Legionário, N.º 764, 30 de março de 1947

7 DIAS EM REVISTA

Continua a campanha dos comunistas franceses contra o prosseguimento da guerra vietnamita. Por sua obstinação, colocaram o país a beira do abismo. Foi preciso o dramático apelo de Ramadier ao Parlamento para que a França não entrasse em liquidação. E, agora, continuam a promover manifestações contrárias à guerra. Ainda há dias, reuniram em um logradouro público de Paris duzentos mil adeptos em uma manifestação-monstro, a favor da cessação das hostilidades. Quem perde com a cessação da guerra? A França. Quem lucra? A URSS, que ficará nos bastidores com o governo do Vietnam. A serviço de quem estão os comunistas franceses, da França ou da Rússia? A resposta não deixa margem à dúvidas.

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Tudo isto nos faz pensar em quanta razão assiste ao Diretor Federal do Departamento de Investigações dos Estados Unidos afirmando na semana passada, desassombradamente, e com toda a responsabilidade de seu alto cargo, que a seu ver o Partido Comunista constitui uma quinta coluna, absolutamente tão servil a Moscou quanto o eram em relação a Berlim os agentes nazistas. Acrescentou ainda aquele alto funcionário norte-americano que achava, como quinta coluna, melhor e mais eficiente a organização do Partido Comunista do que dos agentes hitleristas.

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Registramos com a máxima satisfação a notícia de que a Assembléia Constituinte da Itália incluiu na carta fundamental um artigo em que só se admite a rescisão do Tratado de Latrão com o consentimento do Vaticano, e se retira a faculdade para tal às legislaturas ordinárias.

Não podemos, entretanto, deixar passar sem um comentário a notícia muito expressiva de que os comunistas votaram a favor deste artigo. Ninguém se iluda, com o objetivo de tal atitude. Os próprios dirigentes comunistas declararam que era com o intuito tático de "evitar discórdias religiosas nas classes operárias". Este eufemismo se explica facilmente. Com efeito, os comunistas têm repetidas vezes procurado iludir os operários da Itália, profundamente católicos, com a afirmação de que eles não combatem contra a Religião. Tem, mesmo, procurado fundar pequenos "partidos comunistas católicos", para despertar confusão.

Se adotam tal tática, é porque lhes convém. E, se lhes convém, não podem tomar no parlamento uma atitude anti-religiosa que os desmascararia. Este é o fundo das coisas.

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Nossa época é de confusão. Acabamos de ver um Partido Comunista que vota com os católicos. Na Espanha, aconteceu algo de igualmente surpreendente. O Partido Anarquista se pronunciou oficialmente... a favor da volta da monarquia. Não se trata de engano tipográfico do jornal que publicou a noticia. É a pura realidade.

Depois disto, o que mais? Não parecemos ter chegado ao fim da civilização  com esta generalização da confusão, em todos os campos?