Dr. Plinio contempla e medita sobre o mar. Video documentário (Ubatuba, outubro de 1993)

Ubatuba, 21 de outubro de 1993

 

Tendo sido convidado a passar alguns dias para trabalhar em uma residência em Ubatuba, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira é levado para uma varanda dessa mesma residência a fim de ver o mar do alto de um estrado que lá fora posto. E, então, decide ir até a praia próxima, que se encontrava vazia.

Boa parte do tempo, ele fica pensativo, vendo o movimento do mar, perguntando e/ou comentando algo de vez em quando.

*     *     * 

O que é isto? Um estrado para eu ficar em cima?
(JC – Para o senhor ver melhor.)
Mas que beleza!
(Sr. Amadeu: Não está ventando.)
É, enquanto não ventar…
Agora, lucra muito o panorama, ouviu? Mas lucra muito, a começar por toda essa espécie de península ou promontório que tem aqui, que… eu não percebi, eu não sei se não tinha ou o que é que é, ou eu não percebi. Naquele lá se vê muito bem, mas daqui não. E outra coisa também, lá no fundo, no ponto onde se diria que iam fechar as ilhas, ali tem umas montanhas, ou é nuvem aquilo? É nuvem, não é?
(L.H. – Montanhas)
São montanhas.
(JC – E a “ilha da Justiça” está bem em frente.)
Qual é a ilha da Justiça? Ahahah!
[ininteligível] espécie de ajardinamento que tem aqui embaixo. Agora, há um jeito de chegar por aqui até o mar?
Siiimm!!
(JC – É três minutos para o senhor chegar lá.)
Três minutos, hein…?
(JC – A praia de lá, para o senhor é mais bonita, porque o senhor não gosta de praia muito sossegada, essa aqui não tem quase onda.)
Eu não gosto de praia sossegada?…
(JC – O senhor gosta de ondas assim, não é?)
Ãhmm… qualquer coisa… praia é praia, ouviu?
(JC – Se o senhor quiser essa daqui, essas águas são bem tranquilas, são muito bonitas. E a outra tem uma vista com ondas.)
Como é que se vai? Se vai a nado assim ou com é que é?
(JC – Não, não.)
(Sr. Amadeu: O carro do senhor está lá, lá embaixo.)
Onde é que está o meu carro?
(Sr. Amadeu: Está ali, e do carro dá para ir de cadeira de rodas.)
Mas cadeira de roda é uma coisa medonha.
Agora, ali tem um cabo, depois tem outro braço de mar, e depois tem outro cabo, não é?
Mas o que é aquilo lá no fundo, são nuvens?
(Sr. Amadeu: Lá tem outro cabo, lá na frente.)
Mas aquela ilha ali, não é presa à terra por algum lado?
(JC – Não, nada.)
Nada?
(JC – Nada.)
A “ilha da Justiça” qual é? É essa bem no centro? Sei.
Mas esta ilha aí maior como é que chama?
(JC – Precisa olhar no mapa, eu não sei. Sr. Arnolfo… É bonito o panorama, não é?)
É bonito inegavelmente.
(JC – Ilha do Virador.)
Qual é do Virador?
(JC – Essa bem em frente.)
Ah, essa é do Virador.
Agora, como é essa história? Depois do Virador já dá para alto mar ou tem outras ilhas?
(JC – Talvez tenha mais ilhas.)
Mas nós estamos em ilha ou no continente? Estamos no continente é?
Fica-se pensativo, não é? (…)
Bem, me diga uma coisa: os rochedos que têm aqui mais perto, isso tem nome ou nem tem nome?
É uma coisa fantástica, não é? Não há como o mar, é uma coisa…!
Agora, imagine uma pessoa que nunca tivesse visto o mar, não podia imaginar como é o mar. Bom. Assim é o Céu: a gente não pode imaginar como é. Mas é uma coisa fantástica, não é?
E depois não tem mais amolação, hein! Não tem caso, não tem problema, não tem nada, está tudo resolvido!
(Sr. Amadeu: Não tem viagem, ahahah!)
Como?
(Sr. Amadeu: Não tem viagem…)
Ahahah! Pelo contrário, se voa de um lado para outro maravilhosamente…
(AD – O senhor imagina o Céu empíreo com mar?)
Ah, sim!  Deve ser um mar perto do qual isto aqui é uma poça de água suja…
Eu não sei por que eu tenho mais facilidade de imaginar o céu empíreo com florestas a la européia.
(JC – Ah! Não tem dúvida. Bois de Boulogne…)
Bois de Boulogne, Schwarswal, Floresta Negra, essas coisas todas…
(JC – Parc Saint Cloud…)
Parc Saint Cloud… E de um modo geral, o Vale do Loire.
Bem, então vamos!
Fenomenal! (…)
[Dr. Plinio vendo o mar] Que maravilha!…
A saída para o alto mar é por ali?
(JC – Dobrando o cabo à direita já é alto mar.
Ah! Já é alto mar?
(JC – Assim na virada do cabo, as ondas são tremendas. O movimento do mar é lindo)
Mas, vocês chegaram até lá?!
(JC – Hoje, três vieram de lá para cá…)
Que loucura! Como vieram? De onde para cá?
(JC – Da outra praia, dando a volta pelo cabo e vindo para cá.)
Três. Era o João e mais dois que…
(JC – Não. Era o sr. L.H., sr. A.D. e o sr. Jakosch. Eu fiz isso só depois da embolia pulmonar.)
Ahahah!
[ininteligível] embolia [ininteligível]
(JC – É extremamente nocivo.)
Meu João, ahahah!
(JC – Não, é que a embolia é nociva para isso, mas isso é bem útil para mim. De modo que…)
Homem?!! Como é esse paradoxo?
(JC – Sim, porque a embolia dificulta a fazer isso, mas eu o fazer isso ajuda a curar logo a embolia.)
Mas a embolia não ajuda a fazer logo outra coisa não?…
(JC – Às vezes acontece, não é? Mas…)
É, “mas o que é isso, não é?”
(JC – A gente precisa ter um destino muito rápido para a eternidade.)
É, mas…
Aquilo ali o que é? é um…?
(JC – É um barquinho a motor.)
Mas isso é barco de turista ou…?
(JC – É um barco de pescador. É o barco que eles usam para chegar até o barco maior.)
Ah! É isso é?
Mas, me diga uma coisa: vocês estão no estado de espírito de ficar, por exemplo, uma hora, duas, olhando para isso?
(JC – A primeira vez que nós viemos ficamos dez horas dentro da água.)
Ficaram dez horas dentro da água?”
(JC – Umas dez horas.)
Mas consecutivas?
(Sr. Amadeu: Levantar um pouco a cadeira?)
(JC – Tem uma poltrona aqui para o senhor também.)
Se está aí, sim.
(JC – Ou o senhor quer um outro canto?)
Não, não, para mim está perfeito.
Olha, esse barulho desse motor tem um certo pitoresco quando vai se perdendo assim no vago…
Quero ver para onde é que ele vai. [o barquinho]
É capaz de ele ir para lá, não é?
(Sr. Amadeu: O senhor não quer dar uma volta de barco?)
Hein? Que tal, hein Amadeu?
É uma coisa… simplesmente fantástica!
Agora eu vou pedir a um de vocês uma coisa que é assim: há muito tempo que eu não pego em areia. Quer me pegar areia?
(JC – Quanto mais para lá é mais limpa [vão pegar um pouco de areia])
Isso!
Oh, mas que saudades, ouviu?… [Dr. Plinio pega na areia]
Nossa Senhora!…
Vira, vira agora para cá.
É uma maravilha!
(OG – Água de colônia?)
Para que água de colônia?
(LFB – É para oferecer para o senhor depois.)
Ah, não, não… Aliás, a água de colônia tira o cheiro natural da areia.
Eu acho uma coisa maravilhosa!
Derrama aqui de novo, faz favor. [a areia]
Precisávamos, por exemplo, de bruços aí brincando três horas com areia, ouviu?
Coisa magnífica! muito obrigado!
(JC – O senhor quer que coloque a poltrona aqui, lá?)
Aqui onde está, eu acho que está o ideal.
Bom, aqui é um engano; é o Céu Empíreo!
[ouve-se o barulho das ondas do mar bem próximas]
[Sr. Amadeu vai pegar um pouco da água do mar e tem seus pés molhados pelas ondas]
Amadeu! Cuidado! Você vai se resfriar.
A primeira onda que cobriu isto aqui como deve ter sido bonita, não é? A primeira entrada de água aqui fazendo a primeira onda como deve ter sido uma coisa bonita, espetacular, não é? Depois a água enchendo isso tudo, depois ficar cinco mil anos nesse movimento majestoso e vazio, sem ninguém olhar a não ser Deus. Mas, Deus olhando está tudo feito, não é?…

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