Plinio Corrêa de Oliveira

 

Cristo e a alta sociedade

Caridade fraterna ou plebeização total?

Dignificação pela Igreja

ou aburguesamento plutocrático?

 

 

 

Legionário, N. 260, 5 de setembro de 1937

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Notícias provenientes da França informam-nos das atividades das “Cadettes du Crist J. C. S.”, que se dedicam ao apostolado nos meios “grã-finos” da França. Já exercia, nesse país, o apostolado sobre os meios rurais, operários, escolares, etc. Coroando esta obra, vemos também as elites sociais beneficiadas pelo movimento restaurador. O fim que se procura por esse apostolado não é, note-se bem, a extinção da alta sociedade ou da vida chamada mundana, mas a santificação de ambas. Procura-se combater, antes de mais nada, essa religião colocada ao lado da vida, dos projetos, dos hábitos familiares e sociais, dos pensamentos e das conversas. Procura-se desfazer essa concepção negativa da religião, “don't” dos ingleses; quer-se substituir essa pseudo-religião de restrições e constrangimentos pela verdadeira Religião que é Vida, Alegria e perpétua Juventude.

Desejaríamos ver esse programa de apostolado instituído aqui em São Paulo. Isso tem para nós uma atualidade palpitante. Vivemos uma época de deliqüescência em que velhos troncos paulistas com raízes nas bandeiras apodrecem pelo cerne, corroídos já pela desmoralização familiar, já pela politicalha, ou ainda por uma certa preguiça de viver que os vai estiolando aos poucos nuns últimos rebentos que emboloram no parasitismo barato das repartições públicas. Há um “déracinement” [perda das raízes] generalizado, uma fuga do real, um abandono das tradições, uma obliteração de continuidade histórica; a isso corresponde um refúgio vergonhoso no falso e na fantasia. É uma espécie de entorpecimento depravado e suicida.

Enquanto isso, sobem os arrivistas. A cada família com a genealogia em Pedro Taques substitui-se outra, ainda cheia da brutalidade de origem. À aristocracia da Tradição, a plutocracia endinheirada. Ao espírito de fineza, o espírito de ostentação.

O resultado será uma sociedade completamente plebeizada, e isso no pior sentido do termo, que nos levará a uma sociedade homogênea na mediocridade, sem beleza e sem dignidade. Uma sociedade sem “quid”, “aplastada”, informe. Será um rebanho regendo-se o máximo possível por leis mecânicas e gregárias. É para essa sociedade de tipo mecânico com um mínimo qualitativo, que pode existir aqui como em qualquer parte, e que poderá ser um albergue, mas nunca um lar, é para essa sociedade que marchamos.

Como reagir?

A organização das “cadettes du Crist” em França, visando conquistar inteiramente para a igreja a mocidade daquele país nas esferas do “grand monde”, dá-nos um exemplo digno de ser imitado de como reagir contra a decadência moral e social das elites.

Adotam as “cadettes du Crist” os métodos peculiares à Ação Católica: círculos de estudos, inquéritos e documentações, bibliotecas especializadas, representações teatrais.

Cada grupo tem sua Presidente, Secretária, Tesoureira, Zeladora das Comunhões e adorações, Zeladora das Missões e Bibliotecária.

O trabalho dos “círculos de estudo” consiste na resposta a inquéritos previamente distribuídos, sendo a direção intelectual do movimento confiada aos Rev.mos Padres diretores da revista “Études” (jesuítas), e a direção da parte de Ação Católica a Monsenhor Courbe, Secretário Geral da A. C. em Paris.

Nota: Os negritos são deste site.


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