A nobreza vista por olhos admirativos e por outros impregnados de ódio revolucionário

Auditório Nossa Senhora Auxiliadora, Santo do Dia, 18 de novembro de 1992

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

 

O imperador da Alemanha era já velho, a nora dele já era uma pessoa inteiramente crescida e o neto já era um moço feito, Guilherme II, quando o velho imperador ainda estava vivo. Passou por Berlim – por uma razão que não está descrita aí, mas que não vem ao caso – a imperatriz da Áustria, Sissi, a famosa Sissi, de legendária beleza e elegância. Ela passou por Berlim e foi visitar a princesa herdeira, porque a imperatriz tinha morrido e o imperador era viúvo. A visita deu-se com certeza numa bonita estação do ano e tomaram chá juntas num jardim. E num grupo de pessoas que as estava olhando de longe, estava o kaiser, o Imperador Guilherme II.
Para se compreender bem o que estava se passando nesse jardim é preciso tomar em consideração o seguinte:
Guilherme II era neto da soberana mais poderosa do mundo naquele tempo, que era a Rainha Vitória, que era a rainha do Reino Unido, da Inglaterra, Escócia, Irlanda – naquele tempo a Irlanda não se tinha separado e ela inteira formava um bloco com a Inglaterra –, mais colônias que a Inglaterra tinha pelo mundo inteiro, entre as quais figuravam a Índia que era designada como império. Então ela era rainha da Inglaterra e imperatriz da Índia. Era, portanto, um conjunto de poderes verdadeiramente extraordinários. Poderes políticos, mas sobretudo poderes econômicos. Porque a Inglaterra se servia do poder que ela tinha sobre todas essas colônias para organizar um comércio internacional a serviço da indústria inglesa, muito grande, muito bem organizada, produzindo artigos excelentes, e que ela exportava em condições muito lucrativas para todas essas colônias. De maneira que tinha um mercado consumidor garantido de primeira ordem, que não era só o mercado das nações que compravam porque queriam, mas era aquele mundo colonial que só podia importar o que a Inglaterra quisesse. De maneira que o poder comercial da Inglaterra e a riqueza da Inglaterra eram realmente colossais.
Essa princesa herdeira da Alemanha que estava conversando com a imperatriz da Áustria era filha da Rainha Vitória e habituada, portanto, a todo o luxo da Rainha Vitória, a toda a grandeza da Rainha Vitória. Mas era um luxo muito modernizado para aquele tempo. Era um luxo comercial, era um luxo industrial, era um luxo que não provinha tanto da tradição, quanto da modernidade. No meio daquela Europa ainda muito conservadora a Inglaterra era o padrão da monarquia de vanguarda, da monarquia modernizada em todos os seus hábitos e costumes.
Então, a conversa entre a princesa herdeira da Alemanha, filha da Rainha Vitória, e a Sissi, esposa do Imperador Francisco José da Áustria, era a conversa de duas dinastias que representavam os pólos opostos dentro do mundo das dinastias da Europa.
Porque exatamente a Áustria-Hungria representava o contrário do que representava a Inglaterra. Era um império poderoso, grande, um império que estava também em desenvolvimento industrial e econômico… No tempo, vamos dizer, de Maria Teresa o poder comercial e industrial da Áustria era incomparavelmente menor do que no tempo do kaiser, porque os descobrimentos modernos não tinham produzido o fenômeno da industrialização que nesse tempo ia mar alto. E a Áustria estava fazendo a industrialização do seu império. Ela ganhava bem e estava rica, mas não era nem de longo o que era o poder da Inglaterra.
A corte austríaca não o dizia – o que eu vou dizer agora – mas todo o mundo a tinha em conta da continuadora do Sacro Império Romano-Alemão. Quando o Sacro Império foi dissolvido, as potências da Europa resolveram dar à Causa d’Áustria as valiosas jóias do Sacro Império. Essas jóias foram guardadas e estão até agora na Schatzkammer – quer dizer, na Câmara do Tesouro – de Viena onde podem ser visitadas pelas pessoas que querem, naturalmente os clássicos turistas também.
A corte que tinha mais cerimoniais antigos, mais cheias de protocolo, mais cheias de grandeza cultura, esta corte era sem dúvida a corte austríaca.
A Sissi, que era uma princesa Bávara casada com o imperador Francisco José, era, portanto, uma pessoa que representava, com toda a sua beleza, com todo o seu charme pessoal, representava tudo quanto a Inglaterra não tinha de grandeza, de poesia, de elegância, de charme tradicionais. A Inglaterra tinha tradições, mas a tradição não era a nota dominante da Inglaterra. A modernidade era a nota dominante, e ia sê-lo cada vez mais, da Inglaterra.
As duas estavam conversando e o filho da princesa herdeira da Alemanha – neto da Rainha Vitória, portanto – era moço. Ele era bem mais moço do que a Sissi, e estava vendo as duas conversarem. Em certo momento, a Sissi manifestou o desejo de andar um pouco, de fazer exercício, e como ela usava a cauda longa, a mãe do Guilherme II chamou-o para vir carregar a cauda da imperatriz enquanto a imperatriz andava de um lado para outro.
* Guilherme II, o tipo humano perfeito do homem atualizado de seu tempo, presta homenagem à tradição personalizada na Imperatriz Sissi 
Os Srs. vão ver como é que esse imperador – daí a pouco seria imperador, era ainda príncipe herdeiro, o pai dele morreria logo –, que foi um imperador muito moderno para o seu tempo, industrializou muito a Alemanha… A Alemanha do tempo da Grande Guerra em larga medida foi modelada pelas mãos do kaiser, e ele como tipo humano era o tipo humano perfeito do homem atualizado dos fins do século XIX e das primeiras décadas do século XX. A Sissi não, ela representava o passado.
[Os Srs. vão ver] qual é o efeito que esse passado produziu sobre o homem moderno daquele tempo, que era o kaiser, e como a tradição é vista por um homem mais pobre em tradição, como ele vê a pessoa mais rica em tradição.
Isto é muito interessante para os Srs. compreenderem os assuntos de continuidade familiar que estão sendo tratados na reunião de hoje. Mas é muito interessante também para os Srs. compreenderem como é a irradiação da nobreza, terem uma certa idéia sobre o tipo humano da nobreza.
O kaiser no livro de memórias dele chamado “Minhas recordações” conta esse encontro.
Os srs. fariam o favor de ler.
“Uma recordação da imperatriz permaneceu indelével na minha memória. Um dia, a grande dama veio tomar chá em casa de minha mãe, em Hetzendorf. Eu estava ocupado exatamente em escrever meu diário, lamentavelmente perdido há muito tempo, quando minha mãe me fez chamar no jardim onde ela passeava com a imperatriz. A imperatriz me cumprimentou com sua apurada amabilidade corrente e minha mãe me ordenou de conduzir, durante o passeio, a longa cauda do vestido de Sua Majestade. Aceitei com entusiasmo a execução deste suave serviço de pajem e admirei suas maneiras cheias de dignidade e o porte magnífico que caracterizavam a imperatriz. Ela cumpria à risca tudo o que exigia o antigo cerimonial das cortes: ela não se sentava mas se colocava majestosamente, não se levantava mas se elevava, não caminhava mas avançava com dignidade. É este o melhor modo como se pode qualificar o ritmo precioso que orientava todos os movimentos da soberana.” [Palmas]
Vejam bem os traços do nobre: uma amabilidade apurada, quer dizer requintada, refinada, corrente. Não é para uma certa ocasião, é normalmente assim.
“... e minha mãe me ordenou de conduzir, durante o passeio, a longa cauda do vestido de Sua Majestade.”
Ordenou, minha mãe me ordenou – vejam o princípio de ordem aí, a hierarquia – de carregar a longa cauda do vestido de Sua Majestade. Nesse Hetzendorf ela deveria ter quantos lacaios quisesse, mas era tal o respeito que ela tinha pela imperatriz que a visitava, que ela mandou o príncipe herdeiro carregar a cauda.
Agora, qual é a reação do príncipe herdeiro? Ele se sentiu diminuído?
Aceitei com entusiasmo a execução deste suave serviço de pajem…
Serviço de pajem, hein!
“… e admirei suas maneiras cheias de dignidade e o porte magnífico que caracterizavam a imperatriz.”
Cheia de dignidade e porte magnífico. A nobreza deve ser assim. Conforme o grau, não é qualquer uma que tem a obrigação de ser imperatriz. Imperatriz, e logo da Áustria, era um sumo. Mas o sumo era esse.
Ela cumpria à risca tudo o que exigia o antigo cerimonial das cortes…”
Quer dizer, tudo o que ele admirou era efeito do cerimonial antigo das cortes. Está dado a entender que a corte do tempo dele não cumpria, mas a Áustria ainda cumpria, e ela cumpria à risca.
“… ela não se sentava mas se colocava majestosamente…”
Os Srs. estão vendo que é diferente da gente chegar diante de uma cadeira e deixar-se cair como um saco de batatas, ou sentar vagarosamente, amavelmente, conversando e majestosamente.
“… não se levantava mas se elevava…”
É outra coisa. Levantar como qualquer um é uma coisa, mas ir-se elevando gradualmente é outra coisa. A linguagem do kaiser é muito rica, reflete muito a substância do que ele estava vendo.
“… não caminhava mas avançava com dignidade.”
Não andava como qualquer um, isso é bom para um burguês, mas ela avançava com dignidade, progredia com dignidade.
É este o melhor modo como se pode qualificar o ritmo precioso que orientava todos os movimentos da soberana.
Isso é para indicar que todos os movimentos da soberana eram assim, e não apenas esses de andar, de sentar de que ele se referia. É para indicar todo o modo de ser dela assim.
* Uma pessoa como a Imperatriz Sissi tem um enorme efeito sobre a educação inteira de um povo. É a missão da dinastia que governa 
Os Srs. estão vendo que uma pessoa dessas tem um efeito enorme sobre a educação inteira de um povo, e que para ter este alto grau de requinte é necessário que haja uma dinastia para levar as coisas até esse ponto e não apenas uma família qualquer.
A dinastia é a palavra com que se designa a família soberana, a família que está mandando. Essa está no alto, está no píncaro, recebe todas as manifestações de respeito, tem todo o luxo necessário, ela tem todos os elementos necessários para se sentir quase forçada a tomar essa atitude. Porque quando se é uma dama como ela, e que entrando numa sala todos os homens se levantam e fazem uma certa reverência, se essa reverência é feita pelos homens de uma certa classe, ela não pode deixar de sentar-se assim, e quando ela se levanta não pode deixar de levantar-se assim, porque o ambiente em que ela está forma nesse sentido e caminha nesse sentido.
* A Inglaterra, por se ter modernizado, perdeu o perfume característico das antigas cortes, e nela a hereditariedade ficou prejudicada 
Agora os Srs. estão vendo a hereditariedade. É evidente que o kaiser e a filha da Rainha Vitória, mãe do kaiser, não podiam dar para isso. A corte da Inglaterra se tinha modernizado muito. Às vezes por obrigações de estado, mas tinha-se modernizado muito. Modernizando, vulgarizou, vulgarizando, esse perfume da antiga corte da Inglaterra se evolava.
Eu me lembro que vi uma fotografia, que infelizmente não guardei, da Rainha Vitória – da rainha da Inglaterra, portanto – já muito velha. Ela com a idade tornou-se muito corpulenta. Os Srs. conhecem aquela escadinha estreita que os passageiros usam para subir no navio. Parece que ela não conseguia atravessar aquela escadinha. Não tinha problema, ela estava sendo levada para o navio por um guindaste, sentada numa cadeira e amarrada como carga. Com essa imperatriz não se compreende uma coisa dessas.
Mas o resultado é que a hereditariedade ficou prejudicada na corte da Inglaterra. Mas enquanto a corte austríaca conservou a fidelidade ao velho cerimonial, a hereditariedade e o cerimonial, por uma ação recíproca, modelavam a pessoa através das gerações para ser assim.
* A tradição não monopoliza as coisas, mas evita que elas se esbanjem 
Seria possível a uma pessoa de uma condição servil muito banal, muito vulgar ser assim como a imperatriz da Áustria? Normalmente falando a pergunta é ridícula, todo o mundo compreende que não vai.
Pode ser, porque Deus se reserva essas coisas, que de repente da plebe nasça uma pessoa que tenha a possibilidade de adquirir em alto grau essas qualidades. Então, conforme for o curso das coisas, essa pessoa pode subir a uma alta situação. Mas é exceção que não deve ser transformada em regra.
A tradição não monopoliza as coisas, mas ela evita que as coisas se esbanjem. Quer dizer, não é impossível uma pessoa de condição humilde ter as qualidades de um grande nobre, até de um monarca, mas é muito excepcional. De maneira que quando a exceção se verifica, se dá lugar à exceção, mas quando ela não se verifica, não se dá, está acabado.
Os Srs. vêem o perfil do nobre como é. E podem tomar qualquer fotografia do Francisco José, dele se poderia fazer uma descrição análoga para um tom de homem, e de homem que vivia fardado de militar, como era o costume sensato dos monarcas daquele tempo. Ele era um homem verdadeiramente extraordinário, o casal constituía uma obra prima de recíproca proporção.
* A admiração no Kaiser pelos imperadores austríacos é como uma espécie de colher de ouro que tira de dentro da tradição gotas preciosas e as transfere para outro lugar 
Os Srs. estão vendo o efeito que isso causou sobre o kaiser. Mas os Srs. estão vendo aqui o kaiser, que tinha também a sua tradição, com o espírito admirativo preparado para amar isto. Quer dizer, ele amando isto, ele em alguma coisa subiu e algo do que havia na imperatriz ele comunicou aos filhos.
Os Srs. estão vendo por aí a admiração sendo uma espécie de colher de ouro que tira de dentro da tradição as gotas preciosas para transferir para outro lugar. [Palmas]
Este serviço fazia com que ao cabo de alguns séculos a família de Hohenzollern, que era a família dos imperadores da Alemanha, tivesse ela mesma uma grandíssima tradição se não tivesse sido interrompida pela guerra e por outras circunstâncias.
* Durante a II Guerra Mundial, os soldados alemães abandonavam as fileiras do exército que invadia a Holanda, a fim de visitar o velho Kaiser Guilherme II, exilado em Dorn 
Mas para os Srs. verem o efeito dessas coisas sobre o povo:
O kaiser na guerra de 14-18 foi derrotado e retirou-se para a Holanda, país vizinho da Alemanha, que tinha estado neutro na guerra, não tinha, portanto, hostilidade nenhuma contra ele, e onde ele num castelo de Dorn se instalou para viver o seu exílio. Ele já não era mais imperador, mas a influência que ele exercia sobre o povo alemão era tão grande, que eu apanhei isto num historiador que conta de passagem e mais ou menos sem querer.
Na Segunda Guerra Mundial as tropas alemãs invadiram a Holanda, ao contrário do que aconteceu na Primeira Guerra Mundial. Invadiram a Holanda e boa parte dessas tropas passava a uma certa distância pequena do castelo de Dorn. Os soldados, que eram soldados do exército alemão, com aquela disciplina famosa do exército alemão e ainda mais com o terror que Hitler espalhava em torno de si, quando passavam perto de Dorn fugiam correndo, iam saudar o velho imperador e depois voltavam para o exército para se reincorporar e continuar a marcha.
Era o quê? É que no velho imperador, como em geral na Casas reinantes, se sentia alguma coisa deste aroma, alguma coisa deste imponderável do tipo humano que caracteriza o aristocrata e que caracteriza o monarca.
Agora os Srs. vão ver esse tipo humano reconhecido, vilipendiado, ultrajado por um revolucionário de primeira força, que era Clemenceau. Os Srs. vejam o tópico seguinte e…
* Maria Antonieta, embora não tão bela quanto a Sissi, tinha um encanto muito maior: “o charme mais belo que a beleza 
(Dr. Camargo: Dr. Plinio, a imperatriz da Áustria teria tido mais “allure” que o cisne da Europa que viveu uns noventa anos dela?)
Quem?
(Dr. Camargo: Maria Antonieta.)
Não creio, não creio. Eu acho que a comparação é extremamente difícil. Mas acontece o seguinte: pela impressão que eu tenho, a correção dos traços do rosto era muito maior na Sissi do que em Maria Antonieta. Mas Maria Antonieta tinha uma animação, uma expressão de fisionomia que tinha um encanto maior do que o da Sissi. A Sissi não tinha uma grande conversa, não tinha uma presença numa roda. Ela tinha muito menos do que Maria Antonieta. Maria Antonieta, pelo contrário, deslumbrava. E eu acho que o charme que Maria Antonieta tinha vale mais do que a beleza.
Há, aliás, a famosa expressão francesa “Le charme plus beau que la beauté” [o charme mais belo do que a beleza] e é verdade.
* Clemenceau e seu brado de “non serviam” contra a nobreza 
Alguns dias mais tarde (do assassínio de Maximiliano de Habsburg, em Querétaro, no México), a 6 de setembro, Georges Clemenceau escrevia, de Nova York para Mme Jourdan, esta carta implacável:
Por que diabos você vai imaginar de ficar lamentando os Maximilianos e as Charlotte. Meu deus! Sim, eu sei que todas essas pessoas são sempre fascinantes. Isto estava combinado previamente: há cinco ou seis mil anos que eles são assim.
Há cinco ou seis mil anos que eles são assim.
Eles têm a receita de todas as virtudes e o segredo de todas as graças.
Ele escreve com ódio, mas vejam um revolucionário como reconhece o que nós estamos dizendo.
“Quando eles sorriem, é delicioso. Quando choram, é comovedor. Quando vos deixam viver, que bondade requintada! Quando vos esmagam, é a infelicidade de sua situação (que os levam a tomar tal atitude)… Todos estes imperadores, reis, arquiduques e príncipes são grandes, sublimes, generosos e soberbos, suas princesas são tudo o que vos possa agradar. Mas eu os odeio de um ódio sem perdão, como se odiava outrora em 1793, quando então se chamava aquele imbecil de Luís XVI de “execrável tirano”. Entre nós e essas pessoas há uma guerra de morte… Eu não tenho nenhuma pena dessas pessoas: lamentar o lobo, é cometer um crime para com as ovelhas. Aquele (Maximiliano) cometeu um verdadeiro crime: aqueles que ele quis matar, mataram-no. E eu fico maravilhado com isto. Sua mulher enlouqueceu: nada de mais justo… (…) Foram mortos muitos homens para que sua Charlotte fosse saudada com o título de imperatriz… Você vê que eu sou feroz. E o pior é que eu sou intratável...”
Os Srs. estão vendo que é um plebeu carregado de ódio revolucionário, ele mesmo fala de Maria Antonieta, fala de Luís XVI etc., etc., mas que sente a superioridade do tipo humano da nobreza e em vez de amá-la, ele odeia. Ele admira, mas é a admiração de Satanás diante da grandeza de Deus. É uma espécie de non serviam que ele brada.
* Diante do tipo humano da nobreza se definem os campos 
Pela linguagem dos dois opostos, Clemenceau e Guilherme II, diante de um fato que é o aristocratismo, é diante disso que os Srs. sentem bem a realidade do fato aristocrático e como o tipo humano da nobreza é mesmo assim. Ele pode provocar ódio, mas quem tem esse ódio não presta. Ele pode provocar amor, e quem tem esse amor presta.
Bem, são onze e meia e creio que podemos nos retirar, continuando em outra reunião.

Nota: Para mais matérias de Dr. Plinio relativas à nobreza, clique aqui, com a seção ESPECIAL a ela dedicada.

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