Legionário, N.º 276, 26 de dezembro de 1937

7 DIAS EM REVISTA

Parece-nos absolutamente razoável a deliberação tomada pelo Sr. Chefe da Polícia de Porto Alegre, proibindo as atividades do Partido Nazista que estava funcionando naquela Capital.

Para justificar este ato, sobram as razões. Mencionaremos apenas as duas mais concludentes.

Em primeiro lugar, cumpre observar que não tem sentido a arregimentação de alemães residentes no Brasil em torno de uma bandeira partidária desfraldada na Alemanha. De duas, uma: ou o nazismo deseja expandir-se no Brasil, ou não deseja. No primeiro caso, as formações nazistas daqui devem ser dissolvidas por atentatórias da civilização nacional e dos fundamentos católicos, apostólicos, romanos de nossa civilização. No segundo caso, também devem ser dissolvidos por totalmente inúteis, pois que não se compreende que se queira fazer no Brasil a propaganda de uma ideologia que não quer, não pode e não deve medrar aqui.

Em segundo lugar, se foram dissolvidas todas as correntes políticas nacionais, não se compreende que só os estrangeiros gozem do privilégio de manter aqui partidos políticos.

Achamos, pois, que todos os brasileiros patriotas devem bater palmas à atitude do Sr. Chefe de Polícia de Porto Alegre. E não apenas os brasileiros. Também os estrangeiros deveriam regozijar-se, porque os partidos europeus aqui instalados poderiam ser para eles fontes de atritos incessantes com nossas autoridades, sem nenhuma vantagem para as colônias aqui domiciliadas.

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Compreenderão isto os estrangeiros residentes no Brasil?

Graças a Deus, podemos afirmar que sim. Com grande satisfação, lemos por exemplo o seguinte telegrama que o “Estado de São Paulo” publicou no dia 16 pp.

O Núcleo da Juventude Teuto-Brasileira de Curitiba desligou-se espontaneamente da União da Juventude Teuto-Brasileira. O Sr. Heins Buerger, chefe do Núcleo de Curitiba transmite o seguinte telegrama ao Sr. Hans Neubert, de Porto Alegre: ‘Em face da campanha nacionalista encetada neste Estado e com a qual nós brasileiros de origem alemã estamos de pleno acordo, dado o espírito de justiça que a preside, comunicamos nesta data que nos consideramos desligados da União da Juventude Teuto-Brasileira, uma vez que essa entidade, ora em funcionamento no território nacional, será dissolvida no interesse da ação de nacionalização que se processa’”.

Prova ele exuberantemente a retidão de intenções da melhor parte da laboriosa e esplendida colônia alemã no Brasil.

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(...) Causou agradável impressão no elemento católico de São Paulo a visita que o Ex.mo Sr. Comandante da II Região Militar, acompanhado de numerosa oficialidade, fez às obras da Catedral, onde os ilustres visitantes foram fidalgamente acolhidos por S. Ex.a Rev.ma o Sr. Arcebispo Metropolitano.

Manifestando seu interesse pela grande obra artística que o espírito de Fé dos paulistas está erguendo no centro da Cidade, S. Ex.a mostra compreender o espírito essencialmente católico do povo paulista que, muito mais do que de suas altas chaminés e de seus grandes arranha-céus, se orgulha do monumento de granito que está surgindo no coração da Paulicéa em homenagem a seu Patrono.

Ao retirar-se, o Sr. General Deschamps Cavalcanti exprimiu sua convicção de que as obras da Catedral, ainda mesmo consideradas sob um ponto de vista rigorosamente neutro, mereceriam inteiro apoio das autoridades, pelo seu altíssimo valor artístico e estimativo.

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O Sr. Interventor Federal em S. Salvador isentou de impostos a aquisição de um terreno para a construção do Seminário Central da Bahia.

Esta notícia faz-nos lembrar que, se há um assunto mal regulado e fecundo em dúvidas e dificuldades na legislação paulista, esse assunto é a isenção de impostos estaduais e municipais em relação a obras religiosas e beneficentes.

Nas vésperas das eleições de 34, o Sr. Armando Salles de Oliveira baixou, a este respeito, um decreto claro e oportuno. Mas sobreveio a Constituição estadual, pouco depois seguida pela Lei Orgânica dos Municípios, tudo se anarquizou.

Se o Estado e o Município da Capital fossem cobrar os impostos ora devidos pelos estabelecimentos de caridade, talvez a maior parte deles se fecharia. O certo é que estão quase todos ameaçados com executivos que não podem pagar.

É de se desejar que um decreto venha por cobro a esta situação realmente aflitiva.