Legionário, Nº 692, 11 de novembro de 1945

7 Dias em Revista

Folgamos em registrar que as eleições na Hungria registraram resultados muito desfavoráveis ao comunismo.

O acontecimento é de muita importância do ponto de vista ideológico pois que a Hungria que já foi uma barreira da Civilização Cristã contra o islamismo, e mais tarde ao findar a última guerra mundial, serviu de barreira contra o comunismo, preserva mais uma vez o centro europeu e a Civilização Cristã de um inimigo mortal.

É fato infelizmente que a Hungria não soube desenvolver o mesmo papel no que diz respeito ao nazismo. Se ela tivesse tomado claramente posição contra o totalitarismo pardo, talvez toda a triste história da queda da Checoslováquia, da Áustria e da Polônia fosse outra.

Mas é preciso reconhecer que na sua presente reação contra o comunismo ela começa a resgatar sua falta.

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"Os preparativos para as festividades de hoje excederam tudo quanto fora visto anteriormente na capital soviética. A cidade está transformada num mar de bandeiras, "slogans" gigantescos e enormes retratos dos líderes soviéticos principalmente "Lenine e Stalin", diz um despacho da "Reuters", descrevendo os preparativos da festa comemorativa da revolução soviética. E continua: "À noite, grupos de concertos darão espetáculos nas ruas, praças e parques, realizando-se também demonstrações de ginástica. Os teatros darão espetáculos de gala". Mais adiante acrescenta: "Dezenas de milhares de pessoas enchem as ruas em demonstração de regozijo pelo 28º aniversário da revolução soviética".

Tirando a palavra "soviético", e substituindo-a por "nazista"; substituindo os nomes de Lenine e Stalin pelo de Hitler, temos uma notícia típica de propaganda nazista. O processo é o mesmo. E a finalidade a mesma: iludir o próximo. Não é difícil levar "dezenas de milhares de pessoas" a "encher as ruas, praças e parques", quando se gastam rios de dinheiro com essas festanças.

A população enche os logradouros públicos, sequiosa de aproveitar essas diversões, depois de anos de privações de toda ordem. E, com base neste fato que não significa politicamente coisa alguma, pois que o povo se diverte para se divertir, e só para isto, proclama-se cinicamente que todo o mundo que está na rua distraindo-se tem uma intenção real: manifestar apoio ao regime.

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Chamamos a atenção de nossos leitores para os acontecimentos terríveis que se passaram em Manila e que revelam um ódio especial que as autoridades militares nipônicas nutriam contra o Catolicismo. Esses fatos mostram bem que é uma pura ilusão propagandística a famosa afirmação de que o Império do Sol Nascente favorecia a expansão das missões. Quanto a ferocidade deste ódio prova a continuidade da Igreja. Nosso Senhor suscitou contra Si terríveis ódios e morreu na Cruz sob um dilúvio de ódios. Não espanta pois que também os fiéis de Jesus Cristo, da Santa Igreja de Deus suscitem contra si ódio igual.

"Porei inimizades entre os filhos da Mulher e os da serpente" diz Deus no Gênesis. Filhos da Mulher, de Maria Santíssima, somos todos católicos. E por isto os filhos da serpente - e os há por toda a parte - nos odiarão sempre.

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Continua bastante indecisa a situação na França. Nota-se que o elemento anticomunista começa a se rearticular, e que trabalha intensamente no sentido de diminuir a pressão soviética. Evidentemente, não se trata de antigos colaboracionistas, pois que estes se encontram fulminados perante a opinião, por uma espécie de morte civil. Mas são elementos que, não tendo colaborado com o inimigo pardo, também não querem colaborar com o inimigo vermelho. Anticolaboracionista em toda a linha como se vê.

E temos a maior curiosidade em saber como se vai situar em definitivo, diante de acontecimentos tão complexos, o governo Bidault.