Legionário, N.º 799, 30 de novembro de 1947

7 Dias em Revista

Nesta semana toda ela consagrada à cassação dos mandatos, o LEGIONÁRIO não pode deixar de manifestar mais uma vez sua pública aprovação a estas medidas. Se outras razões não houvesse, bastaria que olhássemos para a crise tremenda que o Partido Comunista está provocando  na Itália e na França, bastaria que lembrássemos a identidade de objetivos e métodos dos comunistas no mundo inteiro, bastaria que argumentássemos com a submissão dos comunistas brasileiros a Moscou, expressamente declarada em nosso Congresso pelo ex-capitão Prestes, para que compreendêssemos em toda a sua extensão o risco que o comunismo faz correr o Brasil.

Somos afeitos à política das cartas sobre a mesa. Ainda que os comunistas constituíssem a maioria do eleitorado, julgaríamos um dever o fechamento de seu partido, porque não adotamos a doutrina revolucionária de Rousseau a respeito do sufrágio universal. No Brasil acresce que os comunistas são uma minoria turbulenta e ativa, cuja atuação constitui um risco permanente para a maioria. E, se a maioria não se quiser deixar dominar, o único remédio consiste em extirpar o câncer.

Na Itália e na França, também está demonstrado, pelo resultado das eleições que os comunistas são minoria. Contudo, esta minoria vai arrastando aqueles países para o abismo da guerra civil, quiçá, para a guerra mundial.

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Na França, o governo ordenou o fechamento de um centro de russos foragidos que tramava a revolução social. A legação soviética se indignou com o fato e publicou pelos jornais um comunicado em que procurava inocentar tal associação, o que bem prova quanto ela era simpática ao governo russo, e, portanto, quanto fora sagaz o ato pelo qual o governo francês a dissolveu.

Procurando mostrar a inocuidade dessa organização, a legação soviética deu como argumento que a igreja cismática de Paris estava com esta em íntima ligação.

Para nós, tal ligação não demonstra que a organização dissolvida pelo governo francês era inócua. Demonstra, pelo contrário, que a igreja cismática de Paris é manobrada por Moscou, o que aliás acontece hoje em dia com quase todas as igrejas cismáticas russas do mundo. Importante consideração para nós que temos, nesta cidade, um núcleo de cismáticos movimentado e ativo.

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Na Itália, informa um articulista do "Estado de São Paulo", os sentimentos monárquicos estão se reacendendo de tal maneira, que quando um jornal está com tiragem baixa publica uma edição com fotografias coloridas do Rei Umberto e de sua família: o povo compra em quantidade estas fotografias para as colocar em molduras nas paredes. Isto sucede até em lares onde, por ocasião do plebiscito, se votou a favor da república.

Tínhamos razão ou não, quando afirmávamos que a abolição da monarquia na Itália foi um erro gravíssimo?