é para resolvê-los que o homem está na Terra. Para usar uma expressão feliz hoje no banquete do Sr. Bispo Diocesano, são os homens que compreendem que o homem não se reduz ao estômago, e que a fome não é o problema central da vida. São os homens que sabem pensar, que param para refletir e que, abrindo um intervalo nas justas atividades da faina diária, de vez em quando se perguntam: que sentido tem isto, que sentido tem esta vida? Por que nasci? Para onde vou? Depois que eu morrer o que será feito de mim? Não sei! Preciso indagar! Essas questões supereminentes dominam a vida humana que, sem elas, é inexpressiva.

Para atender as perguntas desse gênero de espíritos, a própria gentilidade, embora nos seus desvarios e nos seus erros – levada por misto de bom senso e de tradição que ela nunca chegou completamente a perder, elabora o tipo do sacerdote de religiões de mistério. São religiões que praticam – em geral às ocultas, e em geral para um número relativamente pequeno de crentes – praticam ritos que devem operar este efeito extraordinário: algo da vida da divindade passa para o sacerdote e algo do sacerdote deflui para o público; de maneira que uma certa vida divina circula entre os que praticam, os que presenciam o rito. Vida divina, essa, que lhes dá mais força nas agruras dessa existência, lhes dá mais luz à mente, lhes dá mais energia à vontade. Vida divina, essa, que se manifesta também pela magnífica promessa de que ela não morrerá, ela veio do além, ela se insere no homem; ela, criam eles, não morre com o homem. A promessa de uma outra vida – promessa existente também nas outras religiões, mas não tão firme nessas religiões de mistério – se afirma mais definidamente.

E as almas sequiosas de uma natureza melhor que esta – sequiosas de uma explicação mais alta para seus problemas, de uma orientação para a vida, mais profunda do que simplesmente a preocupação de obter o ganho necessário para não morrer de fome ou para satisfazer a ambição ou a vaidade – esse tipo de alma se encaixa nessa série de religiões.

E nós temos então, vagamente, confusamente, no meio de ritos por vezes abomináveis, ritos idolátricos, ritos satânicos, ritos em que muitas vezes – como no rito fenício – a mulher oferecia a sua pureza e se tornava impura para agradar a divindade. Ritos em que se praticava homicídio ou até o infanticídio, como nas mãos do monstro de bronze, o Moloch, Baal de Cartago, que se punha incandescente, enorme figura de bronze com os braços em declive, e quando Cartago estava em perigo, ateava-se fogo por debaixo do ídolo; o ídolo todo se tornava incandescente e as melhores famílias do patriciado de Cartago eram obrigadas a levar as suas crianças recém-nascidas, de um ano, dois anos, três anos, colocar nos braços desse ídolo para ali morrerem queimadas, ou rolarem no abismo, para evitar que Cartago fosse destruída.

Religiões, portanto, muitas vezes com abominações, mas dentro das quais, um exame nítido como vos disse, permite discernir o filão de uma tradição preciosa, o filão do bom senso humano, o filão de uma esperança também.

 Todas ou pelo menos muitas dessas religiões eram animadas pela esperança de que um dia viria em que a paz se faria entre o Céu e a Terra; um momento chegaria em que os tempos teriam sua plenitude; e um eleito de Deus, perfeito, amado, haveria de vir ao mundo para restaurar a ordem que o pecado de nossos primeiros pais – lembrado em tantas religiões antigas – o pecado de nossos primeiros pais nos tinha tirado.

Em determinado momento, numa meia-noite, no silêncio absoluto de uma cidade hebraica, uma Virgem tênue, delicada, cândida, trazendo nos olhos algo ou mais do que algo, uma infinitude daquela expressão de que vós vistes um reflexo na bela imagem de Nossa Senhora de Fátima que há dias atrás vos visitou – esta Virgem rezava. Os tempos tinham maturado. O grau de sofrimento e de degradação da humanidade tinha chegado a um ponto tal que a misericórdia de Deus criara esta Virgem, para que Ela, que era sem mancha, conseguisse o que nenhum homem pecador conseguiria: que Ela pedisse a vinda de Messias.

E Ela pedia precisamente que viesse o Salvador e que regenerasse todos os povos. Messias previsto pela raça judaica, que deveria nascer de alguém da estirpe de David, da estirpe de que Ela mesma nascera, a que pertencia o seu casto esposo José. Ela rezava, na calada da noite, pedindo que esse Messias viesse. E pedia, segundo piedosas tradições, pedia para ser a serva, para ser a escrava, para ser a servidora da mulher bem-aventurada de que esse Messias haveria de nascer.

Produz-se pelos ares um movimento misterioso. Algo como um bater de asas, como uma movimentação, como uma vibração diáfana como uma luz, marca o ambiente. Ela olha e ouve as palavras tão conhecidas: “Ave Maria, cheia de graça”. E vem daí o diálogo tão conhecido que eu não tenho que vos repetir. Apenas nós sabemos que depois de Ela ter dito: “Faça-se em mim a palavra do Senhor, sou a servidora dEle”, o Verbo se encarnou e habituou entre nós, e veio à Terra Aquele que por excelência, no sentido mais pleno da palavra, no sentido arquetípico da palavra, seria o sacerdote: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Sacerdote no sentido pleno da palavra; porque, se é verdade que é inerente ao sacerdócio ser um vínculo, ser uma ligação entre os homens e Deus, ninguém o poderia ser de um modo mais perfeito, de um modo mais magnífico do que aquele que era ao mesmo tempo Homem e Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnada, que ligava a natureza humana à natureza divina.

Nosso Senhor Jesus Cristo é sacerdotal por sua própria natureza, porque Ele é o elo, Ele é o vínculo, Ele fundou o sacerdócio verdadeiro, o sacerdócio pleno, o sacerdócio cristão, o sacerdócio católico; esse sacerdócio católico de tantas rutilações ao longo da História e do qual nós hoje assinalamos uma das mais belas formosuras do Brasil contemporâneo, homenageando a figura desse que possui a plenitude do Episcopado, Dom Antônio de Castro Mayer.

 

(Palmas).

 

Sacerdócio que se exerce nos dois sentidos: uma ação ascendente e uma ação descendente.

Ação ascendente: é Nosso Senhor Jesus Cristo que encaminha aos Céus todas as nossas preces. A Ele e aos méritos dEle que se unem todos os nossos méritos, e é só por meio dEle, Nosso Senhor Jesus Cristo, que se chega ao Padre Eterno.

Ação descendente do Sacerdócio, porque todas as graças, todos os dons, todos os favores que do Céu baixam à Terra, baixam por meio dEle. Ele é, ao mesmo tempo que sacerdote no sentido pleno da palavra, Ele é também a fonte – é porque Ele é sacerdote no sentido pleno da palavra, Ele é a fonte de todas as graças e, como vós vereis daqui a pouco, a fonte de toda a ordem civil verdadeira e perfeita.

Nosso Senhor Jesus Cristo não é, entretanto, apenas plenamente sacerdote, porque Ele é, assim, a ligação entre a Terra e o Céu. Mas Ele é pontífice e ao mesmo tempo Ele é vitima. Ele se ofereceu a si próprio numa ação sacerdotal em que Ele aceitou na agonia do Horto, e aceitou ininterruptamente até o momento do “Consumatum est”, todo o oceano de dores que sobre Ele haveria de desabar, para a redenção da Humanidade.

E o aceitou não só com uma aceitação efetiva, mas com uma aceitação plena de amor. Ele quis tanto ser sacerdote no sentido de ser vítima, Ele quis tanto imolar-se por nós, desta imolação indispensável para a reconciliação entre Deus e os homens. Ele quis tanto, que nós vemos na oração do Horto das Oliveiras, Ele sofrer, sentir pavere et tadere, sentir tédio e pavor; e sentir todo o seu sangue extravasar pelos seus poros, diante do horror do que Ele haveria de sofrer.

Mas, recebendo forças do Anjo, Ele quis fazer a vontade do Padre Eterno. Antes de tudo para a glória do Padre Eterno e depois pelo amor da humanidade, pelo amor de cada homem, pelo amor de cada um de nós aqui presente. De tal maneira pelo amor de cada um de nós que Ele nos teve a cada um de nós, nominalmente em vista, durante todo o tempo de sua Paixão e no momento de sua Morte.  E Ele quis morrer por cada um de nós de tal maneira que, ainda que só por um Ele devesse morrer, Ele quereria ter morrido; e morreu com essa intenção.

Este é o sacerdote de cuja participação vêm todos os outros sacerdotes. E se a Igreja Católica tem o sacerdócio, Ela o tem por participação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sacerdócio pleno, na pessoa dos bispos; sacerdócio participado nas pessoas dos sacerdotes; sacerdócio passivo – num sentido diverso da palavra – da parte de todos os leigos que constituem, em união com o corpo especificamente sacerdotal da Igreja Católica, aquela estirpe régia, aquela estirpe sacerdotal que são os membros do corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo: os fiéis da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Estas considerações levam-nos, entretanto, a voltar ao tema inicial da conferência e levam-nos a perguntar que relação há entre aqueles vagos balbucios da primeira noção do sacerdócio no tempo da gentilidade e, depois, a noção do sacerdócio como ele se exerce no sacerdócio católico.

E a resposta não é difícil de dar. Como sempre acontece, quando o homem espera em Deus, ainda que o homem ponha nesta esperança as imperfeições de sua natureza, ele é premiado e atendido, e ele recebe incomparavelmente mais do que esperou.

Não temos mais – nunca foi autêntico – o sacerdócio das nações gentílicas. Nem nós temos que pensar ou cogitar de pagés, de homens mágicos, de homens com poderes singulares. Tudo isso passou. A Igreja Católica orienta os nossos olhos para um ideal muito mais alto. O sacerdote é verdadeiramente o sacerdote porque ele é, por sua vez, o elo entre Nosso Senhor Jesus Cristo e nós, dotado do poder de transubstanciar, pelas suas palavras se operar a maior maravilha que houve na Terra, que é a transubstanciação, que é ao mesmo tempo a renovação incruenta do sacrifício do Calvário.

O sacerdote multiplica – por todos os altares da Terra – ele multiplica o sacrifício da Cruz. Ele leva, por todas partes, a redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, por todas as partes, comunica a vida divina. Ele nos fala da outra vida. Ele atende de um modo exuberante os desejos, os anseios daquela família de almas que encontra a sua mais perfeita comparação, o seu mais perfeito tipo em Maria – a contemplativa do Novo Testamento, que em Betânia olhava apenas para Nosso Senhor e se desinteressava dos afazeres correntes – porque ele leva aquela vida divina às almas, que fazem com que a alma, por sua vez, habitada pela vida divina, se prepare para gozar de Deus por toda a eternidade no Céu, nos esplendores da visão beatífica.

Mas, de outro lado, o sacerdote atende e – meus srs., nesta época tão voltada para as preocupações terrenas, me parece que esta consideração não poderia deixar de ser tomada na maior atenção da parte de todos nós – o sacerdócio, ele prepara também as vias da única civilização verdadeira, da única ordem verdadeira, que é a ordem que dimana da lei dada por Cristo, e em que o homem se torna capaz de possuir, a essa, pela vida vinda de Cristo.

O que vem a ser isto?

Santo Agostinho viveu numa época que não deixava de ter analogia impressionantes com a nossa. Porque – se nós temos hoje, golpeando nos limites da Civilização Ocidental, o monstro comunista, a barbárie comunista, disposta a nos devorar – Santo Agostinho tinha, nos tempos dele, a ameaça dos Vândalos: bárbaros que tinham transposto o Danúbio e o Reno, tinham invadido a Europa, tinham passado pelo Estreito de Gibraltar, tinham entrado pela África e ameaçavam, de próximo em próximo, até a pequena cidade de Hipona onde luzia o seu grande talento episcopal.

Santo Agostinho, diante dessa ameaça de bárbaros de um lado; e, de outro – espetáculo muito do século XX, [de] uma civilização moralmente decadente e que cochilava, intoxicada sobre as próprias riquezas em que ela se viciara – Santo Agostinho fazia esta pergunta: o que seria do mundo – do mundo bárbaro como do mundo cristianizado dos romanos, o que seria de um e de outro mundo – se todo o mundo praticasse a lei de Deus, se fossem [todos] católicos, e não apenas os reis e os súditos? Católicos, mas como se deve ser católico e não apenas da boca para fora; católicos os mestres de alunos, católicos os pais e os filhos, católicos os que dirigem as tropas, católicos os que são os soldados das tropas, católicos os que cobram os impostos, católicos os que pagam os impostos, católicos os que possuem os bens, católicos os que cumprem o trabalho.

O que seria de uma civilização assim? E ele dá esta resposta, que é intuitiva para todos nós: Esta civilização alçaria rapidamente a plenitude de seu apogeu. Tudo quanto nas condições daquela época se poderia esperar do gênero humano, isto, o gênero humano daria.

Razão fácil de compreender. Os dez Mandamentos – explica-nos São Tomas de Aquino – os dez Mandamentos são a própria lei natural; são revelados por Deus para confirmar os homens nas incertezas de seu engenho. Os dez Mandamentos são os pontos fundamentais de toda a ordem que deve existir no mundo. Se o mundo cumprir os dez Mandamentos, ele terá paz, terá uma prosperidade – que não significará vício, mas significará glória – e caminhará para a sabedoria e para nobreza. Se o mundo abandonar esses dez Mandamentos, ele pode fazer tratados, pode construir instituições, ele pode jurar paz, ele pode descobrir elementos de união magníficos entre os homens – como são, por exemplo, as facilidades de comunicação –, ele pode fazer o que quiser, ele acabará se precipitando na voragem de todas as crises.

Porque o homem – ensina Santo Agostinho – não é capaz de amar outro homem. Ele só ama a Deus ou só ama a si mesmo. E só é capaz de amar outro homem quando ele ama outro homem por amor de Deus. Tirai o amor de Deus da Terra, vós tereis tirado os Mandamentos, da Terra. Tirai os Mandamentos da Terra, e a velha e surrada expressão de Lucano se tornará verdadeira: Homo homini lupus, o homem se transformará num lobo para outro homem. Não adianta falar nem de ONU nem de paz, num mundo onde o homem é um lobo para outro homem.

 

(Aplausos).

 

A guerra é a condição natural do homem egoísta que se choca com outro homem egoísta. E as maiores civilizações, no ambiente do egoísmo e do neopaganismo, servirão sobretudo para engendrar as maiores guerras. E é por isso que nós entramos no ciclo trágico das guerras mundiais: a primeira, a segunda e o espectro da terceira que ronda diante de nós.

Assim, portanto, o sacerdote nos aparece como aquele que ensina a religião, como aquele que guia as almas dos homens para o cumprimento dos Mandamentos, não apenas guia como um professor que emite um ensino estéril e sem vida, mas é exatamente como um sacerdote que é o que comunica a graça; que, por meio dos sacramentos – que estão principalmente nas suas mãos, e alguns exclusivamente nas suas mãos – por meio dos sacramentos sabe transmitir às almas a graça de Deus, de maneira que a inteligência se torna mais lúcida e serena, e estas verdades, de que nós vimos nos ocupando nesta noite, mais brilham aos olhos dos homens, tão fáceis de esquecer tudo quanto é sério, profundo e fundamental.

De outro lado, também a vontade humana tão fraca, tão acovardada, tão voltada para o seu interesse pessoal, recebe pela ação da graça um novo vigor: é uma vida que o sacerdote transmite; ele, que fala da vida eterna; ele, que encaminha uma certa família de almas para pensar exclusiva ou quase exclusivamente no Céu – ele se dirige a uma outra família e lhes faz essa promessa: vós também procurai o reino de Deus e sua justiça, e todas as coisas vos serão dadas por acréscimo.

É a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo: Sacerdos alter Christus. É a promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo que paira sobre todos os homens e que lhes diz: Recebei a vida sobrenatural que brota das mãos dos meus sacerdotes aos borbotões, e vós sereis capazes daquilo que não tereis força sem a graça. É a doutrina definida pela Igreja: que, sem o auxílio da graça, nenhum homem pode duravelmente praticar na sua integridade os Mandamentos, tão desproporcionada é a sublimidade deles com nossa miséria.

Esta é, meus caros, a grandeza do sacerdócio.

O sacerdote é o sal da terra, ele é a luz do mundo não só porque ele é o sal e a luz da Igreja, mas porque a Igreja é o sal e a luz da Civilização Cristã. Porque sem a Civilização Cristã, depois que Cristo veio à Terra, não há civilização possível: há barbárie, ou há Nosso Senhor Jesus Cristo. E Nosso Senhor Jesus Cristo se encontra junto ao sacerdote católico. Ao sacerdote católico e, portanto, de maneira supereminente, ao sacerdote que possui a plenitude do sacerdócio; ao sacerdote que tem    e isso é o que distingue, na esfera dos poderes de Ordem, o bispo do sacerdote: o bispo pode tudo quanto o sacerdote pode. Mas o bispo pode mais algo de imensamente nobre, de imensamente forte, de imensamente criativo, que o sacerdote não pode: o bispo pode fazer outros sacerdotes e pode encher a Terra de Levitas do Senhor.

Príncipe na sua diocese – para governar sob os auspícios do monarca único da Igreja Católica, que é o Papa – príncipe na sua diocese, pastor, ele tem o poder de jurisdição, ele tem o magistério. Pelo magistério ele ensina a lei, fora da qual tudo é descaminho. Pela ordem, ele distribui a vida, fora da qual tudo é morte. Ele, por esses dois poderes – de ordem e de jurisdição – o bispo domina, governa a sua diocese pelo poder de governo, pelo poder do império do bispo, ele combate o adversário, ele ergue o fraco, ele orienta o forte, ele conduz toda a grei para a realização de grandes feitos na Terra: os feitos da vida interior, os feitos da vida sobrenatural; os feitos depois dos quais brota a verdadeira civilização. E, por esta forma, nós podemos dizer: o bispo é o pastor de sua grei, a coluna, a alegria, a esperança da Terra.

 

(Aplausos).

 

Permita Vossa Excelência Reverendíssima, Sr. Dom Antônio de Castro Mayer, que, ao cabo dessa conferência e fazendo abstração das galas desta noite – num momento de intimidade que esta forma de convívio que Vossa Excelência aprecia mais do que todas as outras – num momento da intimidade, eu volte meus olhos retrospectivamente para o nosso longo convívio, nossa longa amizade, que data dos tempos em que vossa Excelência Reverendíssima – ao lado do Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Arcebispo de Niterói – exercia o ministério, no esplendor da juventude de ambos, na Paróquia de Santa Cecília, e em que, Sr. Dom Antônio de Castro Mayer, eu tivemos a alegria e a honra de o conhecer, em que começou aquela longa caminhada que, para a glória de Deus, para fortuna minha, por um favor de Nossa Senhora, me tem sido dado seguir até o momento, e – queira Deus – até o fim de meus dias, tendo a Vossa Excelência na frente como guia e orientador.

Seja-me permitido levar os meus olhos para aqueles tempos longínquos e evocar diante de minha retina não a figura do Príncipe da Igreja, célebre por seus feitos, por seu saber, por sua cultura, pela irradiação nacional e internacional de seu nome, cercado da veneração – e isto, meu caro Dom Mayer, é bem raro – da veneração até de muitos que não o compreendem, cercado até pela veneração destes.

Eu, no momento, quero abstrair disto. Eu quero me lembrar do sacerdote ainda novo, com vinte e poucos anos, que numerosos flashes me ficaram na retina, começava aparecer, a entrar dentro de minhas cogitações e de minha vida.

Eu vos vejo no esplendor de vossa juventude, com aquelas qualidades que marcam a plena maturidade de vossa pessoa. Era um sacerdote magro, ágil, vivaz, de olhos pretos rutilantes, cabelo cortado – segundo comumente se diz – à escovinha mas com uma peculiaridade interessante: que nascia para a frente e que parecia investir, sempre teso e ereto. Eu nunca o vi num momento assim nem curvado, nem com o corpo entregue, nem nada; mas teso e ereto, com o olhar sempre aceso; com a capacidade de entrar de chofre em qualquer tema e de, no tema, pegar o âmago do problema; e dentro do problema, dar a solução. Mas dá-la – e é a característica da forma e do talento dele – em duas ou três palavras vivas, rutilantes e despretensiosas, terminadas o mais das vezes por uma amável brincadeira que, não raras vezes, tinha um quê de um ligeiro beliscão.

É claro, à medida que eu descrevo aos srs. esse sacerdote, todos os srs. estão simpatizando, todos os srs. estão me invejando de o ter conhecido já nesses idos. À medida que eu descrevo esse sacerdote, é claro que os senhores vão perguntando se ele não tinha ainda outras características para encantar ao meu feitio de espírito, sempre muito propenso a observar; e a observar sobretudo aquilo que a natureza humana tem de mais magnífico, que é o homem; de mais interessante, que é o homem.

Uma vez eu estava na sacada da Junta Arquidiocesana da Ação Católica, no entrecruzar de duas ruas de muito movimento em São Paulo, quando de repente eu vejo apenas um chapéu de padre. Por debaixo, um corpinho pequeno – que eu não reconheci – e que atravessou em diagonal a rua de um lado para outro num passo assim. O trânsito se intimidou, e ele cortou. Foi para o outro lado e não percebeu o que é que ele fez.

Eu olhei e pensei: que padre, e que homem! Eu daqui a pouco preciso conhecer esse padre. Quem será? De repente ele faz um movimento de mãos e eu reconheço o meu caro padre Mayer. Então eu digo: “Eu não estranho; eu entendo, eu conheço, eu amo, eu admiro”.

Essa posição, estes predicados de alma, Dom Mayer os levou à sua maturidade ao longo de uma existência episcopal, que o verbo inflamado, eloqüente, atraente, encantador do senhor Arcebispo de Niterói retraçou já, para vossa consideração enlevada, durante os esplendores do pontifical de hoje; e que, ainda há pouco, um tão talentoso jornalista de vossa terra, de modo tão excelente, e entrecruzando e relacionando com outros astros da cultura nacional, apresentou mais uma vez à vossa consideração.

Não me é dado, meu caro Dom Mayer, acrescentar nada, nem em qualidade, nem em quantidade, a louvores tantos e tão merecidos. Mas é-me dado dizer, a respeito de Vossa Excelência, uma palavra. E essa palavra é a seguinte: com aquela rapidez de discernimento, com aquela segurança de juízo, com aquela firmeza de deliberação que em vós eu conheci já nos albores de nossa amizade; com aquela integridade de caráter por onde vós estáveis sempre presente – mas presente sobretudo nas horas mais difíceis, nas horas de abandono, nas horas de agonia; presente não apenas para consolar, mas para lutar com, para dirigir a luta, para tomar sobre o peito todos os dardos – Vossa Excelência, ascendendo ao episcopado, Vossa Excelência julgou uma situação, entendeu um problema, compreendeu um dever e – como o vinhateiro que entra no lagar para esmagar as uvas e se cobre do suco da uva, símbolo do sangue – vós entrastes em pleno sacrifício.

Vós compreendestes que era preciso que em meio a tanta gente que reza, a tanta gente que trabalha, houvesse um exímio na oração, ativo no trabalho, mas que chamasse sobre si um dos deveres mais duros, mais ingratos, mais próprios e característicos da auto-imolação que define, em certo sentido da palavra, o pontífice e a vítima; que é também, em certo sentido da palavra, o sacerdote-vítima; em certo sentido: pontífice.

[Verdadeiramente] vós compreendestes que era preciso dizer uma palavra curta, uma palavra rápida, uma palavra amarga, a palavra de nosso vocabulário da qual dizia o padre Vieira que era mais difícil de ser pronunciada embora tão simples, tão singela, tão harmônica; a palavra que ilustrou o pontificado de um Papa, cujo processo de canonização já está em andamento; a palavra que fez dele um dos homens mais populares do seu século, fez dele um dos maiores Papas de toda a História e, creio eu, espero eu, um dos grandes santos do calendário católico. A palavra que também foi a palavra martírio, foi a palavra que fez sangrar um Pastor de alma angélica, famoso por sua bondade incomparável: Eu acabo de me referir aos gloriosos Papas Pio IX e Pio X.

Pio IX, o grande lutador contra o Liberalismo, que, diante da maré montante do liberalismo que subia sob todas as formas, com todo o tipo de lisonjas, de ultrajes, de ataques frontais e de traições, ele se ergueu sozinho, como um gigante, e disse ao liberalismo: Non possumus. Eu não posso ceder, eu não posso recuar, eu não posso pactuar, eu não posso transigir, porque não há pacto, não há transigência, não há recuo quando se trata da luta entre a verdade e o erro, entre o bem e o mal, entre a Terra e o Inferno. Há uma incompatibilidade – diz São Luís Gringnion de Montfort – uma incompatibilidade feita por Deus; e, como todas as obras feitas por Deus são duráveis e magníficas, essa também o é: é a incompatibilidade entre os filhos da Virgem e os filhos da serpente. Non possumus, não podemos ceder.

E ainda há algum tempo atrás eu via, de um grande historiador leigo, este comentário a respeito do pontificado de Pio IX: “Pio IX não temeu ser impopular; ele enfrentou o poder da Revolução liberal, diante da qual tantos fugiam, e por isso ele foi mais heróico do que São Gregório VII, o Papa herói por excelência. Por isso ele fez recuar a Revolução e se tornou o homem mais poderoso e mais popular do seu tempo”.

São Pio X que, diante do neoliberalismo, do modernismo renascente, também ele disse NÃO, pela magnífica Encíclica Pascendi, em que ele destroçou com um só golpe a urdidura modernista.

Vós, Dom Antônio de Castro Mayer, vós fostes suscitado para ser a coluna e a muralha diante da arremetida deste tropel confuso de erros que vão desde as formas mais diluídas do progressismo, até as formas mais carregadas do comunismo. E vós chamastes a vós a tarefa de dizer um NÃO. Um NÃO completo, um NÃO total, um NÃO heróico, um NÃO que é um apelo à luta, um NÃO que é um apelo à vigilância, um NÃO que é um apelo à resistência, um NÃO que é o apelo à salvação.

 

(Aplausos)

 

Vosso nome se tornou célebre no Brasil e no mundo, veiculado pela admiração de todos os que dizem SIM para a obra de Deus, de todos também que têm a fortuna de vos compreender. Veiculado pela incompreensão e pelo murmúrio de todos os que não vos compreendem e dos quais tantos dizem NÃO para a obra de Deus.

Vós sois o varão, vós sois o pastor que por excelência – não único, mas por excelência – soube dizer, com coragem SIM aos que querem o sim, querem a construção, querem a virtude, querem a continuidade do progresso na linha da Tradição; SIM para os que querem manter de pé a obra da Civilização Cristã e levá-la para frente.

Vós fostes aquele que, por excelência, disse NÃO aos que querem o não, que querem a destruição, querem a ruína, querem a imoralidade, querem a corrupção; ou, levados por que não sei que diabólica confusão, talvez sem querer isto diretamente, entretanto para isto trabalham de um modo ou de outro; porque, se não empunham as armas do mal, abrem as porteiras para aqueles que empunham essas armas.

 O ter dito o SIM para o sim, o NÃO para o não, fará com que de vós se dirá: “Vós sois, por excelência, vós sois aquele que glorifica o Episcopado nacional”.

E aí está a presença augusta desse pastor tão culto, tão enérgico, tão sábio, Dom Antônio de Almeida Morais, para confirmar a presença de vossos irmãos neste ato. Vós fostes aquele de quem se pode dizer: Cumpriu o mandamento de Deus, cumpriu a palavra de Cristo – “Seja a vossa linguagem: sim, sim; não, não”. E se algum dia, Dom Mayer, se escrever um capítulo da História da Igreja no Brasil no Século XX, que chamará “Dom Antônio de Castro Mayer”, a meu ver, a epígrafe deverá ser esta: “Sim, sim; não, não!”.

Dom Mayer, minha amizade, minha admiração, minhas homenagens.

 

[Aplausos]

 

Notas:

 

(*) “D. António de Castro Mayer nasceu em Campinas, no Estado de São Paulo, em 20 de Junho de 1904. Formou-se em teologia na Universidade Gregoriana de Roma (1924-1927) onde foi ordenado Sacerdote em 30 de Outubro de 1927. Assistente Geral da Acção Católica de São Paulo (1940), depois Vigário geral da Arquidiocese (1942-1943), em 23 de Maio de 1948 foi sagrado Bispo e nomeado coadjutor, com direito de sucessão, do Bispo de Campos. Governou como Bispo a diocese de Campos até 1981. D. António rompeu com Plínio Corrêa de Oliveira e com a TFP em Dezembro de 1982. O facto tornou-se logo público (Folha da Tarde, 10 de Abril de 1984; Jornal do Brasil, 20 de Agosto de 1984) e liga-se à progressiva aproximação do ex-Bispo de Campos à posição de Mons. Marcel Lefebvre, culminando com a participação do mesmo D. António de Castro Mayer nas consagrações episcopais de Ecône em 30 de Junho de 1988, que o fizeram incorrer em excomunhão latae sententiae. Morreu em Campos em 25 de Abril de 1991” (cfr. “O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira”, Roberto de Mattei, Livraria Civilização Editora, Porto, 1997, Cap. II, 4 – Nota 47)

 

(**) Para assistir um vídeo de alguns minutos deste discurso, basta clicar em

http://pt.gloria.tv/?video=w5vzkp502b3hbypf0nvr 

ou

http://br.youtube.com/watch?v=6O3ce0mVBbo