Catolicismo, N° 537, setembro 1995 (www.catolicismo.com.br)

 

TFP reúne novos cooperadores

 

Dom Diego era um no­bre empobrecido. Seu castelo, outrora es­plendoroso, caía em ruínas. Um misterioso vizinho incita-lhe a ambição: se Dom Diego renun­ciasse a fazer o sinal da Cruz e retirasse de seu castelo todos os crucifixos, recuperaria seus bens e seu nome. O pobre cas­telão aceita a proposta. O pacto é selado. O velho nobre fica à mercê dos ímpios caprichos as­sinados.

O sino do velho mosteiro vizinho fazia latejar, com seus toques, a consciência de Dom Diego. Vendo próxima a mor­te e a fugacidade dos bens que acumulara, o nobre recorre, arrependido, ao Santo Abade do mosteiro. Vende tudo que tem, repara seus roubos e cri­mes e parte, penitente, para as Cruzadas. Tornou-se assim muito mais célebre do que po­deria ter sido como rico caste­lão: portando no peito a Cruz que renunciara, sua bondade tornou-se legendária, e até hoje dele se fala como Dom Diego Penitente.

* * *

Essa história faz parte de uma coletânea de contos me­dievais. Sua encenação cons­tituiu uma das peças de teatro representadas para os neo­cooperadores da TFP reunidos em congresso no passado mês de julho.

A seriedade da vida, a be­leza da virtude, a dedicação a um ideal, são apresentadas de modo atraente a jovens vindos de uma sociedade na qual se acumulam, de modo crescen­te, manifestações de desor­dem: desagregação da família, uso das drogas, suicídios, per­versões etc.

Diante desse quadro desalentador da civilização contemporânea, os congres­sos realizados pela TFP para seus jovens cooperadores têm a finalidade de fazer luzir o ideal, iluminado pela fé, em meio à confusão reinante em nossos dias.

Esquecidos de seus inte­resses imediatos, rejeitando as excitações e desvarios em torno de si, desejosos de adqui­rir cultura e conhecimentos históricos, os jovens se rela­cionam num clima de confi­ança e abnegação.

As conferências, intensa­mente participadas pelos ou­vintes, tratam de temas his­tóricos e sociológicos, das regras do pensamento e da be­leza do raciocínio, procuran­do despertar o gosto pela análise da realidade e pela reflexão.

Acontecimentos da Histó­ria Sagrada são evocados me­diante pequenas encenações, que ilustram de modo vivo o tema exposto. Para o estudo e a vida de pensamento — é mister ressaltar — a graça divina desempenha um pa­pel, cujo menosprezo é uma das causas de estagnação in­telectual.

Desmentindo a crença que se difunde atualmente, de que toda a juventude des­preza a seriedade e se lança eufórica na trepidante vida de pseudo-heróis, os dias de estudo e reflexão vividos pe­los neo-cooperadores da TFP mostram que a mocida­de, hoje como antes, é feita sobretudo para o heroísmo, e não para o prazer.