Legionário, N.o 268, 31 de outubro de 1937

Sete dias em Revista

Queremos iniciar as notas de “Sete Dias em Revista” com uma notícia alentadora e confortadora para todos os corações realmente piedosos. A Penitenciária do Estado, sob a direção do Sr. Accacio Nogueira, tem sido campo aberto para o apostolado católico, e o “Legionário” já publicou uma reportagem sobre os magníficos frutos que o Capelão daquele presídio, o Rev.mo Sr. Pe. Francisco Magnini, P.S.S., teve ocasião de colher no exercício de sua função.

Na semana passada, porém, deu-se um fato que excedeu de muito a nossa expectativa. Pregando um tríduo aos presidiários, o Rev.mo Frei Ângelo Maria do Bom Conselho, O.M.C. conseguia um tal fruto que foram necessários quatro Sacerdotes para ouvirem as confissões dos presidiários, tal o número deles que procurou a absolvição sacramental. E, no dia do encerramento do tríduo, houve nada menos de 600 comunhões!

Não espanta a abundância do fruto, uma vez que a Providência se serviu do Rev.mo Frei Ângelo do Bom Conselho como instrumento. Sacerdote de alma verdadeiramente apostólica, de um amor e de uma obediência sem limites à Santa Igreja de Deus, de uma palavra ardente que edifica a todos que a ouvem, Frei Ângelo do Bom Conselho é um verdadeiro dom de Deus ao Estado que o viu nascer.

Os católicos não devem deixar de, ao registrar o fato, acentuar a excelente orientação que, sob o ponto de vista religioso, o Dr. Accacio Nogueira dá a nossa Penitenciária.

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Outro fato que merece nosso franco aplauso é a proposta do Sr. tenente-coronel Marinho Sobrinho que propôs a entronização da imagem do Sagrado Coração de Jesus na sala das sessões do conselho da Caixa Beneficente da Força Pública.

Já temos mostrado insistentemente que os católicos devem acompanhar com a máxima simpatia todos os movimentos ou iniciativas tendentes a aproximar da Igreja as classes armadas.

Nossos louvores, pois, à excelente iniciativa do Sr. tenente-coronel Marinho Sobrinho.

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Também merece nosso aplauso o gesto do Sr. General Daltro Filho, Interventor Federal no Estado do Rio Grande do Sul, que ordenou o fechamento de todas as casas de jogo que se encontram naquele Estado, e que, infelizmente, dispunham do amparo e da tolerância franca do governo do Sr. General Flores da Cunha.

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Nossos aplausos, ainda, à deliberação do Sr. Prefeito de Belo Horizonte que constituiu uma comissão incumbida de expurgar a Biblioteca Pública daquele Município de todos os livros de tendência comunista.

Há meses atrás, um vereador propôs a mesma medida na Câmara Municipal da Capital do Estado vizinho, e sua proposta foi rejeitada. Hoje, à vista do perigo, passando por cima dos liberalismos e das irresoluções da Câmara, o Sr. Prefeito acaba de ordenar diretamente a medida em questão.

O exemplo não se irradiará para fora de Minas?

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Tivemos ocasião de acentuar que o Sr. Hitler está estimulando o Duque de Windsor a intervir novamente na política inglesa. Os telegramas recentemente vindos da Europa confirmam nossa suposição. O Füehrer, cujos minutos são preciosos, gastou duas horas inteiras em conferenciar com o ex-soberano inglês, tendo sido secreta uma parte do conciliábulo. Depois disto, o Duque de Windsor declarou à imprensa alemã que adquirira na Alemanha conhecimento “que muito lhe serviriam para o futuro”, sobre questões sociais.

Serviriam? Para que, uma vez que a correção manda que S. A. nunca mais volte a exercer na Inglaterra qualquer função política, pois que criaria evidente embaraço para Jorge VI?

Perguntará alguém o que tem o “Legionário” de ver com tudo isto, e se ele simpatiza com a atual situação política da Inglaterra, a despeito das graves e imperdoáveis culpas do governo inglês para com a Igreja e a civilização, uma vez que esse governo protege os comunistas espanhóis e se alia aos comunistas russos.

A resposta é simples. Evidentemente, o atual regime inglês nenhuma simpatia nos inspira. Mas convém assinalar o curso que vão tomando as coisas, para depois ser explicado muito acontecimento em que a Igreja poderá vir a ser interessada.