Legionário, Nº 590, 28 de novembro de 1943

7 DIAS EM REVISTA

Graças a Deus, não foram vãos os argumentos que invocamos contra a soltura de "sir" Oswald Mosley. A indignação que a imprudentíssima medida causou em todos os setores da opinião britânica foi imensa. Nos debates parlamentares, a oposição ao gesto do governo partiu não só da bancada trabalhista, como da conservadora. Ninguém pode compreender porque levantar, precisamente neste momento, tão grave questão.

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Com efeito, alegou-se que seria preciso tratar em um hospital o Sr. Mosley. Neste caso, por que não o prender à vista em algum hospital? Não será está a primeira nem a última vez que tal se faz. É verdadeiramente surpreendente que idéia tão simples - M. de la Palisse e o Cons. Acácio já a teriam tido mil vezes - não ocorresse aos responsáveis pela detenção de Mosley. Mais um enigma a ser colocado ao lado de outro: o do Sr. Rudolph Hess.

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   Mas há um mistério que não é mistério. É o do Sr. Pétain. Com grande orquestração prévia, está se preparando uma reabilitação do velho Marechal. Agora, ao apagar das luzes, quando a cooperação com o III Reich só lhe pode ser onerosa, ele se lembra de brigar com os nazistas. Estes, apesar de sua conhecida ferocidade, deixam-no fazer tudo quanto entende, e tomar as atitudes as mais "altivas". Agências telegráficas noticiam o fato para o mundo inteiro. Quem lucra com isto? A França? De modo nenhum. A reação francesa contra os ocupantes será tanto mais enérgica quanto menos se acreditar em Vichi. Ora, quanto mais se acredita que Vichi está reagindo, tanto mais se obedecerá em território francês a Vichi. A Alemanha contente nestes boatos que confirmam o prestígio de seu títere. E, por outro lado, o Sr. Pétain, prestando este pequeno serviço aos seus aliados nazistas, prepara ao menos alguma popularidade entre os franceses favoráveis à reação e contrários à colaboração. É o que o Evangelho chama "fazer amigos com as riquezas da iniquidade".

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Julgamos, pois, de toda importância acentuar que o governo do Sr. De Gaulle já manifestou seu inteiro cepticismo quanto a essa "conversão" de Pétain, o que a opinião pública bem orientada deve achar absolutamente sensato.