Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, N.º 762, 16 de março de 1947

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O discurso de Truman demonstrou toda a fraqueza, inconsistência, precariedade da Organização das Nações Unidas, tão pomposamente inaugurada ainda há poucos dias atrás. Não sabemos se esse frágil edifício se esboroará agora. Mas, pelo menos, os fatos acabam de demonstrar que ele é de argila.

Isto nos faz lembrar o que escrevemos há algum tempo. A Organização das Nações Unidas está fadada ao insucesso, por causa de seu laicismo. Qualquer organização internacional que se afaste da idéia de Deus não pode deixar de conduzir ao domínio dos mais fortes sobre os mais fracos. E, evidentemente, se é este o resultado a que se há de chegar, para que tribunais de justiça internacional, leis internacionais, etc., etc?

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Não fiquemos nas meras palavras. Só com a "idéia de Deus" nada se faz. Primeiramente, porque Deus não é uma ficção, mas uma realidade, o Ser absoluto. Em segundo lugar, porque toda a vida os povos creram em Deus, ou ao menos em deuses, e nem por isto deixou de haver guerra. É no Cristianismo que se deve encontrar o remédio. E Cristianismo significa Catolicismo.

Se a ONU fosse constituída à sombra do Papado, sob a presidência do Vigário de Cristo, por povos cristãos, então a ordem universal não seria uma quimera. Mas nem todos os povos da ONU são cristãos, nem todos os povos cristãos são católicos, nem todos os povos católicos são dirigidos por governos católicos, e nem é possível que num ambiente destes o Vigário de Cristo exerça uma influencia eficaz.

Nestas condições, o fracasso é inevitável. está, no cemitério da História, a defunta Liga das Nações. Ao lado dela, já está aberta outra campa: é para a Organização das Nações Unidas.

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Prossegue nos Estados Unidos a campanha em prol do fechamento do Partido Comunista. Não se julga, na democracia americana, que esta medida signifique o fim das instituições representativas. Pelo contrário, é precisamente para que elas não cessem de existir, que tal campanha se desenvolve. Repetimo-lo mais uma vez: é para o mesmo objetivo que deve caminhar a nação brasileira, em que pese as abstrações de alguns ideólogos.

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A despeito de certos desmentidos do governo venezuelano, infelizmente continua a crescer de gravidade a crise religiosa naquele país, com a apostasia de vários sacerdotes católicos, que fundaram a "Igreja católica, apostólica, venezuelana".

Notícia recente, que vem de Caracas, informa que o sacerdote apóstata, que se intitula bispo da nova seita, Fernando Castilho Mendez, entregou ao Ministério do Exterior de seu país documentos referentes à fundação da nova "igreja".

Curiosa foi a resposta do Ministro: o governo venezuelano não o reconhece como bispo, porque não foi indicado para o cargo pelo Congresso Nacional. Não, pois, porque não foi nomeado pelo Papa. A Igreja pertence ao Estado. Um bispo não é ou deixa de ser católico por estar ou não estar em união como o Papa, mas por estar, ou não estar com o Congresso.

Esta resposta indica a posição profundamente errada que o Estado toma no assunto, e serve para acentuar a extraordinária gravidade da situação na Venezuela.

Para tristeza nossa acrescentamos que, segundo parece, o "bispo" Castilho Mendez recebeu uma tal ou qual investidura do ex-bispo de Maura, no Brasil.


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