Legionário, N.º 513, 12 de julho de 1942

7 Dias em Revista

[...] O LEGIONÁRIO, se bem que resolutamente antifascista, sempre se opôs a certas campanhas que, pretextando visar os erros do totalitarismo italiano, atingiam na realidade o povo da Itália. Não devemos identificar esse povo — um dos mais gloriosos da Cristandade — com os erros do fascismo. Como brasileiros e como católicos, se bem que formulemos as mais expressas reservas contra a política do atual governo italiano, julgamos de vital importância que não se identifique a Itália — escrínio no qual o Providência situou a Sede de Pedro — com erros políticos, aliás gravíssimos, de seus atuais dirigentes.

Nestes termos, consideramos excelente a medida adotada pela Superintendência de Segurança Política e Social que facilita imensamente, para os cidadãos italianos, as formalidades a que, por motivos evidentemente justíssimos, estão submetidos os súditos das potências totalitárias.

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Para os cidadãos japoneses e alemães, continuam em vigor as precauções exigidas por nossa polícia. E tem esta toda a razão. Há, é certo, súditos teutônicos ou nipônicos que não são solidários com os desmandos de seus respectivos governos. Mas precisamente porque esses dois países não são unanimemente católicos — e, pelo contrário, têm forte população acatólica — a  reação contra o totalitarismo, circunscrita na Alemanha a apenas uma fração da população, é no Japão quase nula. Este fato se reflete evidentemente nas colônias aqui estabelecidas, e leva nossa polícia a agir com toda a cautela.

Se esta diferença agasta aqueles que não tem a menor culpa pelos erros dos seus governos, o agastamento deve voltar-se contra estes e não contra precauções indispensáveis de nossa polícia.

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Recebemos de quando em vez cartas anônimas de um fanático da Revolução Espanhola, que se estende em digressões, por vezes calmas e lúcidas, por vezes truculentas e arrebatadas, ao que ele qualifica nossa “hispanofobia”. É de se supor que o estado de espírito desse missivista anônimo não seja só dele, mas de mais de um partidário da benemérita Revolução Espanhola, que, na amargura da luta e no entusiasmo do triunfo, tenha perdido a calma necessária para ajuizar da complexidade dos fenômenos políticos que se vem desenrolando em sua terra.

Assim, julgamos conveniente acentuar que o General Queipo de Liano, que ninguém pode qualificar de “anti-espanhol”, foi levado a uma atitude de franca oposição ao General Franco, e que se encontra, no momento presente, privado de todas as funções de mando.

O que quer dizer isto senão que realmente as conivências do Sr. Serrano Suner com o “eixo” enchem de apreensões mesmo espanhóis absolutamente integrados na causa da Revolução, e que eles temem que o Sr. Franco seja arrastado a rumos políticos bem diversos dos propósitos essencialmente católicos com que, no campo de batalha, morriam os heróicos saldados da Revolução?