Legionário, N.º 228, 24 de janeiro de 1937

Sete dias em Revista

A França foi teatro, há dias, de um espetáculo que deve ter provocado profundas reflexões no Sr. Blum e na sua seqüela comunista. Quinhentos mil operários católicos se reuniram em Paris, para ouvir a palavra do Cardeal Verdier, a respeito da questão social e da atitude que, perante ela, devem assumir os trabalhadores católicos.

Não se trata aí de uma estatística vaga, computando com pouco rigor uma massa heterogênea e amorfa, corrida para assistir a uma solenidade religiosa.

Os mencionados operários fazem parte, todos eles, da Congregação Nacional de Operários Cristãos. Estão todos registrados, matriculados, fichados na Confederação.

Um grande exército operário, como este, disposto a respeitar a ordem social, e a fazer dentro da ordem as suas reivindicações justas é, para a civilização, uma esplêndida garantia de estabilidade.

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Não é só o operariado que, na França, reage contra a ameaça comunista. O General Gamelin, que é uma das figuras de maior prestígio no Exército Francês, fez em Metz um brilhante discurso em que, diagnosticando o mal de que a França padece, e que a atirou às beiras do comunismo, apontou como causa última a sede de prazeres materiais. Como remédio supremo, o General Gamelin indicou a Fé.

Multiplicam-se, na França leiga, os discursos de militares de relevo, afirmando seus princípios cristãos e disciplinadores.

E, ao que parece, a argúcia (...) do “Camarada” Blum já percebeu que não lhe será fácil levar, como desejava, a França à sepultura. (...)

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Inscreveram-se na Liga dos Sem Deus, recentemente, Litvinoff, e os embaixadores soviéticos em Londres, Paris, Roma, Stockolm e Madri. A esses ilustres membros, a “Liga” conferiu condecorações.

Confere.

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No Palácio da Justiça de Bremem, figurava, em alto relevo, uma tábua em que estavam inscritos os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

Recentemente, a tábua foi suprimida.

Também confere.

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A despeito de seus pruridos democráticos que confinam com o comunismo, o hitlerismo não deixa de favorecer os grandes plutocratas.

O grande industrial Flick doou a Hitler seu castelo, avaliado em dez milhões de marcos. A razão do donativo está em que, desde o advento do hitlerismo, dobrou sua fortuna. Restaria saber se ele também dobrou o salário de seus operários.

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Recentemente, um tribunal alemão proferiu uma sentença ultra-burguesa.

Trata-se do seguinte: em 1694, o Duque Georg Wilheim ordenou que todas as compras e vendas de imóveis fossem taxadas com uma soma insignificante, em benefício de um asilo.

Até agora, em Cele, era observada esta prescrição.

No entanto, um Banco (logo um Banco!) recusou-se, agora, a pagar essa taxa, por uma transação imobiliária que fez. Tinha de pagar 40 marcos ao asilo. Mas, considerando retrógrada (!) essa exigência, recusou-se a fazer o pagamento.

E o tribunal lhe deu ganho de causa.

Também isto, confere.

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Um telegrama da Polônia informa que foram presos, em 1936, dez mil e setecentos comunistas.

E ainda há quem ache que o Brasil não pode conservar, por mais alguns anos, sob salutar custódia, os comunistas presos no Rio, que em hipótese nenhuma, são mais de quinhentos!

Na Polônia, há lugar para prisões que abriguem dez mil presos. No Brasil, que terá uma extensão talvez vinte vezes maior, não há lugar para uns poucos de prisioneiros!