Legionário, N.º 388, 18 de fevereiro de 1940

7 DIAS EM REVISTA

De “Pro Ecclesia”, o magnífico boletim editado no Rio pelo Secretário Nacional de Defesa da Fé, transcrevemos a seguinte notícia:

“Deve inaugurar-se, por estes dias, no bairro de Fátima, nesta Capital, o templo da Igreja da Nova Jerusalém (seita swedenborguina). É seu pastor-chefe o Ex.mo. Sr. Geraldo Rer.mo João Mendonça Lima, ministro da Viação.”

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A imprensa do Rio já poude fazer o cômputo sinistro das conseqüências do carnaval. Assim, na quarta-feira de cinzas os jornais publicaram nada menos de 3 suicídios, um assassinato e duas tentativas de assassinato decorrentes dos festejos de momo. O movimento de assistência foi enorme. Registraram-se 1818 casos entre acidentes, agressões, alcoolismo, atropelamentos de auto, desastre de bondes, intoxicação alimentar, suicídios etc. Somente no posto central e nos postos de emergência instalados no Teatro Municipal e avenidas, o número dos casos de socorro subiu a 1.086. No Méier servidos os subúrbios da Central até Cascadura, foram socorridas 650 pessoas. O hospital Miguel Couto, que serve a zona sul, atendeu 183 pessoas. Outras casas de saúde de bairro, respectivamente hospital Getúlio Vargas e Carlos Chagas, atenderam 171 e 52 pessoas. Elevou-se a 200 o numero de crianças perdidas.

Realmente, vale muito a pena que as autoridades públicas despendam vultosas somas para chegar a estes resultados!

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O “Legionário” não tem, a propósito do recente tratado teuto-russo, que veio reforçar o pacto “Ribbentrop-Molotoff”, uma palavra sequer a acrescentar ao que já escreveu. Está na lógica das idéias e dos fatos, esta aliança. Só os míopes não a souberam prever, iludindo-se puerilmente com o vozerio anticomunista do sr. Hitler.

A verdade é que sempre houve dois extremos, no mundo contemporâneo, a Igreja e o comunismo auto totalitário. Quem combate a Igreja é, voluntariamente ou não, partidário do totalitarismo absoluto pregado por Marx. Hitler, atacando a Igreja, caminhou decididamente para o totalitarismo absoluto, no qual hoje em dia se encontra. E não caminhou involuntariamente.

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Outro país onde muito se tem falado e escrito contra o comunismo é a Itália fascista. Seria, pois, de esperar que os altos círculos fascistas, reputando-se vilmente traídos pelo nazismo com a assinatura do pacto anti-komintern estivessem atualmente rugindo de indignação, e empenhando-se em declarar aos quatro ventos que os laços entre a Itália fascista e a Alemanha russófila estavam rotos. E isto com tanto maior coerência quanto a Itália não cessa, mesmo depois do tratado de “Ribbentrop-Molotoff”, de proclamar as convicções anticomunistas do governo fascista.

Pode-se, pois, imaginar a surpresa de muitos leitores verificando não ter constado entre nós um único protesto da imprensa fascista contra o novo tratado, e, pelo contrário, terem os jornais italianos elogiado esse novo laço que a diplomacia totalitária constituiu entre a Rússia e a Alemanha.

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Por ocasião do 1º aniversario do falecimento do glorioso Pontífice Pio XI, os milaneses organizaram uma peregrinação para visitar o túmulo do Papa falecido, e essa peregrinação foi em seguida ao Vaticano, onde Pio XII lhes concedeu audiência.

Nessa ocasião, Sua Santidade, depois de elogiar o pacto de Latrão, referiu-se a Santo Ambrósio, Arcebispo de Milão, cujo 16º aniversário brevemente se celebrará, e acrescentou expressivamente: “Santo Ambrósio soube olhar de frente aos Césares, quando se tratava da defesa dos direitos da Fé e da Moral. Este Santo constitui um modelo de virtude e de piedade para a sociedade moderna, e para a mocidade atual, batidas pelos ventos do paganismo.”

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A atitude francamente favorável à Finlândia, que esta folha vem mantendo, recebeu uma augusta confirmação com as declarações que S. Em. o Cardeal Dougherty, Arcebispo de Filadélfia, atualmente de passagem pelo Rio, fez sobre o assunto, à imprensa. Solicitada a opinião de S. Ema, pelos repórteres, sobre a guerra russo-finlandeza, disse S. Ema. que “todo o mundo vê com simpatia a causa da Finlândia. É a luta de repulsa contra o comunismo invasor”.