Legionário, N.º 260, 5 de setembro de 1937

7 DIAS EM REVISTA

Merece o mais franco apoio a atitude da chancelaria uruguaia que propôs a todos os governos latino-americanos que reconhecessem o estado de beligerância na Espanha.

É ótima esta oportunidade para que o Governo brasileiro reconheça o General Franco como atual chefe do Estado Espanhol, rompendo ao mesmo tempo as relações com os comunistas de Valência.

Esperamos, como católicos e brasileiros, que nossas autoridades sigam este caminho, o único compatível com as gloriosas tradições diplomáticas do Brasil.

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É curiosíssimo  um longo comentário com que a United Press, nos jornais do dia 1º pp., procurou explicar a atual onda de descontentamento que, graças a Deus, põe em cheque a estabilidade do governo russo.

A referida agência acha, de um modo geral, que as atuais insubordinações seguidas de largos massacres não são outra coisa senão uma manobra de Stalin para se desembaraçar de seus inimigos, dando a entender indiretamente que nenhuma consistência tem os déspotas soviéticos.

Em outros termos, não haveria, segundo as referidas notícias, nenhuma razão para que o mundo espere a próxima queda do terrorismo vermelho. Não seria possível defender com maior eficiência o prestigio internacional das autoridades soviéticas.

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Deploramos que nossas autoridades permitam ao Sr. Domingos Rex, enviado do governo comunista de Valência, fazer a larga propaganda que atualmente está levando a efeito. Ainda recentemente, chegaram-nos às mãos folhetos anunciando uma conferência feita por ele para nossos universitários, em um salão do centro da cidade. Esses folhetos tiveram a mais larga divulgação nos círculos acadêmicos.

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O Sr. Diniz Júnior teve, na Câmara Federal, palavras de elogios ao Sr. General João Gomes, ex-ministro da Guerra, a respeito da atuação por este desenvolvida por ocasião dos lutuosos acontecimentos de novembro de 35. Disse o Sr. Diniz Júnior que o Brasil está esquecendo no atual momento o digno militar que prestou inestimável serviço à sociedade brasileira sufocando o levante comunista.

Associando-nos plenamente aos encômios feitos pelo Sr. Diniz Júnior ao Sr. João Gomes, não podemos deixar de lembrar também o Sr. Vicente Rao, que trabalhou com denodo na repressão ao comunismo.

Os católicos devem a estes dois eminentes brasileiros seu reconhecimento pelos grandes serviços por eles prestados em 35. A dolorosa situação que atravessamos nos permite medir o proveito que o Brasil tirou de sua atuação enérgica e eficiente.

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Merece francos aplausos a atitude do Sr. Prefeito Fábio Prado, que cedeu o Teatro Municipal, com caráter permanente, nos 1ºs. domingos de cada mês, à Federação Mariana, para  que nele realize suas sessões.

O “Legionário”, que protestou veementemente quando S. Ex.a, há não muito tempo, cedeu o mesmo teatro a um Congresso de Teosofistas, folga em aplaudir agora o seu gesto.

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Constituiu-se nesta Capital uma comissão que deseja pugnar para adoção do divórcio a vínculo no Brasil. Nesta comissão, figuram diversos jornalistas, o que aumenta a repercussão dos trabalhos que vão ser levados a efeito neste sentido.

Os argumentos com que a comissão lançou o seu manifesto repetem as velhíssimas teses com que se pretende justificar o divórcio.

Em si, o fato não teria maior interesse se, dentro do panorama nacional, não viesse coincidir com uma série de outras iniciativas simultâneas tendentes a arrancar o Brasil das velhas e gloriosas raízes católicas de sua civilização.

Vejamos que prosseguimento vai ter tal campanha.

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A “Gazeta” publicou, há dias, uma fotografia de S.Ema o Sr. Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro em companhia de uma comissão que trabalha pela candidatura do Sr. José Américo de Almeida à presidência da República. Infelizmente a referida fotografia era encimada por um título que dava a entender que sua Eminência tem preferências pelo candidato majoritário.

Pelo contrário, Sua Eminência é absolutamente neutro na questão da sucessão à presidência da República.

Estamos seguramente informados de que a mencionada comissão foi visitar o eminente purpurado para, num gesto de cortês deferência, comunicar-lhe o lançamento da candidatura do Sr. José Américo de Almeida. Agradecendo a comunicação, S. Ema adiantou que não tem preferências por qualquer dos candidatos. E consentiu em ser fotografado em companhia dos membros da comissão com a expressa  condição de constar publicamente este fato.

Convém que se registre, para evitar interpretações errôneas.

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É curioso que todos os jornais tem ressoado com notícias sobre a desgraça dos meninos bascos, reduzidos a pedir refúgio em terra estrangeira, contra as tropas nacionalistas.

Merece realmente dó o destino de tais crianças, principalmente por que os causadores de sua desdita não são os nacionalistas, mas os seus próprios pais que, por um incompreensível desvio do sentimento religioso, se puseram ao lado dos comunistas, colocando os nacionalistas na dolorosa contingência de bombardear as cidades bascas.

O que é especialmente digno de nota é que, enquanto todo o mundo fala dos órfãos bascos, não há uma única palavra a respeito dos meninos que foram obrigados a expatriar-se do México, em vista das perseguições dos comunistas.

“El Pueblo”, o valoroso órgão católico da Argentina, publicou a fotografia de numerosos destes meninos que foram forçados a procurar auxílio em território estrangeiro, contra a sanha dos comunistas.

Mas as agências telegráficas não se incomodam com eles, porque eles não são vítimas dos nacionalistas, mas dos comunistas.