Plinio Corrêa de Oliveira

 

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O Legionário, N.º 152, 19 de agosto de 1934

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Não sei quem mais teve a lucrar e a quem mais honrou a belíssima circular de Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo Metropolitano, ao clero de sua Arquidiocese.

Indiscutivelmente, reconforta a leitura daqueles períodos de uma elegância clássica na forma e de uma energia militar no fundo, em que o Arcebispo de São Paulo, nesta hora de tremendas responsabilidades, apontou ao clero e, indiretamente, aos católicos o caminho do dever.

Estamos em uma situação confusa em que todo mundo foge de se definir, à espera de que clareiem os horizontes, para permitir amanhã, aos tímidos, um acesso seguro aos banquetes do Poder.

Precisamente neste momento, Dom Duarte Leopoldo define sua atitude com uma precisão de aço, desdenhando altivamente um lugar que lhe pudesse caber à mesa da vitória.

Antes de tudo, é o Pastor que aparece a indicar, ora com energia de um chefe, ora com a suavidade de um Pai, a posição desapaixonada e superior que os Ministros de Deus devem aceitar como consequência inelutável do caráter espiritual da sua missão.

Em segundo lugar, vemos o observador profundo a perscrutar até seu íntimo as condições particularíssimas do atual momento paulista, para mostrar a premência com que as circunstâncias reclamam do Clero Paulista aquela superioridade de vistas, aquele desinteresse completo, aquele domínio integral sobre as suas paixões, ainda quando inspiradas pelo mais nobre ardor cívico, para fazer falar apenas o sacerdote, comunicando aos corações feridos pela luta o bálsamo da paz e da caridade cristã.

Honra, porém, e sobremaneira, ao seu clero, um Arcebispo que ousa reclamar dele uma conduta tão elevada e que não se arreceia em declarar de público a sua posição, tal a certeza que tem de que será obedecido.

É provável que durante os longos anos de Episcopado de Dom Duarte Leopoldo, tenha ele tido oportunidade para dar ao seu clero as mais honrosas provas de sua confiança. No entanto, nenhuma foi tão solene, nenhuma tão cabal, nenhuma tão estupendamente expressiva quanto a da divulgação da sua circular.

Realmente, não se destinava ela à publicidade. No entanto, é certo que às vistas argutas e onipotentes da imprensa não escapara documento de tão excepcional valia. E o Arcebispo afrontou a possibilidade de uma publicidade, confiou ao papel aquilo que poderia dizer em uma simples reunião de Vigários e cortou implicitamente a sua retirada, pela absoluta certeza de que seria obedecido.

Se a circular de Dom Duarte Leopoldo honrou quem a escreveu e serviu para confirmar ainda uma vez as qualidades de tato, superior visão dos acontecimentos, e profunda dedicação à Igreja de nosso Arcebispo, ela honrou de modo não menos sensível o clero a que se dirigiu. E honrando a uns e outros, ela honrou o próprio Estado de São Paulo.

Feliz o Estado que tem à sua frente um tal chefe e tais Pastores!


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