Legionário, N.º 566, 13 de junho de 1943

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Combatendo insistentemente o nazismo, o “Legionário” apontou sempre, e continua a apontar, o mal mais premente e grave a que a humanidade está exposta. Entretanto, nem por isto deixamos de frisar constantemente, e com todo o vigor, que o comunismo, perigo momentaneamente mais remoto, também é um inimigo capital da civilização católica, pelo que deve ser combatido sem tréguas nem quartel. E agora, quando os feitos de armas das Nações Unidas fizeram recuar a ameaça nazista, e prometem a definitiva debelação do mal em futuro não distante, é tempo e muito tempo que nos volvamos para o comunismo, dispostos a enfrentá-lo com rijeza e vigor maior.

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A propaganda comunista, antes da atual conflagração, se fazia sob uma forma nova e especialmente eficaz: a dos "fronts populaires", de rótulo anti-fascista genérico, que tendiam englobar em um só movimento todos os adversários do nazismo ou do fascismo, quaisquer que fossem suas tendências ideológicas, e abrangendo todas as gamas da opinião pública, desde os católicos até os militantes ateus mais declarados, desde os monarquistas tradicionalistas mais convictos, até os mais descabelados petroleiros. Na França, sobretudo, a manobra surtiu extraordinário êxito, e se exprimiu por duas manifestações agudas: a ascensão do "front populaire" ao poder, com o governo Leon Blum e a "politique de la main tendue", que devia significar a coordenação dos esforços do operariado católico e do bolchevista contra o nazismo.

O problema da "main tendue" causou nos meios católicos fundas divisões. Finalmente, a Santa Sé disse a palavra decisiva: não é lícito aos católicos colaborarem com os comunistas.

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Este rijo golpe do grande e santo Pio XI, bem como posteriormente a guerra, interromperam a manobra. Era ela, entretanto, sumamente hábil, pois que consistia em destruir as barreiras que devem existir entre católicos e comunistas, tornando todos os católicos presas fáceis de um movimento suspeitíssimo como o dos "fronts populaires", e instilando-lhes o veneno do igualitarismo anárquico do bolchevismo, segundo processo homeopático eficacíssimo.

Agora, a manobra renasce. O "Camarada Stalin" já insinuou em sua carta à Agência "Reuters" que deposita as maiores esperanças nos grandes movimentos ideológicos de sentido igualitário e nivelador que em todos os países aliados lentamente se organizam. E, com isto, mostrou claramente que a Rússia espera intensificar seu movimento confusionista, criando novas e vastas "frentes populares" no mundo inteiro. Simplesmente, para melhor iludir, já não se limita a ocultar o caráter bolchevista destas "frentes": vai mais longe. Oculta a existência da III Internacional. E ilude assim os incautos, cujo número é infinito segundo diz a Escritura: "stultorum infinitus est numerus".

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O comunismo era uma heresia declarada. Ao menos sob este ponto de vista não era tão nocivo. Agora, no único ponto em que podia piorar coisa tão péssima, piorou o comunismo. Também ele diz hoje em dia: "não existo".