Legionário, N.º 225-5, 3 de janeiro de 1937

Um ano de Luta e de Vigília

O “Legionário” apresenta hoje aos seus leitores um quadro de suas atividades no ano dramático de 1936 [vide artigo “Nossos Editoriais”]. Na impossibilidade, por falta de espaço, de mencionar toda a matéria de caráter político por nós publicada, cingimo-nos ao segundo semestre do ano transacto.

Importantes acontecimentos assinalaram o ano de 1936. A guerra ítalo-etíope, a perseguição religiosa na Alemanha, a revolução espanhola, a poussée socialista na França, a crise dinástica na Inglaterra, a sucessão presidencial nos Estados Unidos,  as incessantes perturbações do Extremo Oriente, a revolução japonesa, a intensificação da propaganda comunista no mundo inteiro, a falência da Liga das Nações, a Conferência Pan-Americana da Paz, não deram um minuto de repouso à opinião pública, superexcitada.

As notícias veiculadas pela imprensa a este respeito, em que posição colocaram a Igreja?

Em posição péssima, porque a excluíram quase sistematicamente de suas cogitações, quando não a caluniaram.

Comentando sistematicamente os acontecimentos [ocorridos em 1936], o “Legionário” julga ter prestado à causa católica um serviço útil:

a) porque explicando sempre as atitudes assumidas pela Igreja, desfez impressões falsas e até injuriosas que se deduziam de notícias dos jornais, habilmente redigidas;

b) porque mostrando aos seus leitores quais os interesses religiosos empenhados em todas essas crises e a repercussão destas sobre a irradiação do apostolado católico, deu um curso completo de formação cívica, ensinando o nosso público a relacionar tudo, na vida social ou política, com os princípios morais ou sociais da Igreja.

Desintoxicar os leitores dos frutos da imprensa neutra, e dar-lhe informação cívica realmente católica, foi nosso constante escopo.

Assim, o “Legionário” já não é só uma escola de jornalismo, mas também de civismo.

Pode parecer que o “Legionário” se excedeu nas críticas, preferindo condenar o mal a louvar o bem. A impressão não é justa. Calamos muita censura, por amor à paz. Examinamos com microscópio os acontecimentos de 1936, para encontrar neles algo que elogiar. E foi quase improfícua a pesquisa.

Se algum leitor, mais feliz do que Diógenes, sabe de algo de bom que nos tenha escapado, diga-o, para que lhe demos o nosso aplauso.

Infelizmente, porém, duvidamos que isto se dê.