Equipes

 

“O Legionário”, N.º 178, 18 de agosto de 1935

 

Foi com prazer e o afeto de sempre que lemos o último número de “Vida“, o excelente órgão da Ação Universitária Católica do Rio de Janeiro. Efetivamente, prazer pode causar a leitura daquele órgão universitário que, na vida real e intensa que anima todas as suas páginas, justifica plenamente o nome que tem.

Quer nos parecer, no entanto, que a publicação de um número daquela revista especialmente dedicada às equipes sociais, e isto logo após a publicação de uma entrevista a “O Legionário”, em que o Prof. Van Acker teceu alguns comentários restritivos sobre as equipes, revela um certo ressentimento por parte da ardorosa juventude universitária do Rio. Neste terreno, a regra “post hoc ergo propter hoc” [depois disto, logo por causa disto] é imensamente menos falha do que em qualquer outro.

Julga “O Legionário” seu dever declarar algo a respeito.

A questão da oportunidade do movimento equipista, no Rio de Janeiro, nunca foi, por nós, discutida, pois que a este respeito emitiram seu juízo S. Ema o Sr. Cardeal Arcebispo e o ilustre “leader” católico Tristão de Ataíde, que “O Legionário” se honra de contar entre os seus amigos.

Apenas quando se tratou da ramificação de tal movimento em São Paulo, certos elementos de nosso laicato católico entenderam que seria inoportuno que os esforços dos Congregados Marianos, todos absorvidos em obras de mero apostolado e Ação Católica (obras algumas florescentes entre o elemento operário como as numerosas e bem organizadas Congregações operárias, inúmeras Conferências Vicentinas e o C.O.C.M. em que trabalham diversos congregados marianos) para aplicá-los em atividade certamente muito louvável em si mas que, exatamente pelo fato de não serem ação católicana própriaVidaque lemos esta leal declaração) viriam constituir uma dispersão de esforços em relação ao movimento mariano que se desenvolvia em São Paulo, de forma radicalmente diversa do Rio de Janeiro, e cuja expansão rapidíssima absorvia os esforços de todos os congregados.

Assim pensaram o Rev.mo Pe. Irineu Cursino De Moura, diretor da F.M., o Rev.mo Mons. Ernesto de Paula, Vigário Geral e o Ex.mo Rev.mo Sr. Arcebispo Metropolitano.

A ninguém ocorreu de censurar o excelente movimento equipista que com tanto êxito vem sendo orientado pelos Padres Dominicanos na França.

Todas as opiniões versavam apenas sobre a radical inoportunidade dessa medida em São Paulo.

Para corroborar opiniões tão valiosas quis o Sr. Prof. Leonardo Van Acker incluir algumas palavras sobre o assunto, em entrevista concedida a “O Legionário“ sobre ação operária.

Nenhuma intenção tivemos, portanto, de atingir o movimento equipista do Rio de Janeiro, cujos membros nos merecem a mais afetuosa e fraternal amizade.

Todos os aucistas do Rio de Janeiro tem nos colaboradores desta folha irmãos devotados que lhes dedicam uma estima e lhes tributam uma solidariedade total que sabemos ser abundantemente retribuída.

Aliás S. Ex.a Rev.ma o Sr. D. José Gaspar de Affonseca e Silva deu à questão uma luminosa solução, determinando que mutatis mutandis, se organizassem em São Paulo, associações estritamente de ação católica, que, feitas as alterações exigidas pelo seu caráter ostensivamente confessional, adotassem quanto possível os métodos de ação das equipes.

Com essa pequena explicação, temos em vista tão somente estreitar ainda mais os laços individuais que nos unem em Jesus Cristo aos nossos irmãos do Rio de Janeiro.