Legionário, N.º 237, 28 de março de 1937

Sete dias em Revista

De uma nota do Sr. Plinio Barreto no “Estado de São Paulo”, destacamos o seguinte trecho: “A república de hoje é, no final das contas, a mesma coisa que a república anterior a 1930? Não é sem sobressaltos que formulamos essa interrogação e não é sem angustia que aguardamos a reposta que a elas os fatos darão. Tanta coisa estranha temos contemplado nestes últimos tempos no cenário político, que já vamos sentindo, dentro em nós, vacilar a fé na sinceridade e na pureza dos ideais políticos de muitos revolucionários de 1930 e no poder de renovação de princípios e costumes dos nossos mais graduados pregadores da democracia. O interesse individual continua, como outrora, a ser o motivo determinante dos acontecimentos políticos de quase todas as atitudes que os políticos assumem?

“A essa crítica, infelizmente, nem todas as intervenções, ultimamente decretadas, poderão escapar. O que nelas, em geral, predomina é menos o interesse público que o interesse político de certos grupos ou indivíduos”.

É o que já temos dito. O mal do Brasil é moral. Em 30, o elemento liberal procurou dar-lhe um remédio político. Fracassou. E como eles fracassarão todos os que quiserem resolver por via meramente política a crise brasileira.

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Telegramas provenientes da Polônia informam que foi proibida a qualquer cidadão não católico a prática do comércio de objetos religiosos destinados ao culto católico.

Essa notícia nos sugeriu a reflexão de que também no Brasil a regulamentação desse comércio seria muito desejável.

Basta ir à Aparecida, e ver os abusos que o comércio local pratica, a despeito da oposição do Rev.mo Vigário, para que qualquer pessoa se persuada disto.

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Guilherme de Almeida, cujas notas na seção social do “Estado” não primam pela profundeza de conceitos, fez há dias uma pequena nota que é uma curiosa página de sociologia.

Apontou ele como índice da decadência da bondade em nossos dias, a substituição do “bom dia, boa tarde, boa noite”, pelas saudações: Alô ilustre, sim senhor”, etc. etc.

Mas qual a causa dessa decadência da bondade? Não reconhecerá o ilustre escritor que ela reside na geral paganização do povo?

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Para os ingênuos que pensam que o comunismo está em vias de ser debelado no Brasil, o Jornal do Comércio do Recife dá uma notícia muito importante.

Segundo nos informa o referido jornal, os comunistas costumam reunir-se periodicamente na pequena cidade de S. Salvador, na República Argentina, a fim de concertar melhor os seus planos de subversão no Brasil, na Argentina, no Paraguai e no Uruguai.

Tratando-se de uma cidade pequena, para a qual não estão habitualmente voltadas as vistas da polícia e dos jornais, o lugar é excepcionalmente favorável para a instalação disfarçada de uma pequena tcheka americana.

É preciso, pois, uma reação. Não pela promulgação de novas leis. Mas pela aplicação regular e eficiente das leis já existentes, o que, infelizmente, não tem sucedido.

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Foi fechado o presídio do Paraíso, nesta Capital, onde estavam detidos os prisioneiros políticos.