BÉCASSINE: Harmonioso relacionamento de outrora entre classes sociais, oposto à Revolução Francesa

Catolicismo, No. 822, Junho de 2019, pág. 52

 

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Nesta ilustração* vemos a representação do ensaio para o casamento de um rei e uma rainha (Charles VIII e Anne de Bretagne) e duas crianças à frente deles. A menina de traje azul, com flores de lis, representa a França e o menino de traje branco com símbolos heráldicos representa a Bretanha.

O personagem que organizou a festa para rememorar a união da França com a Bretanha está pedindo a opinião do marquês de Grand-Air — um modelo de elegância masculina anterior à Primeira Guerra Mundial. São dois velhos conversando, e se nota claramente a diferença social entre ambos. Se alguém perguntasse, não seria difícil responder quem é o marquês.

O velho do lado esquerdo é um camponês vestido como personagem da corte de Ana de Bretanha; o outro é o marquês. Fino e esguio, quase como fumaça que se desprende de um cigarro, tem o tom e o jeito de um homem ciente de sua importância, habituado a ser considerado, que sabe mandar, e com o qual não se pode brincar. O narigão dele é vagamente na linha de uma ave de rapina, de quem sabe decidir sem hesitação. Ele usa um belo chapéu, gravata exuberante, colete e um paletó pomposo que chega até o joelho, chamado de sobrecasaca.

O camponês está inteiramente à vontade, mas de chapéu na mão em sinal de respeito, e se inclinando um pouco para falar com o marquês. Para saber se a representação do casamento está bem-feita, ele consulta o marquês sem o menor receio de ser maltratado, de sofrer uma caçoada, de ser menosprezado, e o marquês de Grand-Air demonstra benevolência cativante. Conversa como se estivesse diante de outro nobre, dando explicações com muita bondade. Reina entre eles uma concórdia completa — o contrário da luta de classes marxista, pregada pelos comunistas e por teólogos da libertação. 

* Ilustração do artista francês Joseph Pinchon (1871-1953), autor dos desenhos dos livros de Bécassine, personagem da literatura infantil da época. Para conhecer outros comentários de ilustrações desses livros, leia a matéria “Bécassine – Verdadeiros tratadinhos de sociologia viva”, edição de Catolicismo de fevereiro/2018.

Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 9 de junho de 1984. Esta transcrição não passou pela revisão do autor.

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