Legionário, Nš 735, 8 de setembro de 1946

7 Dias em Revista

Infelizmente, o desfecho inevitável das imprudências do Sr. De Gasperi, que prevíramos em nossa edição anterior, se verificou.

Em lugar de se ater a uma linha de conduta doutrinariamente moderada, e capaz por isto mesmo de conciliar as simpatias dos católicos de todos os matizes, o Sr. De Gasperi, com sua política de colaboração com os comunistas, política da qual o menos que se pode dizer é que é perfeitamente imprudente e ingênua, obrigou o elemento católico mais atilado e prudente a dissentir. Daí a formação do "Partido Nacional Cristão" oposto ao "Partido Democrata Cristão".

Da cisão à polêmica, vai só um passo: este acaba de ser transposto. Os jornais de ambos os partidos estão em franca discussão.

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De quem a culpa? Os católicos que romperam com o Sr. De Gasperi não o fizeram por mau humor, nem por espírito baixamente provocador. Foram forçados por um dever de consciência, dos mais imperiosos, porque ninguém pode prestar colaboração ao mal e quando o melhor dos amigos e colaboradores se desvia, somos forçados a romper com ele.

Por que o Sr. De Gasperi permitiu que as coisas fossem tão longe? Avisado de que, a continuar sua aliança com os comunistas, ele perderia o melhor de seus partidários católicos porque não voltou atrás?

É fácil explicar sua atitude, analisando sua mentalidade, em última análise, ele teve de optar entre o apoio de católicos e de comunistas. Preferiu estes. Há algo de mais significativo para pintar uma mentalidade?

E de uma mentalidade assim, o que esperar?

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Os fundadores do Partido Nacional Cristão foram leais. Continuaram a dar sua solidariedade ao P.D.C. em tudo que este fizesse pela Igreja. Os partidários do Sr. De Gasperi, responsáveis pela ruptura, entretanto, não ficaram contentes e, ao que parece, em palestras e artigos começaram a taxar de belicosos e agressivos os membros do P.N.C. Este se defendeu. E, mais uma vez por mera culpa do P.D.C, está a polêmica patente ao público.

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Receamos muito que ocorra qualquer coisa de análogo na França. Como se sabe, comunistas, socialistas e católicos do M.R.P. estão ali coligados. Ora, que faz em plena vigência dessa colaboração o Partido Socialista? Abre uma campanha contra o "clericalismo", o ensino religioso, etc..

É romper com a opinião católica. O que farão os católicos que compõem a mais alta direção do M.R.P.? A opinião legitimamente católica quererá que eles defendam a Igreja. Se eles se recusarem a isto, os católicos terão de romper com eles e escolher outros defensores.

É que a opinião genuinamente católica é muito feroz: cette bête est três méchante, quand on l'attaque, elle se défend! [este animal é muito mau: quando atacado, ele se defende]

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Nunca será suficiente acentuar a importância da circular recente da Sagrada Congregação dos Seminários impondo "clara separação dos sexos" nas escolas católicas do mundo inteiro, nos casos e circunstâncias impostos pela Encíclica Divini Illius Magistri.

Oportunamente publicaremos o texto desse documento que constitui corajosa reação contra a maré montante dos costumes chamados modernos.

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Não sabemos se foram honestas as eleições na Saxônia. Tudo leva a crer que não, já que se realizaram sob controle soviético.

Mas em qualquer caso pouco significa a derrota ali sofrida pela União Cristã Democrática, que só obteve 13 cadeiras: em Saxe a maioria é protestante.

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Folgamos em registrar o esmagamento dos comunistas gregos, no recente pleito eleitoral em que imensa maioria popular deu ganho de causa à monarquia.