Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de maio de 1941, N. 453

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A respeito da sensacional “fuga” do Sr. Rudolph Hess pouco temos a dizer. O assunto é por demais confuso, ou se tornou por demais confuso, para que se possa formar sobre ele uma ideia clara. Entretanto, o que as agências telegráficas deixam filtrar até nós, autoriza estas hipóteses que o futuro confirmará ou desmentirá. Entre essas, há uma para a qual não queremos deixar de chamar a atenção de nossos leitores.

Está posto fora de qualquer discussão, de acordo com o noticiário telegráfico, que o Sr. Hess já conhecia o Duque de Hamilton, com quem travou relações de amizade durante as olimpíadas de 1936, em Berlim. Por outro lado, parece também inquestionável que o Sr. Hess, quando se dirigiu à Escócia, já teria em vista o castelo do Duque  Hamilton, pois que este castelo estava assinalado com um pequeno círculo azul, no mapa que o Sr. Hess trazia no bolso, e que indicava o caminho que seguiu para ir da Alemanha à Escócia. O pequeno círculo azul figurava como ponto final da trajetória. E, quando caiu o avião, o Sr. Hess não tardou em pedir para se avistar com o Duque; este por sua vez enviou uma carta ao jornal inglês, lembrando-lhe a conveniência de um movimento pró paz. Assim, parece indiscutível que o Sr. Hess não “fugiu” da Alemanha senão para fazer uma viagem de fins essencialmente políticos.

Até que ponto o Sr. Hitler estava interessado nesta viagem? É esta a grande interrogação que as diatribes da imprensa nazista contra o Sr. Hess não bastam para resolver.

* * *

O fato é que o Sr. Hitler tem encontrado tantos e tantos asseclas nos mais diversos países, que não reputamos absurdo que o duque de Hamilton seja um deles.

Estes asseclas, efetivamente, são de uma pertinácia, uma audácia, um maquiavelismo que espanta. Está neste caso, por exemplo, o Sr. Degrelle, de quem, recebemos através de uma revista belga publicada na Argentina, interessantes notícias. O Sr. Degrelle moveu, de acordo com o que informa esta revista, uma forte campanha contra o Episcopado belga, sob o pretexto de que ele “dá mais crédito a Churchill do que às Sagradas Escrituras”. Este é o antigo paladino de Cristo-Rei! E, para coroar tudo isto, o Sr. Degrelle declarou a um jornal fascista, editado na Itália, que está preparando um corpo expedicionário a fim de bombardear Londres com aviões e aviadores belgas. Mas felizmente o Sr. Degrelle não é a Bélgica. Ou, antes, a Bélgica é o contrário do que é o Sr. Degrelle.

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Também a solidariedade do Sr. Serrano Suner com o Sr. Hitler continua ardente. Para provar isto, basta o telegrama por ele expedido ao Sr. Mussolini, por ocasião da fundação do Império Italiano:

ROMA, 10 (S.) O ministro do Exterior da Espanha, enviou ao “duce” o seguinte telegrama.

“Por ocasião do aniversário do Império fundado por vosso gênio, expresso-vos minhas mais sinceras felicitações, meu devotamento, minha amizade inalterável pelo povo italiano e minha alegria pelas recentes vitórias, assim como votos pela realização da nova Europa, na qual a falange marchará, ao lado do fascismo e do nacional-socialismo. (a) A Serrano Suner.”

E ainda há quem se espante, quando dizemos que o fascismo, o nacional-socialismo e o falangismo tem a mesma base doutrinária. Somos nós que o dizemos? Não: é o próprio Sr. Serrano Suner que o afirma.

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Como todos veem, a colaboração germano-russa está atingindo seu auge, pela intervenção ativa da Rússia ao lado da Alemanha, na política asiática.

O “Legionário” já previu longamente tudo quanto se está passando. E, exatamente agora, quando parece ter chegado a seu zênite esta colaboração, permitimo-nos adiantar mais uma coisa a nossos leitores, coisa esta que certamente lhes causará surpresa: no pé em que estão essas relações, tanto é possível que durem longamente, quanto que de repente a Alemanha agrida a Rússia. E tudo isso sem que deixe de ser perfeitamente real a simbiose nazi-comunista.

“Qui vivra verra” [quem viver, verá, n.d.c.].


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