A CAVALARIA NÃO MORRE

 

 

CAPÍTULO V

E, para dizer tudo, temo e creio

Que qualquer longo tempo curto seja;

Mas, pois o mandas, tudo se te deve,

irei contra o que devo, e serei breve.

 

Camões, Os Lusíadas

Canto Terceiro, 4


Índice

PEQUENA GALERIA DE TIPOS GUERREIROS

 

O guerreiro "clássico"

O artista nesta estatueta representou bem um aspecto do guerreiro que deve ser fundamentalmente religioso.

Ademais, ele está inteiramente resolvido, inteiramente persuadido de que é legítimo e que é obrigação dele usar da força a serviço da Fé.

Ele está persuadido da Fé,

de que deve usar a força a serviço da Fé

 e de que deve usar o máximo da força

dentro das regras nobres,

moralmente nobres da Cavalaria.

Ele está altamente imbuído da legitimidade dos meios que usa e se deu por inteiro à causa que abraçou. Ele vai até o fim e morre por isso.

Há portanto uma idéia de sacralidade*, de renúncia, de determinação e, se se pudesse usar a expressão francesa, de "force de frappe"(1).

A meu ver, há uma força de impacto verdadeiramente extraordinária, nesse guerreiro.

Para um general Ney (2) a guerra é apenas um estilo de luta. Na hora da luta ele é o bravo, enquanto, na vida civil, Ney é um sujeito qualquer. Mas para o guerreiro da foto, a guerra é um estilo de vida.

 

A sacralidade

Agrada neste cavaleiro o tipo de sacralidade* que é o mais alto dos altos na matéria. Ele é sacral* como uma torre de catedral. A sacralidade* o leva às mais altas considerações do espírito, misturadas com muito bom senso e muito critério.

Um homem assim abnegado é um puro cavaleiro de ideal, vivendo numa espécie de atmosfera celeste, num azul puro, num verde puro, como se estivesse dentro de um cristal adamantino (3).

 

A proeza

Uma coisa é fazer uma proeza e outra é ter o espírito de proeza.

Quer dizer, é preciso conhecer e sentir o belo metafísico (4) daquilo que se está fazendo.

Os cavaleiros medievais que fizeram a proeza não tiveram tanto a idéia de pulchrum* da proeza, quanto teve o século da burguesia com saudades da proeza (5).

O simples risco de vida

não caracteriza a proeza.

É preciso que haja uma

espécie de euforia em

ser bravo, que não é

vaidade nem megalomania.

Trata-se de uma das

mais altas posições

da alma humana.

Essa proeza, que é quase pós-medieval, é uma das finas flores da Idade Média.

Os homens do século XIX souberam dizer, souberam cantar o que os medievais tinham e não cantaram.

Não cantaram porque a tinham com uma naturalidade plena com o épico.


 

Elias, ou a grandeza bíblica

Profeta Elias - Bas. do Carmo - Recife

Profeta Elias - Basílica de Nossa Senhora do Carmo - Recife

A figura é majestosa e digna.

É bem oriental, o gesto tem a ênfase e a pompa que podem caracterizar um profeta do Antigo Testamento.

Ao mesmo tempo um varão possante. A fisionomia dele lembra o Carlos Magno de Dürer, louro, claro, corado, o olhar fixo, penetrante.

Há uma coerência muito grande entre a expressão da fisionomia, a atitude do corpo e o gesto dos braços.

O braço segura a espada com firmeza, ele está até se apoiando sobre a espada, pronto para espadagar. O outro braço está em atitude de increpação. Ele está increpando ou os profetas de Baal, ou o povo que não é fiel.

Nada de um lutador puramente físico.

A chama do olhar, a expressão

 polêmica de toda a fisionomia,

marcam muito mais do que

a musculatura e a posição do corpo.

A alma explica a combatividade do corpo.

A barba é espessa, abundante, bigode farto, em tudo a idéia do varão.

É uma imagem, se não perfeita, pelo menos das mais interessantes de Santo Elias.


 

Beduíno no desertoO cavaleiro das Mil e uma Noites

O guerreiro da foto é um guerreiro fabuloso, perfeitamente das "Mil e uma noites"(6).

O beduíno, no dourado, perde tudo.

Vou dizer mais: o beduíno só pode ser visto num fundo branco-de-arrebentar do deserto, ou de negro noturno (3.1).

A casa dele é o camelo e também o descanso dele é estar sentado nessa montaria.

Ele está relacionado com esse animal de tal maneira que no camelo come, bebe, dorme, pode fazer qualquer coisa.

É um homem estavelmente posto na aventura e em correr o risco vertiginoso.

 

Ele vê panoramas

sempre novos,

sempre diferentes

e faz proezas que

sempre se renovam também.

 

Um sedentário que não pára nunca

Ao contrário do que uma análise superficial poderia fazer imaginar, ele é um grande sedentário. Ele carrega dentro de si sua estabilidade, sua distância com relação às coisas.

O espírito dele

habita numa região

que fica nos confins

entre o tempo e

a eternidade.

Ele vive aquela situação em que a cada momento se faz uma coisa tão bela que a vida parece uma maravilha, ou tão arriscada que ameaça sumir.

Nessa fímbria ele habita, sem arrepio e sem medo.

 

A morte e a aventura

São expressivos o branco do deserto, e o negro da tez dele. O branco da vida éclatante (7), de heroísmo em heroísmo, de aventura em aventura, e o negro da morte diante da qual ele pode afundar mas que é o adorno da vida.

Ele anda dentro do

branco e preto normalmente,

à procura do risco, daquela

fímbria, daquela hora

em que a vida atinge

o seu auge e ameaça

precipitar-se dentro

do vácuo.

Para os inimigos ele parece dizer: "Você não tem razão nem quando diz a verdade".

 

A Verdade, o Bem e o Belo

Essa posição dele, constantemente entre a vida e a morte, é uma posição metafísica* em face do verum*, do pulchrum* e do bonum*.

Eu a exprimiria da seguinte maneira: a vida em si é muito boa, na medida em que esteja completamente voltada para algo que não é ela e que ele não sabe bem o que é.

A dignidade dela está nesse holocausto (8) contínuo.

 

O cavaleiro do holocausto

Ele poderia ser chamado "o cavaleiro do holocausto". A contínua preparação para o holocausto daria, a meu ver, a definição deste homem.

É uma raça feita para o holocausto, nascida para o holocausto e que tira toda a sua possibilidade de existir do holocausto.

Para compreender o Roland que existe nesse homem, é preciso admitir que, assim como existem na Igreja certas ordens religiosas que fazem coisas raríssimas que o comum das pessoas não deve fazer, mas que devem existir — o silêncio perpétuo, por exemplo — assim também no mundo deve haver uns povos que são, por exemplo, simplesmente o holocausto, e que levam essa vida de frugalidade que é a do beduíno.

A pergunta errada seria: "O que se deveria fazer para tornar esse berbere civilizado?"

Certamente a situação dele comportaria certos progressos. Mas não seria a entrada no contexto, naquilo que chamamos civilização tal qual é. Seria, nas fímbrias da civilização, manter um certo valor, sem o qual ele degenera.

Um missionário deveria dar a ele uma formação que, tirando o lado celerado, favorecesse o aspecto cavaleiresco, como soube fazer o missionário medieval com os bárbaros.

A Humanidade então

assistiria ao nascimento de

uma cavalaria

A pregação não deveria consistir no seguinte: - "Vocês matam por uma bagatela, portanto deixem de lutar".

Mas deveria ser outra: - "A luta é bela. Não tendo uma verdadeira causa, vocês encontram bagatelas para guerrear. Compreendam que toda essa ferocidade seria uma beleza a serviço de outro ideal".

O que seria um povo destes,

se convertido?

Eu o imaginaria guerreiro,

a serviço de um Papa ou de

um Imperador para o que

desse e viesse. Uma espécie

de Legião Estrangeira (9) .

 

As quintessências do beduíno

Os povos pequenos, pelo menos muitos deles, têm missões especiais e grandes quintessências.

Sinto-me inteiramente eu, sabendo que há Bruges (10) com seus canais, com suas flores, onde nunca nada se move. Tenho vontade de entrar num lugar onde nunca nada se mova e ficar parado ali. E me apetece ir para o deserto dos beduínos, tratar com essa gente e vê-la se mexer e fazer sua vida!

São os tais contrastes harmônicos do universo, nos quais me sinto sustentado na minha necessidade de plenitude, de polimorfía, de cores, de variedades, de lances, de movimento.

O jogo harmônico

dessas unilateralidades

dá plenitude à vida.

 


 

 

São Teodoro de Chartres

 

São Teodoro de Chartres

Vejam como São Teodoro de Chartres (11) é uma pessoa forte, firme e muito benévola.

No espírito dele há uma transição entre os dois aspectos do guerreiro: ele é o homem da luta e o homem da benevolência, da bondade, que não exclui a luta, mas completa o lutador.

Ele é dos tais santos

de fundo de poço (12), que para

adorar a Deus não necessitam

contemplar a beleza do

universo. Mas o novo cavaleiro

deve ter vistas para a ordem do

universo e se relacionar

com o que está

em torno dele.

São Teodoro, pelo contrário, faz abstração de tudo o que está em torno dele.

Não criticamos isso, mas não é nossa escola.

 

 

 

 


 

Godofredo de Bouillon (1058-1100), primeiro rei cristão de Jerusalém, recusou-se a usar uma coroa de ouro na mesma cidade onde Nosso Senhor tinha portado uma coroa de espinhos. Na gravura, do séc. XV, ele aparece ostentando os instrumentos da Paixão (ilustração extraída da obra de William C. Marmonti Os Monges Guerreiros e as Milícias de Cristo - Totalidade, São Paulo, 1995).

 


 

 

Nas figuras, os chefes da gloriosa insurreição vendeiana contra a Revolução Francesa. No sentido horário La Rochejaquelein, Bonchamps, Cathelineau e Charette Ao centro, a bandeira geral do Exército Católico.

 

 

 

 

 


 

Luís Segura Vilchi

Luís Segura Vilchi a caminho do paredão de fusilamento"Viva Cristo, Rei!". Tal era o brado que, nos anos 20, abria as portas do Céu e da glória eterna para muitos dos mártires durante a resistência católica no México.

Os mártires cristeros (13), que participaram heroicamente de tal resistência, bradavam-no ao serem fuzilados pelo regime comunista, contra o qual lutavam: um regime tirânico, que fechou as igrejas, perseguiu a Religião católica e semeou a desgraça sobre a Nação amada por Nossa Senhora de Guadalupe.

Luís Segura Vilchi — o jovem que aparece nas duas fotografias — não foi submetido a um julgamento. Sem qualquer aviso prévio, foi ele retirado do cárcere para enfrentar o pelotão de fuzilamento. Esse jovem também deu aquele glorioso brado, quando foi alvejado pelos tiros de seus executores. Contra ele fora lançada a acusação de conspirar contra a vida do ímpio ditador Obregón.

Na primeira fotografia, vemos o prisioneiro caminhando para o local de sua execução, acompanhado por um sinistro funcionário do regime mexicano.

Está sereno como se atravessasse a nave de uma igreja após receber a Santa Comunhão, que lhe proporcionava o íntimo convívio eucarístico com o Deus pelo Qual, dentro de alguns instantes, ele haveria de morrer.

Puro, varonil, nobremente senhor de si, bem vestido, distinto e visivelmente dotado de boa educação, este herói pode legitimamente ser considerado um modelo de jovem católico: sério, generoso, cheio de fé e de coragem.

Fusilamento de Luís Segura VilchiTranqüilo caminha para a morte o jovem Luís Segura Vilchi. O domínio de si impressionou as testemunhas, e chegou mesmo a comover o comandante e os soldados do pelotão de fuzilamento.

Como ter-lhe-ia sido fácil empregar suas muitas qualidades de forma egoísta, construindo para si um estilo de vida confortável, mediante uma bela carreira.

Bastava-lhe colaborar com o regime ateu, igualitário e marxista que jugulava então sua pátria ou, ao menos, a ele não se opor.

Contudo, sua consciência de

católico recusava-se

energicamente a isso.

Luís Vilchi se vinculara ao movimento cristero e, graças à sua vigorosa personalidade, a seu fervor e inteligência, logo se tornou um dos seus propulsores.

Testemunhas afirmaram que o jovem mártir só foi informado de sua iminente execução quando estava sendo retirado da sua cela.

Prontamente respondeu ele que seus assassinos o enviariam para o Céu.

Em posição ereta

e olhando para o céu,

a 23-11-1927, Vilchi

enfrentou com fé e

confiança de mártir

as balas assassinas.


 

 

Hungria - 1956

 

Cardeal Mindszenty

A população civil se levanta em armas contra os tiranos comunistas. Heróis anônimos se improvisam nas ruas, enfrentam e fazem recuar os tanques. A morte para eles já não é uma simples possibilidade, mas quase uma certeza.

Em seu palácio severamente castigado pelas balas, o Cardeal Joseph Mindszenty, herói entre os heróis húngaros, há pouco libertado, acaba de abençoar os fiéis em revolta contra o jugo vermelho e se recolhe.

 


Nobre porque cavaleiro, cavaleiro porque nobre

 

O escudo do Rei de Aragão originalmente não tinha nenhum desenho. Os quatro traços vermelhos que hoje nele se vêem têm uma origem épica. Quando Geoffroy le Velu foi gravemente ferido numa batalha contra os normandos, o imperador o veio reconfortar, mergulhando no sangue os quatro dedos de sua destra e os escorregando sobre o escudo. Daí os traços que percorrem verticalmente a este.

O bonum* da guerra justa, a nobreza o fazia reluzir, juntamente com o pulchrum*, na força de expressão do cerimonial bélico, no esplendor dos armamentos, no ajaezamento dos cavalos, etc.

A guerra era para o nobre um holocausto em prol da glorificação da Igreja, da livre difusão da Fé, do legítimo bem comum temporal. Holocausto em relação ao qual ele estava ordenado de modo análogo ao modo pelo qual os clérigos e religiosos estavam ordenados aos holocaustos morais inerentes ao respectivo estado (14).

O bonum* e o pulchrum* desse holocausto, os cavaleiros — que nem sempre, aliás, eram nobres — sentiam-no até ao fundo da alma.

E nesse estado de espírito partiam para a guerra.

A beleza de que cercavam as exterioridades da sua atividade militar estava longe de ser, para eles, um simples meio de seduzir e levar livremente consigo para a guerra os homens válidos da plebe. Isto não obstante, produzia concretamente sobre o espírito das populações este efeito.

Velázquez, A Rendição de Breda (1634 - Prado). Note-se a distinção de Justino de Nassau, o vencido que entrega as chaves da cidade, e o espírito nobre, cavalheiresco, cheio de simpatia e consideração do vencedor, o Marquês Ambrósio Spinola. "Elevação de alma, decorrente da fé, cortesia nascida da caridade, que faziam rutilar valores espirituais inestimáveis, num ato que inevitavelmente é rude e humilhante, como toda rendição" (Plinio Corrêa de Oliveira).

Diga-se de passagem que, para os homens da plebe, não se conhecia um recrutamento compulsório, com a  amplitude e a duração indefinida das mobilizações gerais dos nossos dias.

Bem entendido, muito mais do que essas brilhantes aparências, atuava sobre o público, naqueles séculos de Fé ardorosa, o ensinamento da Igreja.

Este não deixava dúvidas sobre o fato de que, mais do que simplesmente lícita, a guerra santa podia constituir um dever para todo o povo cristão, incluídos neste tanto os nobres quanto os plebeus (15).

 

 

 

 

 


Impulso para as alturas

No passado, foi missão da nobreza, enquanto classe social, cultivar, alimentar e difundir esse impulso de todas as classes para as alturas.

O nobre era por excelência voltado para essa missão na esfera temporal, como ao clero incumbe sê-lo na ordem espiritual.

 

Reminiscência do Paraíso

Deus nos deixou uma reminiscência do Paraíso: a Nobreza.

Nobreza é o grau supremo de

qualidade metafísica de

tudo aquilo que existe.

Quanto mais se diz de um objeto

que ele é nobre, aristocrático,

tanto mais se acentua que ele

é excelente no seu gênero.

O empenho das aristocracias para que, em sucessivas gerações, cresça continuamente o aprimoramento das moradias, do mobiliário, dos trajes, dos veículos, como também do porte pessoal e das maneiras, é um aspecto essencial dessa caminhada para uma perfeição global, quer para a glória de Deus, quer para o bem comum da sociedade temporal.

A perfeição está para o Príncipe como a batina para o Padre (16).

[A Nobreza era] um casulo com fios de ouro, onde se trançavam as esperanças dos séculos futuros.

 

Uma vida de sacrifício

Na missão da nobreza existe algo de sacerdotal.

As boas maneiras, a etiqueta e o protocolo modelavam-se segundo padrões que exigiam da parte do nobre uma contínua repressão do que há de vulgar, de desabrido e até de vexatório em tantos impulsos do homem.

A vida social era, sob alguns aspectos, um sacrifício contínuo que se ia tornando mais exigente à medida que a civilização progredia e se requintava.

A nobreza se alia esplendidamente à virgindade.

Nosso Senhor Jesus Cristo

me parece a própria

personificação do nobre.

 

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NOTAS AO QUINTO CAPÍTULO

1. Força de impacto, de choque, de retaliação. Sobre a liceidade da guerra, ver: Plinio Corrêa de Oliveira, Nobreza e elites tradicionais análogas, apêndice de documentos XI, "O que pensam Papas, Santos, Doutores e Teólogos sobre a liceidade da guerra" (Ed. Civilização, Porto, 1993, p. 319). Entretanto, a luta para a qual a presente obra procura ser um incentivo não é cruenta, como já dito. Trata-se do embate, dentro da lei, dos argumentos e da força de personalidade.

2. Michel Ney (1769-1815), marechal de Napoleão, destacou-se especialmente na campanha da Rússia.

3. e 3.1 Mais uma vez as cores simbolizam qualidades de espírito.

4. Ou seja, a beleza metafísica: beleza transcendental, que vai para além do físico.

5. No século XIX houve um renascer do interesse pelas coisas medievais, consideradas erroneamente "coisas de bárbaros", pelos renascentistas e iluministas. Surgiram, então, reconstituições de obras de arte da Idade Média, por vezes mais felizes em exprimir o espírito medieval do que as próprias produções de época. É por isso que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirma que "os cavaleiros medievais que fizeram a proeza não tiveram tanto a idéia da beleza da proeza, quanto teve o século da burguesia, com saudades da proeza".

6. Mil e uma noites: contos árabes, em parte de origem persa. Os mais célebres são os de Aladim ou a Lâmpada Maravilhosa, Aventuras de Ali-Babá e os Quarenta Ladrões, e As incomparáveis Peregrinações de Sindbad, o Marujo (século X).

7. éclatante: do francês. Reluzente.

8. holocausto, aqui com o sentido de imolação, de disposição de dar a vida por uma Causa, se necessário.

9. Legião estrangeira: Legendário regimento francês de infantaria, com sede na Argélia colonial, e cujo efetivo era obtido pelo recrutamento de voluntários estrangeiros.

10. Bruges, linda cidade da Bélgica cortada por canais. Dada a impressão de paz que ressuma de suas tranqüilas águas, foi cognominada por alguns de "Bruges, la Morte".

11. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fez estes comentários no dia 15 de maio de 1974. Até então, considerava-se que a estátua em análise retratasse São Teodoro, um guerreiro romano. Estudos mais acurados levaram à conclusão, hoje unânime, de que se trata de Roland, par de Carlos Magno, "imagem do verdadeiro Cavaleiro" (Entre outras obras ver Étienne Houvet, Catedrale de Chartres, Ed. Houvet-la-Crypte, Chartres, 1998, p. 55).

12. Para não se deixar atrair pelas criaturas, um santo, segundo a legenda, teria passado parte de sua vida no fundo de um poço seco. Em outro livro desta coleção (O Universo é uma Catedral, p. 162), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira explica que há duas vias para se subir a Deus: ou utilizando as criaturas ou as desprezando. Quanto a ele e a seus discípulos, resolutamente procurava servir-se das criaturas como degraus, chegando a Deus através da transparência dos símbolos, pois o Universo todo espelha a perfeição do Criador que o fez.

13. Cristeros: Assim eram chamados os católicos mexicanos que, nos anos 20, se ergueram em armas contra as perseguições comunistas de Plutarco Elias Calles e Alvaro Obregón . Muitos católicos foram então martirizados, proferindo no último momento o brado "Viva Cristo Rei".

14. É oportuno recordar que na Idade Média a guerra era o quinhão dos nobres, como ao clero tocava a religião. Aos burgueses e homens do povo cabiam o comércio e a produção econômica. Assim, apenas os nobres eram obrigados a versar o "imposto do sangue", ou seja, ir para a guerra. As outras classes sociais ficavam isentas desse pesadíssimo encargo, pois não havia então o sistema de mobilização nacional vigente nos conflitos modernos.

15. A respeito do assunto versado neste tópico e em particular da nobreza obtida pelo exercício de cargos militares, ver Nobreza e elites tradicionais análogas (Ed. Civilização, Porto, 1993), de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.

16. Ou seja, a perfeição deve incorporar-se de tal maneira à personalidade do nobre, que o deve cobrir como uma roupa característica, inseparável dele.