Entusiasmo “vento”, entusiasmo “torre” e o entusiasmo completo

Sede do Reino de Maria, 10 de junho de 1990 – Domingo

 

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

… uma disposição de alma que passa. Uma boa hora qualquer a gente pensa uma coisa, e aquilo acerta com o nosso estado de alma no momento, e aquilo dá um entusiasmo. Esse entusiasmo se comunica muito, a pessoa fica falante etc., etc., durante algum tempo. Porque aquele vento bom lhe entrou na alma, e faz como o vento faz por aí por fora: faz uma bagunça. Uma santa bagunça, quando o entusiasmo é bom.
Agora, o entusiasmo-torre é diferente. É construído sobre uma pedra! E se levanta como um cilindro até a altura desejada pelo seu arquiteto! Não liga para ventos, não liga para chuvas, não liga para tempestades, não tem nada, porque está firmado numa pedra, e as pedras de que a torre se compõe elas mesmas estão bem firmadas com um cimento que nada pode descolar!
Assim há pessoas que têm entusiasmo porque ouvem, por exemplo, uma palavrinha dessas, vem uma graça, a pessoa fica contente: “Ahhhhhh!”, pronto, está acabado.
E outras coisas são o entusiasmo-torre: é fundado por uma razão profunda, que a pessoa a qualquer hora sabe dizer qual é.
De maneira que o eremita itinerante (**) perfeito é aquele a quem a gente perguntando a qualquer hora, de supetão: “Por que razão você está fazendo essa campanha”, ele pode parar e dizer imediatamente: “Por isso, por aquilo, por aquilo outro!”
– Então, por que você está entusiasmado?
Eu respondo: o interesse de Deus, a maior glória de Deus, de Nossa Senhora, da Santa Igreja estão empenhadas na obtenção de tal resultado, por tal fato, tal fato, tal fato.
Esse é o eremita perfeito? O eremita perfeito é o que tem os dois entusiasmos. De maneira que quando o entusiasmo-vento sopra, tanto melhor. É como uma bandeira que tem no alto da torre que… [exclamações]. É mais bonito.  É melhor! Mas, quando o vento não sopra na torre, a bandeira está murcha, mas a torre está de pé.
Então, qual é o modo dos senhores terem entusiasmo durante a campanha?
Seria quase o caso – eu não vou chegar até, porque eu sei que não é muito o hábito nosso entre brasileiros, tenhamos essas contas bem ajustadas entre nós – mas o meu gosto seria, se quisessem ser inteiramente meus filhos, é ser assim: parar e dizer “Fulano, chegue aqui e diga por que você está fazendo campanha?”
Ele diria o seguinte:
– Em primeiro lugar, porque me mandaram. O mérito da obediência me mandou aqui. E em segundo lugar, porque me explicaram, eu entendi e minha vontade aderiu, meu amor de Deus aderiu a isto. É tal, tal, tal.
Então, agora nós vamos ver a razão desta campanha [em favor da independência da Lituânia, n.d.c.]. Assim, resumida, para o uso de um eremita se lembrar durante a campanha, de um momento para outro.  A coisa é esta:
Nós temos como interesse desarticular o mais profundamente possível a Rússia comunista. Por quê? Porque Nosso Senhor disse que todo reino dividido contra si mesmo perecerá. Aquilo é um reino. A Rússia é um reino cujo rei é Satanás, mas é um reino. Quanto mais ela se dividir, melhor será para aqueles que estão combatendo aquela influência. Ela se compõe de um núcleo grande, chamado propriamente de Rússia, e de uma porção de pequenos Estados, que há séculos atrás ela foi conquistando e anexando e que constituíam, em 1917 – ou até 1917, quando caiu o Império russo – constituíam um só Estado: o Império russo.
Depois, em 1917 caíram os tzares, vieram os comunistas, e continuou a mesma coisa, o Império russo tenho devorado várias pequenas nações em volta.
Agora, nós temos interesse em que essas nações se libertem, porque reduzem um bloco grande a um bloco bem menor. Quando o bloco menor está reduzido só a si mesmo, ele se divide por si. Porque há um velho provérbio que diz que “em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”. E também num país onde a política vai mal todos brigam e ninguém tem razão.
Então a gente tirando esses países vizinhos da Rússia, fazendo eles se separarem, a Rússia começa a ficar descontente com seus chefes, e começa a aparecer desordem lá dentro. É o ideal para cair em cima e liquidar!
Ora, acontece que a Lituânia é uma nação dessas que a Rússia devorou. Segundo ponto: essa nação proclamando sua independência deu uma cócega de independência para todas as outras. Terceiro ponto: se nós ajudarmos essa nação a resistir à pressão russa, todas as outras vão ficar mais agitadas do que nunca! E então nós, queremos a liberdade da Lituânia.
O raciocínio está claro? [Claríssimo.] Então, se quiserem, é só me mandarem isso, que eu reduzo ao ponto 1, 2, 3, 4, tiro as palavras inúteis, e fica uma coisa límpida, clara, que todos os meus eremitas podem levar na viagem!
Então, a palavrinha de hoje constou de duas partes: uma teoria sobre o entusiasmo; e segunda parte, uma aplicação dessa teoria. E com isso os senhores ficaram servidos de um prato pequeno, mas que contém alguma coisa!
E com isso, meus caros, eu já tenho que atender outra gente, outras coisas…

Nota: Recomenda-se o Santo do Dia “Entusiasmo: o que é? Como obtê-lo?“, onde Dr. Plinio explana mais detidamente sobre o tema.

(**) Clique aqui para ver A nobre epopeia das caravanas da TFP (págs. 104-112)

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