Legionário,  N.° 544, 10 de janeiro de 1943

7 DIAS EM REVISTA

As notícias que nos chegam da Grã-Bretanha exprimem a grande reação que continua a despertar, no Reino Unido, o plano absolutamente socialista do Sr. Beveridge.

Nota-se que os elementos mais expressivos da cultura e tradições inglesas se recusam a consentir em todos os excessos, que fazem de algumas medidas justas do plano Beveridge um verdadeiro golpe de estado das forças igualitárias.

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Esta observação é para nós de capital importância, porquanto demonstra que se iludem os brasileiros precipitados e eternamente sonhadores que quereriam aplicar, assodadamente entre nós, os projetos socialistas do Sr. Beveridge.

Tivemos uma monarquia mais liberal que a da liberal Inglaterra; instauramos uma república mais democrática que a dos Estados Unidos; não nos leve agora o entusiasmo a desejar um plano social mais esquerdista que o do Sr. Beveridge.

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Terminadas com o dia dos Santos Reis Magos, as festas do tempo de Natal, já começa a se fazer sentir a campanha em prol do carnaval.

Estes velhos folguedos paganizantes que tendem a desaparecer cada vez mais completamente de nosso meio, e a que só uma propaganda inteiramente artificial pode conservar certas aparências de vitalidade, são hoje em dia de uma inoportunidade flagrante.

Com efeito, no momento em que o Brasil se encontra em guerra e exige de seus filhos sacrifícios cada vez maiores, as festas de carnaval, enervando nos espíritos o sentido da luta e a coragem para o sofrimento, produzem conseqüências nocivas ao país.

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Seria por isto altamente conveniente que nossas autoridades, além de negar aos folguedos carnavalescos todo e qualquer concurso, proibissem ao menos o [...] carnaval de rua.

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Poder-se-ia objetar certamente que as ocasiões de sofrimento são aquelas em que é preciso animar o espírito público, franqueando-lhe maior soma de prazeres.

Rejeitemos esta lógica própria de povos decadentes. Todas as nações que se desfazem em ruínas procuram fugir à gravidade de sua situação, afogando em prazeres as preocupações que não ousam encarar de frente.

Não é nas lutas carnavalescas que se preparam os heróis para as lutas cruentas que a defesa da Pátria exige.

No momento oportuno se verá que os melhores defensores da Pátria não se recrutaram nos clubes carnavalescos, mas nas fileiras desta mocidade pura, que se forma nos retiros espirituais.