16 de novembro de 1988

Entrevista à TVS sobre o filme blasfemo "A última tentação de Cristo"

Plinio Corrêa de Oliveira - O Sr. é um repórter muito moço heim? Que idade tem?

Repórter - 26. Nem tanto...

PCO - É? Qual é a idade habitual de um repórter?

R - Ultimamente a maioria é de jovens. Até mais jovens.

PCO - O Sr. é formado?

R - Sim.

PCO - Por que escola?

R - Em Brasília. Faculdade de Comunicação de lá. Inclusive, sem estar formado não se aceita não.

PCO - É, eu estava pensando nisso.

R - Só no nordeste. Mas aqui não.

PCO - Mas também eles tem uma tal facilidade de expressão, todos no nordeste, que não precisa muito estudo. Eles vão se lançando.

R - Nesse ponto sim, pessoal muito aberto.

PCO - É uma coisa fantástica. Nós tivemos aqui uma reunião de jovens, mais ou menos de todos os Estados do Brasil. Como os baianos, por exemplo, se sobressaíam, é uma coisa extraordinária. Eles faziam perguntas, eles mesmos respondem. Aquela facilidade de expressão e aquele charme baiano. E todo o nordeste mais ou menos participa disso.

(Um dos repórteres pede licença para colocar o microfone na lapela do prof. Plinio)

PCO - Para quê isso?

R - Um microfone.

PCO - Ah, para aumentar o som...

R - Fica mais bonito esteticamente...

PCO - Não tem dúvida.

R - Como a TFP vê, o que ela pensa do filme "A última tentação de Cristo"?

PCO - Ela vê o filme com sentimentos de indignação explicáveis. A TFP é uma organização cujos princípios se baseiam todos na doutrina social tradicional dos Papas. Portanto, na doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo. E essa série de blasfêmias irrogadas contra a pessoa Humana e Divina de Nosso Senhor Jesus Cristo não podem, portanto, deixar de indignar a TFP. Ela se associa por essa forma aos múltiplos protestos que têm sido levados a cabo contra o filme, e está na atitude de inteiro desacordo, e indignado desacordo em relação a ele.

R - Com relação à exibição do filme nos cinemas brasileiros, isso traz prejuízos para o telespectador?

PCO - Traz o prejuízo evidente que traz para todo o mundo o fato de ouvir uma coisa que não é verdade. O filme é radicalmente mentiroso, porque ele traz vários episódios para os quais não há nenhuma demonstração histórica, e que contrariam a arquitetura geral e moral da personalidade Divina e Humana de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, portanto, incutem no expectador uma série de impressões, a caminho de se tornarem convicções erradas e contrárias à verdade.

Se nós imaginássemos, num nível muitíssimo menos elevado, um filme que difama injustamente uma pessoa existente, viva por aí, evidentemente isso seria nocivo ao expectador que fica com uma idéia errada daquela pessoa que está sendo difamada. E assim também o expectador é gravemente prejudicado formando uma idéia errada de Nosso Senhor Jesus Cristo.

R - Agora, em termos práticos, a entidade vai tomar alguma medida contra a exibição do filme?

PCO - A entidade está em solidariedade com todos os que protestam, e tomará os protestos e as medidas que as circunstâncias forem indicando. É preciso notar que o filme a si próprio se desacredita em boa medida. Por exemplo, em Nova York foi lançado o filme. A TFP de Nova York lançou, aliás, um grande comunicado de página inteira no "New York Times" contra o filme. E a informação que temos é que logo no segundo ou terceiro dia, a freqüência ao filme, que nunca foi grande, caiu vertiginosamente. E o filme caiu na banalidade.

R - Está muito bem. Obrigado.