"O Século", 3 de julho de 1932

A Nota da Semana

Plinio Corrêa de Oliveira

A árvore frondosa do Catolicismo brasileiro acaba de estender um ramo novo em um terreno até aqui quase inteiramente abandonado ao descaso pelo laicato católico: a vida pública do País.

É necessário que os elementos sinceramente desejosos de promover a restauração religiosa do Brasil se empenhem seriamente em cristianizar a legislação que orienta e forma os destinos da Pátria.

Enquanto, neste terreno, os católicos não se organizarem definitivamente, estaremos expostos a qualquer momento aos golpes da impiedade que têm inúmeras vezes flagelado a Igreja no Brasil, deixando profundas cicatrizes na moralidade do nosso povo.

E a garantia única com que podemos contar é a força eleitoral de uma massa compacta e disciplinada de católicos, disposta a manifestar sua repulsa invencível por todas as leis atentatórias dos direitos da consciência religiosa do Brasil.

Saudamos, portanto, como auspicioso acontecimento, o aparecimento da União Popular Brasileira, organização eleitoral católica que acaba de se apresentar ao público contando com o apoio de elementos prestigiosos do laicato católico.

Programa bem definido, e perfeitamente ortodoxo; combatividade enérgica e prudente; visão segura dos interesses religiosos e morais da Nação, eis as credenciais com que se apresenta ao público a nova organização.

Da eficiência de sua ação, não se pode duvidar. Dispõe de todos os elementos necessários para uma vitória pronta e segura. Brilha nela o espírito de altivez e de disciplina, que caracteriza todas as verdadeiras iniciativas católicas.

Uma única condição, porém, é indispensável. É necessário que a U.P.B. saiba entroncar-se em uma extensa rede de centros eleitorais católicos, dirigidos por um órgão central forte e intimamente articulados entre si.

Ainda há pouco, vimos os adversários da Igreja se ligarem todos, contra o Catolicismo, para combater o ensino religioso. O ódio à Igreja fez cair todas as barreiras doutrinárias que os separavam. Ficou apenas o rancor anticatólico, congregando em uma frente única indissolúvel todos os adversários do Catolicismo. Será necessário que os Católicos, que são chamados à união por todos os motivos, compreendam mais do que nunca a necessidade de conjugar seus esforços para o triunfo de suas idéias.

Sendo unidos, serão fortes. E sendo fortes vencerão.