"O Século", 24 de julho de 1932

A Nota da Semana

Plinio Corrêa de Oliveira

Os jornais desta capital publicaram, todos, o telegrama que S. Excia. Revma. o Sr. Arcebispo Metropolitano enviou a S. E. o Cardeal Dom Sebastião Leme.

Neste telegrama, o Chefe espiritual de São Paulo interpõe seus bons ofícios junto ao líder do Episcopado Brasileiro, para conseguir a pacificação do País.

Não poderíamos nós ouvir, os paulistas, uma proposta de paz mais auspiciosa do que esta das autoridades religiosas do País. São tais as queixas articuladas por São Paulo contra os políticos cujas tropas ora assediam suas fronteiras, que qualquer negociação que não fosse iniciada em um terreno livre, e superior às competições partidárias, importaria em uma transigência da parte dos bandeirantes.

Quando a Igreja, porém, aconselha a paz, Ela se coloca acima das divergências que provocaram à luta os beligerantes, para atender somente à sua situação de Mãe comum de todos os católicos e de todos os brasileiros.

Uma paz negociada pelas autoridades religiosas não pode deixar de ser uma paz inspirada e fundada sobre os ensinamentos do Salvador. Será, portanto, uma paz honrosa, em que as reclamações justas serão plenamente atendidas, e largamente contemplados com seu justo quinhão os anseios de ordem e de estabilidade, que a população paulista alimenta.

Dentro destes termos, respeitados estes anseios, garantida eficazmente a aplicação das medidas que São Paulo julga indispensáveis para a reintegração do Brasil no Regime da Lei é que qualquer idéia de paz é viável.

E o povo paulista nenhuma garantia mais eficiente poderá ter, de absoluto respeito a seus legítimos interesses, do que confiando a árdua tarefa de pacificação do Brasil ao venerando Arcebispo que, há 25 anos, empunha com extraordinária dedicação o báculo da Sé de São Paulo.

São Paulo não quis a luta; foi lançado à liça pela indefectível oposição que a Ditadura movia contra a constitucionalização do Brasil.

São Paulo, portanto, não recusará a paz. Mas a paz só poderá ser aceita pelos descendentes dos bandeirantes, quando integralmente satisfeitas as aspirações que os levaram ao combate.