Catolicismo, N° 533, Maio 1995 (www.catolicismo.com.br)
Para os registros da História…
Nossos leitores certamente estão lembrados de que em junho de 1990, a TFP brasileira e associações congêneres em 26 países organizou um monumental abaixo-assinado de apoio à frágil e recém-declarada independência da Lituânia. Esta havia sido a primeira nação báltica a desligar-se da cortina de ferro ao tempo em que Gorbachev tentava, de todos os modos, manter coesa a malfadada União Soviética.
Como se recorda essa anexação foi mantida sob botas e baionetas desde 1940. A Hierarquia católica inteira foi supressa, os bispos mortos ou exilados. Em julho de 1941, os soviéticos comprimiram 35.000 homens, mulheres e crianças em vagões de transporte de gado e os enviaram para campos de extermínio na Sibéria. Após três anos de vexatória ocupação nazista, a Lituânia retornou ao jugo comunista. De agosto de 1944 até 1953 (morte de Stalin), estima-se que 600.000 lituanos (20% da população) foram deportados para a Sibéria. A maioria jamais retornou.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com sua profunda visão da realidade internacional, decidiu promover um abaixo-assinado popular, de nível mundial, endereçado ao então presidente lituano, Vytautas Landsbergis, a fim de demonstrar o quanto aquele país báltico, de maioria católica, merecia ser apoiado em seu justíssimo anseio de apartar-se do jugo dos comunistas russos.
Em cerca de quatro meses, a petição alcançou a extraordinária cifra de mais de 5.000.000 de assinaturas de pessoas de todas as classes sociais de 26 países nos cinco continentes.
O montante final de 5.218.520 firmas foi reconhecido como o maior abaixo-assinado jamais feito na História da humanidade e entrou assim no famoso Livro Guinness de Recordes.
Estranhamente, contudo, a nota descritiva de tal recorde não trouxe o nome da entidade que havia promovido o abaixo-assinado!
Mais singular ainda: o diploma certificando o recorde não foi endereçado à TFP, promotora da petição, mas ao beneficiário desta. Não é o caso de levantarmos aqui qualquer hipótese para tal procedimento.
Entretanto, a carta (original em inglês) que transcrevemos, assinada pelo ex-presidente lituano Landsbergis, vem, por justiça, esclarecer precisamente esse ponto. Fica assim consignado nas páginas de Catolicismo para conhecimento dos leitores e registro na História…
Plinio Corrêa de Oliveira
Presidente do Conselho Nacional
da Sociedade Brasileira de Defesa
da Tradição, Família e Propriedade
Rua Maranhão, 341
01240 – São Paulo – SP
Brasil
Vilnius, 30 de janeiro de 1995
Caro Sr. Presidente
Um mês atrás me foi dado de presente o certificado do Guinness Book of Records que atesta que o maior abaixo-assinado do mundo, com 5.218.520 firmas, em apoio à independência da Lituânia, foi coletado pela sua Organização durante o verão de 1990.
Sua Delegação, chefiada pelo Dr. Caio Xavier da Silveira, Presidente da Comissão Inter-TFPs, e acompanhada pelo meu representante, o deputado Sr. Antanas Racas, levou a petição a Moscou e a entregou ao presidente soviético Michail Gorbachev.
Aceitando este certificado do Guinnes Book of Records, a Lituânia lembra com gratidão a atuação do Sr., a qual fez que a determinação da Lituânia, de recuperar a sua independência, fosse conhecida em todo o mundo. As visitas de sua Organização à Lituânia dão-nos esperança e confiança em nosso futuro e na proteção de nossa Santa Mãe a Quem confiamos nosso país em Siluva, em passado remoto, e mais especialmente no Dia de Ação de Graças, em 8 de setembro de 1991, com a presença de milhares de pessoas do povo e muitos representantes de Estados estrangeiros.
Agradecendo ao Sr. pelo seu apoio à ressurreição espiritual de nossa Pátria, no reviver das tradições e valores morais, fico
Sinceramente seu,
Vytautas Landsbergis