Catolicismo, N° 453, Setembro de 1988, págs. 2-5 (www.catolicismo.com.br)

 

Atuação da TFP [norte-americana]

 

Impacto na opinião pública

 

 

NA SEQÜÊNCIA da maré negra de blasfê­mias que vão atingido audácia e vilania espantosas, foi exibida nos Estados Unidos a recente produção cinematográfica intitulada "A última tentação de Cristo". Baseada em novela escrita há mais de vin­te anos, e que provocou polêmicas na época, o fil­me parece só agora ter encontrado campo para ser projetado, em face de uma opinião pública aturdi­da e apática.

A Sociedade Norte-americana de Defesa da Tra­dição, Família e Propriedade — TFP reagiu pron­tamente e fez publicar uma serena, lúcida e irretor­quível carta-aberta, dirigida ao diretor da empresa cinematográfica Universal Pictures, no conhecido diário "The New York Times". O manifesto foi es­tampado nas duas edições desse jornal, a nacional e a local.

No dia 11 de agosto, os auri-rubros estandartes da TFP norte-americana foram alçados numa bri­lhante campanha pública efetuada no centro de No­va York, e também em Washington, Denver e Los Angeles, tendo sido distribuídos, nessa ocasião, vá­rias dezenas de milhares de folhetos com o texto in­tegral da carta-aberta.

 

Campanha em Nova York

 

Uma centena de sócios, cooperadores e cor­respondentes da TFP, portando as vistosas capas vermelhas com o leão dourado, causaram salutar impacto junto ao público.

A campanha teve início às 10:30 hs da manhã, na movimentada Quinta Avenida, no centro de Ma­nhattan, deslocando-se, em seguida, para a rua 53 e a Sexta Avenida. Posteriormente, um contingen­te dos participantes da campanha dirigiu-se para o único cinema da cidade que estava projetando o fil­me, enquanto outros membros da TFP permanece­ram atuando nas Quinta e Sexta Avenidas. O en­cerramento deu-se às 20:30 hs. Foram distribuídos 32 mil exemplares do folheto. Apesar de autorida­des e os produtores do filme levantarem dificulda­des contra a campanha, os obstáculos foram con­tornados pela TFP norte-americana.

Dada a atualidade e gravidade do tema tratado, relacionado diretamente com a Pessoa sacratíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com a liberdade da verdadeira Religião, a campanha da TFP foi obje­to de noticiários em todo o mundo. Em Nova York foram concedidas cerca de trinta entrevistas a jor­nais, rádios e emissoras de TV dos Estados Unidos e do exterior. Assim, uma vez mais os norte-americanos puderam ver em suas televisões a TFP em ação.

Também nas sedes da TFP em Denver (Colora­do), em Los Angeles (Califórnia) e no Bureau das TFPs, em Washington, foram dadas várias entre­vistas a órgãos de imprensa.

Grande número de telefonemas foram recebidos nas sedes da entidade naquelas três primeiras cida­des, bem como no referido Bureau de Washington.

Foi muito saliente a presença da TFP na mani­festação de protesto diante do cinema que exibia o filme blasfemo. Alguns dos manifestantes — entre os quais notavam-se grupos de protestantes funda­mentalistas, cismáticos ortodoxos e até muçulma­nos — exibiam para o público e órgãos de impren­sa presentes o folheto da TFP, como um símbolo do protesto.

Logo que chegaram ao local da manifestação, em frente ao cinema, os sócios, cooperadores e cor­respondentes da entidade começaram a distribuir os folhetos, inclusive para as pessoas que desejavam assistir o filme. Algumas delas, que aguardavam pa­ra comprar o ingresso, saíram da fila e foram embora.

Fato tristemente digno de nota foi a ausência quase completa de eclesiásticos no ato de protesto. Vários transeuntes perguntavam porque sacerdotes e religiosos não haviam comparecido à manifestação.

Eis algumas das declarações mais significativas por parte de pessoas do público:

• Um sr. comentou: "Os srs. são os primeiros a fazer algo de sério contra o filme".

• Uma sra. exclamou: "Vocês são uns heróis. Ninguém tem coragem de realizar o que vocês es­tão fazendo. Adiante!"

• Outro transeunte: "Ah! Eu vi este estandarte em Toronto. Vocês estavam protestando contra o aborto, agora protestam contra este filme!".

 

Campanha em Los Angeles

 

Depois de contornadas sérias dificuldades que a direção do cinema — no qual era projetado o fil­me — apresentou em relação à presença dos coo­peradores e correspondentes da TFP diante do edifício, diversos estandartes da entidade foram alça­dos e três faixas exibidas ao público. Tal presença causou grande impacto nos pedestres e ocupantes dos carros que transitavam em frente ao cinema.

Reproduzimos abaixo algumas manifestações do público, que merecem menção:

• "Por que vocês não têm mais gente que os ajude?"

• "Vocês não viram o filme. Vejam-no e então o julguem".

• Um casal observou: "Vocês são muito dignos em sua maneira de protestar. Seu modo de vestir e sua aparência são muito elevados. Felicitações. To­do mundo está perguntando quem são vocês. E es­tão dizendo que são os únicos que protestam de mo­do nobre".

• Um homem gritou do interior de um carro: "Isto é uma cruzada?"

• Um transeunte afirmou: "Conheço sua orga­nização. Sou da Arábia Saudita. Li a mensagem por ela publicada na Somália. Dê-me um destes folhetos".

• Um jornalista exclamou: "Vocês querem não só cessar a apresentação do filme, mas também tra­zer de volta algo muito pior: a Inquisição!"

• Uma senhora, de aproximadamente 40 anos, manifestou grande simpatia pela TPP. Voltou de­pois de algum tempo com vários refrigerantes: "Achei que vocês deveriam estar com muita sede".

• Um senhor, com cerca de 30 anos de idade, da África do Sul, já conhecia a TFP. Disse ter sido essa a razão de ter permanecido no local, admiran­do a campanha.

 

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Campanha da TFP norte-americana repercute em todo o orbe

 

A MÍDIA internacional — inclu­sive duas grandes agências noticiosas, a UPI e a ANSA — difundiu e publi­cou o lance da TFP dos Estados Uni­dos com liberalidade inusitada. Sal­vo honrosas exceções, os grandes veí­culos de comunicação costumam uti­lizar em relação às TFPs uma densa "campanha de silêncio".

Não tendo sido possível manter es­sa atitude no episódio do lançamen­to do filme blasfemo, que contou com a cobertura maciça dos meios de co­municação social de todo o mundo, a TFP entrou em noticiários de alguns órgãos de imprensa um tanto a con­tragosto. O leitor poderá facilmente se dar conta, lendo a matéria que apresentamos a seguir — que englo­ba apenas as notícias mais significa­tivas — como a iniciativa da TFP norte-americana não foi do agrado de certos setores da imprensa.

Mas também — é preciso que se diga — houve órgãos que noticiaram com objetividade digna de encômios a salutar atuação dessa entidade.

 

NOS ESTADOS UNIDOS

 

• O "Los Angeles Times" — um dos diários norte-americanos de maior tiragem —, em sua edição de 13 de agosto, registra: "Representantes da Sociedade Americana pela Defesa da Tradição, Família e Propriedade, de Pleasantville, Nova York, distribuí­ram folhetos no Century City e em vá­rios outros cinemas, mostrando o ros­to de Nosso Senhor com sangue es­correndo pelo Seu pescoço e face. O folheto proclamava: `no limiar de uma blasfêmia pública"'.

• O "Rocky Mountain News", de Los Angeles, em sua edição de 14 de agosto, comenta: "Durante a contro­vérsia sobre o filme `Je vous salue, Marie' um grupo chamado Socieda­de Americana para a Defesa da Tra­dição, Família e Propriedade foi ati­vo em ações de protestos. 'A última tentação de Cristo' novamente galvanizou a atenção da organização. A so­ciedade, com sucursais em dezesseis países e grupos em outras cidades do país, é uma organização cívica que se­gue inspiração católica".

Emissoras de televisão de todo o país noticiaram a campanha e apre­sentaram cenas desta, em horários di­versos, no dia 12 de agosto e dias subseqüentes.

 

NA ITÁLIA

 

Grandes órgãos da imprensa ita­liana ocuparam-se da atuação da TFP em Nova York:

• O "Corriere della Sera", de Milão, na edição de 13 de agosto, sob o título "Hosana dos críticos a Scor­cese (diretor do filme), enquanto con­tinuam os protestos violentos", no­ticia: "A movimentar um pouco a si­tuação se dedicaram uma centena de policiais, entre os quais muitos são mulheres, e um grupo de jovens per­tencentes à organização católica 'Tra­dição, Família e Propriedade', a maioria dos quais entre os 18 e 20 anos, com um aspecto todo 'casa e igreja', e que se realçam de modo sur­preendente do resto da multidão por sua estranha indumentária: capa ver­melha de poliester, fechada por um al­finete gigante com forma de leão, so­bre o blusão azul, de tipo colégio in­glês para jovens de boas famílias. A organização — é também de se regis­trar — publicou ontem uma página inteira de protesto no 'New York Times’".

• "La Repubblica", de Roma, também no dia 13 de agosto, sob o tí­tulo "Aquele filme é sacrílego. Cine­mas assediados — A América dividi­da", dá sua versão da campanha: "De longe se vêem tremular os estandar­tes do grupo religioso `American As­sociation', guiado pelo reverendo Wilmdon. Os militantes da sua orga­nização trazem uma faixa vermelha sobre o peito e marcham em ordem, com bandeiras rubras e ouro, subin­do a avenida de Manhattan... O pú­blico, cheio de afazeres, que naquela hora se apressa para ir comer, um pouco entediado pelo incômodo, se desvia e a custo se digna olhá-los. (...) Uma mistura que cheira levemente a fim do mundo".

Ainda nesse mesmo dia, "La Stampa", de Turim, alude à matéria que a TFP norte-americana fez publi­car no "The New York Times". E no dia 14 de agosto, o diário "Avveni­re", de Roma, publica uma referên­cia à atuação da TFP em Nova York.

 

NA ESPANHA

 

Na Seção "Religião", assinada por José Maria Carrascal, do concei­tuado quotidiano "ABC" de Madri, lê-se na edição de 13 de agosto: "’A última tentação de Cristo' estreou on­tem nas principais cidades norte-americanas, em meio à mais violenta controvérsia que agitou o cinema nos últimos tempos. Um anúncio de pá­gina inteira nos jornais dessas cidades, posto pela Sociedade Americana de Defesa da Tradição, Família e Pro­priedade, enumera pontos moralmen­te objetáveis do filme".

• "Diário 16", outro conhecido órgão de imprensa madrilenho, na edição de 15 de agosto, abordando o tema do filme blasfemo, faz uma re­ferência à campanha da TFP em No­va York: "E, simultaneamente, um reduzido grupo pertencente à Socie­dade Americana da Tradição, Famí­lia e Propriedade começou a ocupar estrategicamente todas as esquinas dos quarteirões adjacentes, com vistosos estandartes vermelhos e cartazes".

 

NA FRANÇA

 

Em sua edição de 12 de agosto, o diário parisiense "Le Figaro" faz alu­são à iniciativa da TFP norte-americana.

 

NA ARGENTINA

 

• O vespertino "Clarin" de Bue­nos Aires, de grande tiragem, na edi­ção de 13 de agosto, sob o título "Rui­dosa estréia do filme de Scorsese ba­seado em Jesus Cristo", publica ma­téria difundida pela agência ANSA que contém a seguinte alusão à TFP: "Para pedir a retirada do filme do cir­cuito de distribuição uma associação conservadora, a Sociedade America­na de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, comprou hoje uma pá­gina inteira de publicidade no 'The New York Times', trovejando contra a 'blasfêmia' de Scorsese. Nos Esta­dos Unidos — afirma a TFP — há leis que protegem os indivíduos contra as calúnias... Cremos, com maior razão, que também Nosso Senhor Jesus Cris­to está protegido por tais leis".

• O "Diário Popular", da capi­tal argentina, na edição de 13 de agos­to, reproduzindo parte de outro des­pacho da agência ANSA, registra: "Um grupo denominado Sociedade Americana para a Defesa da Tradi­ção, Família e Propriedade publicou avisos de página inteira em vários diá­rios, ontem, acusando a Universal de difamar Cristo".

• Na edição de 16 de agosto, o quotidiano portenho "La Prensa" publica na íntegra essa mesma maté­ria distribuída pela ANSA, na qual fi­gura a frase acima citada.

• No dia 12 de agosto, vários no­ticiários de rádio e televisão de Bue­nos Aires aludem à campanha da TFP dos Estados Unidos.

 

NO URUGUAI

 

• "Diário da Republica", de Montevidéu, estampou em 14 de agos­to a seguinte referência à publicação inserida no "The New York Times": "Um grupo denominado Sociedade Americana da Tradição, Família e Propriedade publicou anúncio de pá­gina inteira, hoje, em vários diários, acusando a Universal de difamar Cristo".

A matéria é ilustrada com foto, na qual aparece uma senhora que osten­ta o folheto distribuído pela TFP norte-americana.

 

NO CHILE

 

• O diário "El Mercurio" de San­tiago, edição de 24 de agosto, numa crônica que aborda a polêmica susci­tada pelo filme blasfemo, publica o seguinte: "A seção estadunidense da TFP, Tradição, Família e Proprieda­de, publicou uma inserção, de pági­na inteira, no 'The New York Times', que contém uma extensa carta aos es­túdios Universal, a qual começa com um grande título que diz: ‘Blasfê­mia!’'

 

NA AUSTRÁLIA

 

Noticiários de televisão fazem re­ferências ao lance da TFP norte-americana.

 

Nos órgãos de comunicação social do BRASIL

 

A iniciativa da TFP norte-americana alcançou expressiva reper­cussão em diversos jornais brasileiros de grande tiragem.

A TV Manchete apresentou no dia 12 de agosto, em horário nobre, fil­me sobre a campanha realizada em Nova York, no qual aparecem os es­tandartes da TFP e se faz uma refe­rência à entidade.

Apresentamos abaixo as principais repercussões de imprensa:

• A "Folha de S. Paulo", de 13 de agosto, em matéria enviada por seu correspondente em Nova York, Hé­lio Belik, reproduz em foto a página do "New York Times", e, após noti­ciar o lance da TFP, comenta: "Uti­lizando uma linguagem conciliatória, que em nada lembra artigos anterior­mente publicados pela organização nos EUA, a TFP pede que o filme seja exibido, em primeira instância, aos principais líderes religiosos do país, para que então se possa criar um de­bate democrático de seu conteúdo".

• Nesse mesmo dia, na "Folha da Tarde" (SP), em matéria intitulada "Tentação é demais para a cabeça da TFP americana", figura uma alusão a essa entidade: "A seção americana da organização TFP (Tradição, Famí­lia e Propriedade), que é de origem brasileira, publicou uma matéria pa­ga de página inteira nos principais jor­nais novaiorquinos denunciando o filme".

• A correspondente do "Jornal do Brasil" nos Estados Unidos, De­borah Berlinck, enviou matéria sobre a estréia do filme em Nova York, pu­blicada em 13 de agosto pelo matuti­no carioca. Nela há uma referência so­bre a presença de "cem integrantes que a Sociedade Americana de Defe­sa da Tradição, Família e Proprieda­de (TFP) colocou na porta do cine­ma, com estandartes e cartazes".

• Também no dia 13, artigo dis­tribuído por todo o mundo pela agên­cia UPI, de autoria de Aurelio Rojas, é reproduzido em três diários brasi­leiros: "Correio Brasiliense", "Tribu­na da Imprensa", do Rio, e "O Li­beral", de Belém. Nessa matéria fi­gura alusão à campanha realizada em Nova York.

• E no mesmo dia ainda, "A Pro­víncia do Pará", de Belém, publica matéria procedente de Los Angeles, que faz referência à carta-aberta da TFP dirigida aos diretores da Universal.

• Ilustrando matéria remetida pe­lo correspondente Milton Coelho da Graça, de Londres, "O Globo", de 15 de agosto, embora sem se referir à atuação da TFP em Nova York, pu­blica foto em que se vê nitidamente o folheto da entidade na mão de uma das manifestantes.

• Referências à iniciativa da TFP também se encontram nas edições de 16 de agosto da "Gazeta Mercantil" (SP) e de "A Tarde" (Salvador), bem como na edição de 17 do mesmo mês da revista "Veja"(SP).