Catolicismo, N° 388, Abril de 1983 (www.catolicismo.com.br)
Plinio: opinião pública deve influenciar Legislativo
“O SISTEMA democrático que a abertura trouxe para o Brasil, se dá a cada homem o direito e o dever de votar, lhe impõe também a obrigação de pensar. E quando o homem pensa, necessariamente fala do que pensa, a começar pelas conversas domésticas versando sobre política, religião, cultura e arte. Se as famílias não pensam, não educam, a vida política é prejudicada. As pessoas só votam quando obrigadas, e jogam dentro da urna um papel com qualquer nome” — afirmou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.
“Portanto, se excluirmos da vida pública o fator pensamento — prosseguiu — daí decorreria simplesmente a ordem do curral, onde há ração e tranqüilidade para que o Estado exerça sempre mais amplamente sua ação ordenhativa”.
Sintoma auspicioso
“Contrariamente ao que se viu no decurso da última campanha eleitoral, isto é, o alheiamento demonstrado pelos representantes do Brasil autêntico, tive notícia de que há alguns meses atrás as Associações Comerciais do Brasil estavam preparando a montagem de um organismo denominado ‘Ação Empresarial’, e de uma secretaria destinada a seguir os debates nas Câmaras dos Deputados, e até participar eventualmente dos trabalhos das Comissões”.
“A notícia referia-se — continuou o catedrático paulista — a várias personalidades do comércio envolvidas no debate do tema, brasileiros de cujas opiniões discrepo em alguns pontos, e com os quais concordo em outros, mas que, a meu ver, representam muito autenticamente o pensamento médio da classe empresarial”.
Em escala nacional
“Não sei até que ponto as circunstâncias terão permitido a realização do inteligente desígnio das Associações Comerciais do Brasil. Mas faço votos — salientou o pensador católico — de que todos os ramos das atividades nacionais trilhem o mesmo caminho: nossa indústria, às vezes tão ágil e empreendedora, às vezes também parecendo tão ingênua e tão entreguista; nossa lavoura, sempre tão benemérita, sempre tão sacrificada, sempre tão incapaz de se defender vitoriosamente neste País, onde, entretanto, ela é tudo ou quase tudo”.
E concluiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Não apenas as associações profissionais devem se organizar para a atuação na vida pública, mas também todos os homens para os quais pensar ainda é algo. Que eles formem associações e possam fazer sentir sua presença colaborante e vigilante nos corredores dos Legislativos do Brasil”.