Legionário, N.º 614, 14 de maio de 1944

7 DIAS EM REVISTA

Publicou-se na semana passada o seguinte telegrama:

"ZURICH, 6 (R.) - A rádio do Vaticano, em sua irradiação em alemão, relembrou hoje a alocução pronunciada pelo Papa, quando se dirigiu aos operários italianos e membros da Ação Católica, sobre a paz internacional e social.

"A paz social é um precípuo requisito da paz internacional" - disse o locutor, que acrescentou:

"A Igreja está inteiramente cônscia de que a condição operária não é satisfatória em muitos países e exige justos salários e condições de abrigo que permitam aos operários o sustento de suas famílias, o seguro social contra doenças e velhice e a possibilidade de um pecúlio."

Os que acusam o Papa de ter fracassado em impedir a guerra ou mesmo de ser responsável por essa calamidade são inimigos de Deus e sua Igreja. Quando, depois da guerra, forem abertos os arquivos, sairá à luz o que de esforços foram feitos pelo Santo Padre a fim de evitar a guerra. Ele, entretanto, confia em que nenhum cristão acreditará naquela mentira e calúnia e que se apegarão à única esperança que lhes resta: Nosso Senhor e Salvador".

Que o Papa tenha sido caluniado de modo tão simplório e falso, não espanta. Graças a Deus, os inimigos da Igreja nem sempre são inteligentes. Mas o que espanta é que a Santa Sé tenha julgado útil fazer uma refutação de tal calúnia, isto prova que houve setores da opinião em que ela alcançou algum êxito, se bem que seja evidentemente contrária a todos os dados da razão e do bom senso. Nada pode exprimir melhor a desorientação contemporânea do que a existência de homens capazes de dar crédito a balelas destas.

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Em meio a todas as suas aflições, o Santo Padre Pio XII encontra tempo para desenvolver uma obra doutrinária fecunda em favor dos cristão. Está na memória de todos a monumental encíclica "Mystici Corporis Christi", em que o Sumo Pontífice inculca a devoção ao corpo místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Santa Igreja Católica, e condena os terríveis erros que "serpeavam" - a expressão é do Pontífice - entre os fiéis sobre este admirável assunto. Na mesma Encíclica, o Santo Padre condenou também, severamente, os erros do "Liturgismo de má lei" - outra expressão oficial do Vaticano - que fez no Brasil e por toda a parte terríveis devastações espirituais. E, agora, chega-nos a notícia sumamente auspiciosa de que, sobre o "Liturgismo de má lei", o Santo Padre elaborou mais um documento: é uma carta ao Ex.mo Rev.mo. Sr. Bispo de Moguncia, na Alemanha, escrita em data de 7 de fevereiro do corrente ano.

Logo que possua o texto do inestimável documento, o LEGIONÁRIO o divulgará pressurosamente, para conhecimento de seus leitores.

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Tristíssimo, este telegrama também publicado na semana passada:

"ESTOCOLMO, 10 (R.) - A agencia alemã de notícias para ultramar disse ontem à noite: "Para o futuro, oito soldados da guarda pontifícia manterão guarda aos apartamentos do Papa durante à noite. Até agora a guarda pontifícia funcionou apenas, nesse mister, durante o dia, policiando os apartamentos do Papa, as salas de recepção e acompanhando-o quando deixava o palácio".

Positivamente, é verdade que "Deus torna loucos aqueles a quem quer perder". Será possível que a propaganda nazista não perceba que não é contra raids [ataques] aéreos que o Papa reforça a guarda de seus apartamentos com meia dúzia de soldados armados de fuzis, mas contra a possibilidade de um atentado? E de quem poderia vir o atentado, em uma cidade onde dominam os nazistas?

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A propaganda protestante vai fazendo entre nós as suas devastações. Ainda há dias, um soldado do corpo expedicionário pediu - em vésperas de partida! - desligamento do Exército sob pretexto de incompatibilidade com a vida militar, por motivo de se ter filiado a certa seita protestante, na qual, aliás, recebeu o cargo de "pastor".

O Sr. Ministro da Guerra indeferiu o requerimento. O pequeno episódio mostra bem o mal que pode fazer ao país a propaganda herética, com todos os desvarios que a caracterizam.