Definindo situações - A Liga Eleitoral Católica e os Partidos

“O Legionário”, N.º 112, 29 de janeiro de 1933

 

Comunicam-nos da Secretaria da Liga Eleitoral Católica que, a despeito do caráter leigo dessa entidade, organizada para defender os interesses do Catolicismo e orientar os católicos nas futuras eleições, é ela a única organização aprovada pelas Autoridades eclesiásticas, nos termos da Circular da Cúria Metropolitana de 12 de novembro de 1932, publicada nos jornais desta capital.

Sendo assim, não pode ser considerada [senão] como uma insubordinação e uma indisciplina qualquer iniciativa tendente a orientar a consciência católica para as mesmas eleições, através de outra organização eleitoral, colocando-se quem tome essa atitude numa posição verdadeiramente cismática.

Outrossim, a Liga faz ciente que, até o momento de se manifestar por estes ou aqueles candidatos à Constituinte, mantém a mais absoluta neutralidade em relação a todos os partidos atualmente existentes, ainda que em seu programa incluam alguns deles cláusulas favoráveis ao programa dos católicos.

É claro que os católicos, e portanto os membros da Liga, não pertencentes às diversas Juntas, podem fazer parte de qualquer desses partidos, uma vez que não sejam hostis à Igreja. Pois, neste caso, a preferência política deve evidentemente ceder lugar a um dever de consciência, que não pode tolerar, de sua parte, o apoio aos inimigos de suas convicções.

Mas, aos membros das Juntas locais, a LEC não permite o ingresso em partidos políticos, pois eles devem ser os dirigentes do seu eleitorado e, se entrassem para outra agremiação eleitoral, poderiam desviar em benefício desta, e prejuízo da Liga, a sua atividade.

Deve ficar bem patente ainda este ponto: a Liga Eleitoral Católica não é um partido político. Ela congrega todos os católicos, deste ou daquele partido para, unidos, poderem constituir uma força capaz de preservar o patrimônio moral do Catolicismo brasileiro da ameaça que sobre ele pesa pela ação dos seus inimigos.

Mas, em outra qualquer questão, conservam os membros plena liberdade para seguir os seus partidos.

Aliás, nas questões religiosas, mesmo que a Liga não existisse, os católicos deveriam ter sempre a mesma opinião, e defender a Igreja na política ou em outra qualquer parte. Havendo incompatibilidade entre suas crenças e seu partido, já estavam por isso obrigados a deixá-lo.

A Liga, pois, não vem criar uma situação difícil para certos casos, mas defini-la.