Santo do Dia, 5 de novembro de 1964
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Bem-aventurada Francisca De Amboise, Duquesa de Bretanha, carmelita (1427-1485). Beatificada pelo Papa Pio IX em 1866.
Acima, retrato da Beata Françoise d’Amboise vestida com o hábito religioso, a coroa e o capuz de arminho, que simbolizam seu título de duquesa da Bretanha (pintura anônima – Wikipedia – Público domínio)
Bem-aventurada Francisca de Amboise, viúva, filha dos condes de Thouars e príncipes de Talmon; ao lado de seu esposo, foi coroada duquesa de Bretanha; depois de viúva, professou na ordem do Carmo; século XV.
À medida que correm os tempos, o número de sacerdotes e clérigos santos vai, até certo ponto, diminuindo. Mas diminui muito mais o número de príncipes e princesas santos. Na Idade Média havia uma multidão de imperatrizes, reis, príncipes e princesas santos. Nos tempos modernos, nenhum foi canonizado. Nos tempos contemporâneos, um ou outro; muito raro.
É muito conveniente incluirmos em nossa devoção os grandes senhores feudais, príncipes e nobres que chegaram à honra dos altares. São o símbolo da realeza ou do feudalismo, e que foram canonizados, por onde a Igreja reconhece a santidade da condição que eles ocupavam. Porque, se aquela condição fosse intrinsecamente injusta, como a Revolução Francesa pretende, um santo não poderia ser um senhor feudal. Se ser senhor feudal é viver num estado de opressão e rapina necessariamente em relação aos pobres, então um senhor feudal não poderia ser santo, pela mesma razão que um senhor feudal não pode ser gatuno: são condições intrinsecamente contrárias à virtude cristã.
Esses santos são símbolos e padroeiros da ordem temporal cristã e, portanto, é muito adequado que peçamos a eles que favoreçam a causa pela qual lutamos. Porque, se eles estivessem em vida, estariam lutando pela defesa dessa ordem que representaram. De outro lado, é conveniente termos esses nomes em nosso calendário para vermos quão numerosos eles são.
Por causa disso, acho conveniente ter aqui a recordação da bem-aventurada Francisca de Amboise, a respeito da qual, infelizmente, não sei mais nada a não ser o que está aqui escrito.
Acima, desenho e gravação da Bem-aventurada Francisca de Amboise por Masson. Imprimerie Chatain, rue de l’Hôtel Colbert, Paris, Wikipedia – Público domínio
Abaixo, uma nossa tradução livre de texto do site italiano “Santi e beati”:
Bem-aventurada Francisca De Amboise, Duquesa de Bretanha, carmelita.
Festa: 4 de novembro
Francisca nasceu a 28 de setembro de 1427, filha do visconde de Thouars. Com apenas quatro anos, foi prometida em casamento a Pedro II, segundo filho do duque da Bretanha, e mudou-se para a casa de sua futura sogra, Joana, irmã do rei Carlos VII da França. Joana era profundamente religiosa e teve a graça de conhecer São Vicente Ferrer, transmitiu à menina um espírito profundamente cristão.
Francesca, apesar de viver entre o luxo e a opulência, sentiu ainda jovem o desejo de buscar, através da oração, uma estreita ligação com Deus. Como previsto, casou-se aos quinze anos, tendo o marido já perdido o pai e o irmão mais velho.
Em 1450, realizou-se na catedral de Rennes a solene cerimônia de coroação. Os dois esposos, em admirável sintonia, foram solícitos para com as sempre graves necessidades do povo e grande foi também a atenção para com as igrejas e mosteiros.
Durante o primeiro ano de casamento, também para combater alguns problemas, fizeram uma peregrinação implorando a proteção da Virgem Maria.
Francisca teve uma influência benéfica sobre o marido e os resultados positivos se refletiram na vida da corte e do Estado. Os sete anos de seu governo serão lembrados pelo povo como “os tempos da duquesa bem-aventurada”.
Em 22 de setembro de 1457, com apenas trinta anos, Pedro II morreu, deixando uma viúva que logo se tornou objeto de lutas pelo poder. Propuseram-lhe um segundo casamento, mas, já voltada para Deus, ela se opôs resolutamente.
Em uma de suas fervorosas orações, ela confidenciou: “Meu Deus! Eu te imploro que acolhas no descanso eterno a alma ardente do meu senhor e marido. Quanto a mim, sei bem que desejas todo o meu coração e todo o meu amor. Tu sempre possuíste a maior e melhor parte, mas havia uma parte para aquele com quem eu estava unida pelo vínculo do matrimônio. Tu o chamaste para junto de Ti, eu não quero mais ninguém e prometo, desde agora, nunca mais me casar, não querendo outro senão Ti e pelo Teu amor”.
Em 1459, Francisca conheceu o bem-aventurado João Soreth [1394-1471], Prior Geral dos Carmelitas, e foi conquistada pelo carisma da Ordem. Assim, ela colocou suas riquezas à disposição para a fundação do primeiro mosteiro carmelita feminino na França. Ele foi construído em Bondon, perto de Vannes, em 1463, e o padre Soreth chamou algumas freiras de Liège para esse fim.
Em 25 de março de 1468, Francisca também professou nas mãos daquele mesmo beato e entrou em clausura. Foi eleita priora, mas repetia: “Pensem que somos todas irmãs com o mesmo hábito e a mesma profissão”.
Tinha um caráter forte, mas ao mesmo tempo nutria um amor maternal por suas irmãs de hábito.
Em 1477, fundou em Nantes um segundo mosteiro. Nos dois cenóbios, estabeleceu um regulamento, insistindo na clausura estrita. Corrigia com amor e sabedoria, como atestam as “Exortações” que as irmãs reuniram.
Dizia: “Devem competir entre vós para ver quem será a mais humilde, a mais doce, a mais caridosa, cada uma contente com o que a outra deseja”.
E ainda: “Recomendo-vos que cuidem tanto da alma quanto do corpo, com tal discrição que possais servir melhor a Deus e à religião. Pode-se servir melhor quando se está saudável do que quando se está doente”.
“Digo-vos que os tempos santos não fazem as pessoas santas, mas as pessoas santas, boas e devotas, tornam santo o tempo”.
“Não deveis importar-vos com o que dizem de vós, bom ou mau, mas com ser límpidas e puras interiormente. Se Deus está convosco, quem estará contra vós?”.
“O caminho reto para o paraíso é a cruz, é a primeira porta”.
“Tenham grande caridade umas para com as outras”.
“Nunca se humilharão tanto quanto Aquele que nasceu para vós em grande humildade e pobreza”.
A ela se deve a introdução da prática da comunhão frequente, e para as freiras doentes, até mesmo diária. Foi profética em seus pensamentos e decisões, exortando, de uma posição privilegiada, à paz entre os príncipes.
Pediu para deixar o cargo de priora, mas não foi atendida. Morreu em Nantes, em 4 de novembro de 1485. Durante a Revolução Francesa, as freiras tiveram que abandonar o mosteiro, as lembranças da bem-aventurada foram dispersas e seu corpo profanado. O texto de algumas instruções claustrais se perdeu, felizmente já parcialmente publicadas.
Considerada a fundadora das Carmelitas na França, seu culto litúrgico foi reconhecido por Pio IX em 16 de julho de 1863; foi beatificada em 1866. A beata Francisca é retratada com o crucifixo nas mãos e vestindo uma capa de arminho, em vez de lã, em memória de seu título de duquesa.
Autor do texto: Daniele Bolognini.
Consulte a obra “Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana“, Documentos XII – Ser nobre e levar vida de nobre é incompatível com a santidade? (Plinio Corrêa de Oliveira, 1993 – edições em diferentes idiomas)