A CAVALARIA NÃO MORRE

CAPÍTULO I


Entre o sonho e o sono...
A HISTÓRIA É, na alma dos
homens, um movimento pendular entre o sono e o sonho.
Na História dos povos, há horas em que o sono toma a dianteira sobre o sonho,
e outras em que o sonho
(1)
se avantaja.
Os sonhos e
as aspirações são
a força motriz
da História.
Modificando-se a engrenagem das aspirações, modifica-se o curso da História.
Todas as nações caminham para a idéia de um estado perfeito, de uma sociedade
perfeita, de uma ordem de coisas perfeita: é a Cidade Perfeita
(2)
como diziam os antigos.
O Paraíso que se foi
O paraíso [terrestre]
era a participação de todos na semelhança de Deus.
Era o gênero humano, a cada passo, ir destilando mais famílias, mais nações, mais regiões, mais belezas, mais
arquitetonias *, mais esplendores.
* As palavras com asterisco são explicadas no
Glossário.
Era ir caminhando
de ogiva em ogiva,
de vitral em vitral
e de órgão em órgão,
até um ponto que
não se sabe imaginar.
Era esse andar consonante, rumo a uma santidade sempre maior, sempre maior,
até a glorificação final.
Poder lutar é outro Paraíso
O homem, passando para
a Terra, perdeu tudo quanto perdeu, mas em certo sentido ganhou algo.
É que a luta se tornou para ele muito mais dura, e na possibilidade dessa
luta se encerra muito mais sofrimento.
No ápice dessa luta
está o Verbo de Deus,
que morreu por nós
e nos resgatou:
luta das lutas,
tragédia das tragédias,
sublimidade das
sublimidades.
Oh! felix culpa!(3)
A Humanidade recebeu a batalha, e a guerra, e a oposição, e a inconformidade.
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No grêmio da Santa Igreja floresceram várias Ordens religiosas combatentes.
No desenho, da esquerda para a direita:
Ordem do Santo Sepulcro, Ordem
de Malta, Ordem do Templo, Ordem de Santiago de Espada e Ordem Teutônica.
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A Terra deve lembrar o Paraíso
O HOMEM, criado para o
paraíso terrestre, e para um estado de integridade que perdeu em razão do
pecado, sente, no mais profundo de si mesmo, uma viva apetência para essas
condições, das quais, segundo o plano divino, jamais se deveria ter afastado.
A tendência para o que genericamente poderíamos chamar, talvez com alguma
impropriedade, o paradisíaco *, palpita, pois, como uma força estuante e
insopitável, no fundo de cada homem.
Essa força nele se faz sentir, a todo momento, se bem que em graus e formas
diversas, e se mescla, ora consciente ora inconscientemente, em tudo quanto ele apetece, pensa ou quer.
Orientada pela Fé, elevada pela graça, desenvolvida segundo as normas da
moral católica, essa apetência do paradisíaco* constitui uma força
indispensável e fundamental para a dignificação do homem em todos os seus
aspectos.
Ela o convida a elevar e modelar sua alma e a melhorar quanto possível as
condições de sua existência terrena, e sobretudo ela o convida a aspirar ao Céu
e a nele pensar com freqüência.
A Cristandade deve
ser toda pailletée
(4) de
céu e de paraíso, e nisso
o homem deve encontrar
estímulo para amar a Igreja.
 |
Reprodução fotográfica de um pedaço de tecido pailleté. Dizia Plinio Corrêa de Oliveira que "a Cristandade deve ser toda
pailletée de céu e de paraíso". A comparação é extremamente feliz, pois esse
tipo de tecido tem, de mistura com sua trama, pedaços de uma substância metálica
que resplandecem de forma opalescente aqui e acolá. Analogamente,
esplendores paradisíacos deveriam se fazer ver nas realidades terrenas, como o
pailleté faísca no tecido comum.
Nossas Figuras:
Paramento de Santa Maria Del Fiori - Florença - Brocado de seda, ouro e
prata ( Brocado do Lísio restaurado de acordo com o original de c. 1730 ) |
 |
Não se trata de restaurar o paraíso — isto cheiraria a milenarismo
(5) —
mas de criar uma ordem de coisas tendente a algo que, tanto quanto possível,
corresponda a um certo desejo do paradisíaco* que há em nós.
A vida continuará um vale de lágrimas.
Que algo desta luz ilumine aqui e ali esse vale de lágrimas, que algo dessa
brisa lhe dê perfumes, é o ponto de partida para um verdadeiro programa católico
de ação
(6).
Um mundo de sonho
A
História
é o caminhar da Criação para
realizar em si a perfeição à qual foi destinada.
É certo que na ordem tendencial o homem, antes do pecado original, tinha um
universo de tendências retas; depois da queda, muitas dessas tendências
permaneceram, levando-o a aspirar coisas análogas às do paraíso, de sorte que
ficou no homem uma nostalgia do paradisíaco *, não só do paraíso celeste,
mas também de uma vida terrena com uma nota paradisíaca
(7).
Como paradisíaco *, não entendo apenas o delicioso, nem principalmente
o delicioso; mas é a coisa esplendidamente ornada, ordenada, verdadeira, boa e
bela, segundo as exigências da ordem natural das coisas, criada por Deus para a
própria glória dEle, e por causa disso sumamente semelhante a Deus dentro da
esfera própria.
A arqui-língua
F oi um sonho, mas foi um sonho
maldito, a torre de Babel.
 |
Valkenborch - A Torre de Babel |
Sou levado a achar que, com a confusão das línguas na torre de Babel, algo da
mente humana se rebaixou: o homem ficou menos inteligente, menos capaz, perdeu o
domínio da arqui-língua, que exprimiria tudo, que diria tudo, com matizes nem
sei quais, com a graça grega,a precisão latina, os matizes franceses, a
vivacidade alemã, os sons portugueses, o timbre castelhano, o cantante italiano,
e daí para fora.
Eu tenho a impressão de que as línguas de hoje nem sequer são o
'patois'
(8)
da língua pré-Babel, e que houve uma queda no padrão humano.
O sonho da Cristandade
C omo que de repente aparece,
delimitado em relação aos parentes mais próximos — e às vezes, até, já de punhal
contra eles — um povo. Diz: "eu não sou as minhas raízes, eu sou eu mesmo".
E a partir desse momento começa a caminhada de maturação em maturação, de
verdade em verdade, de bem em bem, de pulchrum em pulchrum*, rumo
às excelências a que Deus lhe chamou a exprimir e a realizar dentro da História.
Civilização católica é a estruturação de todas as relações humanas, de todas as instituições humanas, e do próprio Estado, segundo a doutrina da Igreja.
A Cristandade seria, tanto quanto possível, um espelhar fulgurante da ordem paradisíaca* e da ordem
angélica entre os homens.
Cristandade não é de nenhum modo apenas a sociedade idealmente bem
organizada, em que tudo funciona bem.
É muito mais do que isso.
É a ordem de coisas em que o espírito humano subiu tão alto que ele se
exprime em símbolos nos quais o homem julga superada toda a beleza contenível
nesta terra e se lembra do Paraíso terrestre; não inteiramente saciado com a
própria beleza do Paraíso, se lembra do Céu.
O código perfeito da
conduta humana está nos
dez Mandamentos da
Lei de Deus.
Se todos os homens seguissem integralmente esta Lei, todos o problemas
ideológicos e morais da humanidade se resolveriam a fundo.
Se, pelo contrário, todos os homens violassem integralmente essa lei, a
humanidade se autodestruiria em tempo não muito longo.
Nós queremos uma época que esteja para a Idade Média como para esta esteve a
era de Constantino, que lhe foi anterior.
Aspiramos a uma cultura em
que tudo seja concebido em função
de graus de perfeição, tudo ordenado
ao sublime no seu respectivo gênero.
Mais do que a salvação das almas, nós queremos a glória de Deus. Não devemos
fazer nossa obra por uma espécie de mera filantropia sobrenatural.
Sonhos imperiais
 |
O Sacro Império
foi um sonho.
O homem que acreditou em seu sonho e o realizou foi Carlos Magno.
A Espanha e a Companhia de Jesus levaram a Contra-Reforma ao mesmo tempo
longe e menos longe do que deveriam.
Se mais tivessem sonhado, mais longe teriam ido.
Carlos V não sonhou. Ele dirigiu um império de sonho com a alma de um homem
que não sonha.
Sonhamos com ele, mas ele não sonhava consigo. Desventurado! ele era um homem
que não acreditava no sonho que incarnava.
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Carlos Magno - Dürer |
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Escudo Imperial de Carlos V |
Sonhos orientais
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Catedral de São Basílio |
H á alguma coisa
que faz do
luxo oriental algo em que a alma do povo todo
esteve empenhada.
Não foi o nababo que imaginou o tapete persa. Nem os desenhos, nem as cores,
nem a arte de fabricar.
Felizes os modestos artesãos que nas margens do Cáspio fazem estes tapetes;
eles sonham tapetes, eles são muito mais felizes do que o nababo que usa o
tapete.
Eles são nababos do sonho.
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França, país de sonho
França, este sonho que põe o mundo a sonhar...
Pode-se dizer que a França é dotada de uma força helicoidal que a vai elevando, elevando cada vez mais, e que é o sonho.
A França que não sonha é um arrabalde de si mesma.
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Castelo de Azay-le-Rideau |
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O sonho das navegações
C ada povo tem seu sonho
(9).
É uma coisa sugerida pelo mais fundo da realidade que está em todos, em
função de uma missão histórica dada a todos, e que todos têm uma tendência
profunda a realizar.
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Torre de Belém |
Um exemplo lindíssimo de sonho foram as navegações portuguesas. Em certo
momento estala na cabeça dos habitantes daquela pequena nação que eles têm que
descobrir o mundo, têm que conquistar o mundo.
Os castelos ruem diante dos passos deles.
Quando uma nação ou uma alma estão no pleno
éssor
(10),
no pleno surto do sonho, tudo sorri, tudo são bênçãos, tudo são graças.
Quando uma nação pára de sonhar, tudo se lhe complica.
D. Sebastião foi o rei engendrado pela esperança e pelas saudades.
Camões já geme porque Portugal não sonhava mais.
"Os Lusíadas" foi um brado laico para ver se despertava um povo
cuja fé dormia e só poderia ser acordado por uma voz muito mais altissonante que
a de Camões.
Um Brasil de sonho
O Brasil é um grande
livro em branco onde a mão dos homens tem de escrever uma história de heroísmo.
Aqui tudo clama
por um futuro de
heroísmo e de glória.
São montanhas feitas
para a luta, em que
a esperteza tem
um grande papel.
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Pico Dedo de Deus |
Para facilitar nossa bondade, a Providência, em sua generosidade
enorme, deu-nos sobras colossais.
Nossa bondade não é feita de habilidade, mas é vivida com habilidade. Este
fato torna a habilidade, que facilmente toma ares maquiavélicos, simpática.
Um povo só é grande quando vira seus defeitos nativos pelo avesso.
Nossos defeitos nativos, ou são levados na chibata, ou nos põem debaixo da
chibata.
A força de conquista
do Brasil é a bondade.
Mas se a bondade
ficar só em doçura,
dá em podridão.
Nosso povo ágil, intuitivo, sumamente afeito a acompanhar os vais-e-vens
políticos, decifra num só lance de olhos toda uma narração histórica emaranhada,
desde que o fio condutor dos fatos lhe seja posto ao alcance.
O jeitinho é a saída que a intuição apresenta para as situações complicadas
(11).
Queremos um Brasil verdadeiramente
brasileiro? Façamos dele um Brasil
verdadeiramente católico. Queremos
matar a própria alma do Brasil?
Arranquemos a sua fé.
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Marco Português - São
Vicente - SP |
Um passado banhado em sonho...
A palavra tradição
evoca reminiscências brasileiras de tempos mais remotos.
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Assim, os patriarcais casarões de fazendas com seus terreiros, suas palmeiras e as senzalas próximas. |
Ou a Quinta da Boa Vista. |
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As barbas brancas de Dom Pedro II e o sorriso afável de Da. Tereza Cristina. |
E ainda o Rio plácido e galhofeiro da I República, bem como a São Paulo aristocrática e circunspecta, familiar e divertida da alta do café.
Tudo isso sem esquecer a Bahia vivaz e indolente, gulosa e musical, que
ostentava, mais ou menos numa mesma quadra, as galas antigas dos tempos dos Governadores Gerais e as fulgurações, então ainda recentes, da nomeada de Rui Barbosa.
E a Minas incomparável do Aleijadinho, cuja expressão máxima são, a meu ver,
os profetas majestosos e coléricos da escadaria de Congonhas do Campo.
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 |
...pressagiando um futuro de sonho
T empo houve em que a História
do mundo se pôde intitular "Gesta Dei per francos"
(12).
Dia virá em que se escreverá "gesta Dei per brasilienses"
.
O Brasil é,
digamos assim,
o príncipe herdeiro
do mundo contemporâneo.
A missão providencial do Brasil consiste em crescer dentro de suas próprias
fronteiras, em desdobrar aqui os esplendores de uma civilização genuinamente
católica, apostólica, romana, e iluminar amorosamente todo o mundo com o facho
dessa grande luz que será verdadeiramente o "lumen Christi"(13)
que a Igreja irradia.
Se algum dia o Brasil for grande, sê-lo-á para o bem do mundo inteiro.
O Brasil não será grande
pela conquista, mas pela Fé;
não será rico pelo dinheiro
tanto
quanto pela generosidade.
Nossa grande aliança
A os povos ibero-americanos não
interessa constituir-se num todo
(14)
para devorar outras partes do
mundo. O que temos nos basta largamente.
Não precisamos meter a mão no bolso dos outros para conservar nosso atual
padrão de vida, nem para o melhorar.
Além do mais, não no-lo consentiria nossa formação genuinamente cristã.
Temos brio. Em nossas veias corre o sangue latino, revigorado em sua
pugnacidade pelas nobres tradições ibéricas da Reconquista, bem como pela
epopéia do desbravamento e povoamento das vastidões em que hoje vivemos
soberanos.
Somos católicos, e como tais resolvidos a enfrentar as peripécias da História
com o que Camões chamava "Cristãos atrevimentos"
(15).
Devemos formar uma família de nações estruturada por firmes
alianças de legítima defesa, contra quantos queiram nos dividir, atirar-nos uns
contra os outros.
É tudo questão, para nós, de tino e jeito: qualidades em que é rico o gênio latino! |
Todos os povos latinos
deste continente formam
uma só família, unida pela
Fé,
pela tradição, pela raça e
pela comunidade de
uma mesma missão histórica.
Uma jóia da cultura
hispano-americana, entre muitas outras:
Salão da Casa Aliaga, no centro histórico de Lima (Peru)
|
 |
O sonho é uma alta forma de discernimento
N a humanidade há os que não
sonham, há os que ingurgitam falsos sonhos e há os que sonham o bem.
Não se pode dizer que o sonho
seja mera imaginação.
O sonho é um alto discernimento da verdade
pelo que ela tem de mais razoável,
de mais santo e de mais belo.
O homem que sonha sem confiança, ou sonha coisas que a Providência não
deseja, é um tonto.
Mas o homem que tem pressentimentos do que a Providência deseja, e sonha
aquilo que pela oração espera poder conseguir, esse pode ser um Varão de Deus.
Sonhar é uma arte ...
O Céu é a plena
realização do sonho do homem.
Exprimir em termos de arte um sonho é uma das mais altas formas de pensar.
É preciso saber
sonhar realidades
(16).
A aparente inviabilidade dos mais ousados e extremos sonhos apostólicos
(17)
não impedirá uma verdadeira ressurreição, se Deus tiver pena do mundo, e o mundo
corresponder à graça de Deus.
Sonhar é desejar
O u se sonha, ou não se vive.
A grande atmosfera de sonho prepara a alma para a fé. Depois de a alma com fé
receber esta preparação, ela voa de dentro da fé para a santidade.
Assim se procura o Absoluto *. Assim não se é cego de Deus.
A opinião pública sadia não é sonhadora no sentido
de fabricante de utopias nem
de quimeras;
mas porque aspira às realidades mais altas
e subordina a estas as mais baixas, e as quer
todas excelentes, verdadeiríssimas,
magníficas, lindíssimas.
 |
O Aleijadinho:
Profeta Daniel, que um anjo chamou de "homem cheio
de desejos" |
Os varões de desejos(18)
ao longo da História constituem uma opinião coletiva desde que, por pouco que
seja, se encontrem. Eu quase diria que eles se sentem uns aos outros mesmo
quando não se conhecem.
Pode-se, e deve-se, sonhar com a batalha, sonhar com a dor, sonhar com a
luta, sonhar com o holocausto, como o que dá significado a uma vida. É o que dá
à vida o seu
tônus.
O sonho é que
ajusta as cogitações e
as vias do homem.
Deus diz, na Sagrada Escritura: "Meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos"(19) .
As aspirações profundas dos homens não eram as dEle. Daí as vias e as cogitações
não serem as mesmas.
A oblação, para a alma reta, é um sonho, e o sacrifício não é um pesadelo.
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Índice geral
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NOTAS AO PRIMEIRO CAPÍTULO
1. Como ficará mais claro com o desenvolvimento da temática do presente
livro, sonho aqui não é devaneio, ou plano feito nas nuvens. O Prof. Plinio
Corrêa de Oliveira sabia magnificamente conciliar a realidade com o sonho. Para
o ilustre líder católico, como se verá, "sonhar é desejar". Mas desejar concreta
e meticulosamente, dentro da realidade e sem romantismo.
2. Não há aqui uma referência a alguma cidade em particular, mas ao conceito
de civitas, isto é, a sociedade.
3. Felix culpa: trata-se de uma expressão de Santo Agostinho,
recolhida no Precônio Pascal, que é proferido pela Igreja no Sábado Santo. O
grande santo e pensador considera o pecado original uma feliz culpa, pois, sem
ela, Nosso Senhor Jesus Cristo não se teria encarnado nem remido o gênero
humano.
4. Pailleté: Tecido com pequenas incrustações ou felpas douradas,
originariamente à maneira de pedacinhos de palha (paille em francês),
depois com formatos variados. Ver foto da p. 26.
5. A respeito desse assunto, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apresenta o
seguinte esclarecimento:
"Entretanto, nem por isso deixa o católico de
compreender que, como tão bem ensina a parábola do joio e do trigo (cf. Mat. 13,
24-30), o erro, o mal e, em conseqüência, a dor, embora possam ser
circunscritos, não são extirpáveis deste mundo. Esta vida tem um fundamental
sentido de prova, de luta e de expiação, que o fiel sabe ser conforme a
altíssimos desígnios da sabedoria, justiça e bondade de Deus. O fim último do
homem — sua felicidade gloriosa, completa e perene — só está no Céu". Assim,
marca o insigne líder católico sua total aversão ao milenarismo.
6. Esse pensamento não carrega consigo nenhuma conotação de milenarismo,
doutrina condenada pela Igreja, a que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira era
profundamente infenso. Ver nota mais acima, neste mesmo capítulo.
7. Ver notas precedentes.
8. Patois, do francês. Algaravia, confusão de vozes. Idioma corrompido
que se fala em certas regiões da França.
9. No sentido de alto desígnio, vivo desejo,
lúcida intuição do que a
História lhe reserva.
10. Éssor: do francês. Vôo, arrojo, impulso.
11. Contrariando o modismo de atacar, até por meio de livros, o
internacionalmente famoso jeitinho brasileiro, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
considera o jeitinho uma riqueza do Brasil, que, como qualquer outra qualidade,
está sujeita ao mau uso inerente ao procedimento humano. Para ele, o jeitinho
complementa a força, como a virtude da Prudência complementa a da Fortaleza. Clemenceau, Braudel e Charles Morazé, o conselheiro especial de De Gaulle, entre
outros, exaltaram a agilidade mental do brasileiro. Este último celebra "a
rapidez, a simplicidade e o humor com que os brasileiros apreendem as noções,
adaptam-nas à realidade nacional, transformam as coisas, fazem em apenas 15 anos
obras inacreditáveis como, por exemplo, a construção de Londrina com seu
incontido efeito de arrasto no desenvolvimento do Paraná. A seu ver, "na Europa
um tal empreendimento levaria quatro séculos" (Jornal da Tarde, São
Paulo, 7-8-99).
12. Gesta Dei per francos: do latim. As façanhas de Deus praticadas
por mão dos franceses.
13. Lumen Christi: do latim. Luz de Jesus Cristo.
14. Escrito muito antes que se começasse a falar em Mercosul.
15. "Mas, entanto que cegos e sedentos / andais de vosso sangue, ó gente
insana / não faltaram Cristãos atrevimentos / nesta pequena casa Lusitana"
(Camões, Os Lusíadas, VII, 14).
16. Por exemplo, a Idade Média foi o sonho da Igreja das catacumbas.
Realizado
—
infelizmente —
apenas em parte.
17. Sonhos apostólicos: sonhos de conquista de almas para a Religião.
18. Referência ao Profeta Daniel, a quem um anjo chamou de "homem de desejos"
(Dan., X, 19).
19. Is. 55, 8.
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