Legionário, N.º 486, 4 de janeiro de 1942

7 Dias em Revista

Consideramos lamentabilíssimo que às trágicas ingenuidades que tiveram por desfecho o insucesso de Pearl Harbor se venha a somar a inominável imprevidência dos que, proclamando Manilha cidade aberta, esperaram assim conservá-la resguardada contra bombardeios.

Com efeito, a inesperada irrupção do conflito nipo-americano quando em Washington seguiam seu curso as conversações diplomáticas a cargo dos Srs. Nomura, Kurusu e Sumner Welles, prova de sobejo que é tão ridículo procurar circunscrever com convenções internacionais os manejos dos totalitários, quando limitam com um risco de giz um incêndio ou uma inundação.

Enquanto o espírito de Munique e de Montoire grassarem nas hostes anti-totalitárias do Pacífico, desastres como este serão sempre de se temer.

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Dados os inexplicáveis mistérios que ainda hoje circundam o "caso" do Sr. Rudolph Hess, não consideramos fora de cogitação a hipótese de ter descido na Irlanda, em pessoa, o general Von Brauchitsch. A história de sua destituição nos parece mal contada. Mas ela se explica perfeitamente se a considerarmos como um romance destinado a aureolar aos olhos da opinião inglesa aquele militar. Assim, teria ele descido na Irlanda para chefiar um trabalho de quinta-coluna, precisamente como o Sr. Hess desceu na Escócia. E, se a ação da Providência não lhe permitiu conservar-se incógnito, ao menos procuram agora os resíduos do partido chamberlainista lançar o véu do mistério em torno de mais este insucesso.

É, ao menos, uma hipótese muito plausível.