Legionário, Nº 743, 3 de novembro de 1946

7 Dias em Revista

Noticiamos em nosso último número o alastramento do movimento comunista dos squatters da Europa para os Estados Unidos.

Segundo nossas previsões e receios, um caso idêntico ao dos squatters se verificou no Rio de Janeiro, onde, favorecidos pela inércia da policia, agitadores e desordeiros ocuparam um vasto edifício abandonado do bairro do Rio Comprido.

Entrementes, esse movimento continua veemente na França, onde, na cidade de Lille, turmas de desordeiros ocuparam um prédio, que estava sendo preparado pela Prefeitura para alojar vitimas de guerra.

A generalização de fatos como este revela a debilidade do senso de propriedade em nossos dias e, por uma ação reflexa, concorre para fazer o jogo do comunismo.

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Noticia-se que os processos dos nazistas na Alemanha vão tomar novo incremento depois dos julgamentos de Nuremberg.

Entre as várias categorias de pessoas a serem abrangidas pelas novas investigações, figuram especialmente duas categorias de pessoas, isto é, elementos graduados do exército alemão e médicos em exercício nos campos de concentração. Pelos motivos já expostos, julgamos senão radicalmente injustos, pelo menos perigosos e inoportunos os processos contra membros do estado maior.

Entretanto, julgamos não só necessária, mas indispensável a máxima severidade no julgamento dos médicos que abusaram da ciência para cometer as maiores atrocidades nos campos de concentração.

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Temos mostrado insistentemente a nossos leitores que a atitude aparentemente anticomunista do partido trabalhista britânico não deve inspirar confiança. Enquanto o gabinete trabalhista desenvolve uma reação diplomática ostensiva contra o comunismo, de fato a política social dos trabalhistas combate de todos os modos a iniciativa privada, e prepara com isto a estatização da Inglaterra.

Assim, no último congresso anual das "Trade Unions", realizado na semana passada, enquanto 3.557.000 votantes aprovaram a política internacional anti-russa do Gabinete, 2.444.000 votantes se manifestaram contra essa política. Isto eqüivale a afirmar que num total de 6.000.000 de votantes, mais de 40 por cento desejam que a Inglaterra aprove o banditismo internacional, financeiro e ideológico da URSS.

Foi, pois, com muita razão que um telegrama da "Reuters" pôde anunciar que o fato político mais importante das "Trade Unions" foi o recrudescimento da influência soviética.

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Quanto à campanha de cartas injuriosas que estaria sendo movida contra o Santo Padre, cuja correspondência se teria avolumado ultimamente com numerosas cartas anônimas contra a atitude do Vaticano no caso Iugoslavo, não temos um só comentário a fazer. A torpeza deste processo de combate político serve de prova exuberante da baixa mentalidade de seus autores.