Plinio Corrêa de Oliveira ressalta importância da moral católica quanto ao aborto

Catolicismo, N° 392, Agosto de 1983

“A IGREJA FOI instituída por Nosso Senhor como mestra da Moral, e excluí-la de qualquer assunto de natureza moral significa excluir o próprio Jesus Cristo. O que infelizmente não é raro acontecer em órgãos de comunicação social em nossos dias, ao apresentar para o grande público a questão do aborto”, declarou à imprensa o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.

“Devo ressaltar — prosseguiu — que me parece pelo menos muito questionável que assuntos desses sejam debatidos, por exemplo, pela televisão. Pois o formidável poder de penetração desta põe-na ao alcance até de qualquer criança curiosa. É, portanto, de se desejar que tal debate se dê invariavelmente nos termos doutrinários e técnicos que o direito à vida impõe”.

Clero

“Seria falso dizer — assinalou o pensador católico — que o Clero de nossos dias se mostra inerte na pregação da Moral cristã. Pelo contrário, noto que seus membros mostram-se ativos e até excitados. Mas é frequente que essa atividade se concentre tão insistentemente nos pontos de Moral concernentes às relações capital-trabalho, que os outros pontos essenciais da Doutrina Católica ficam relegados a um segundo plano.

“Lembro-me, por exemplo, de certa declaração do Cardeal D. Eugênio Sales, feita em louvor do Cardeal Mota. Referindo-se a uma enérgica intervenção do então recentemente falecido Prelado contra o divórcio, o Cardeal Sales comentava que essa medida destruidora da família talvez não tivesse vencido anos depois, se a nova investida divorcista tivesse encontrado da parte dos Bispos do Brasil a mesma firmeza.

“À vista da criteriosa observação do Cardeal Sales — acrescentou o catedrático paulista — salta-me à vista o contraste: vejo incontáveis clérigos entregues a uma obsedante insistência em matéria de relações capital-trabalho, aliás quase sempre num sentido esquerdista. E temo que na luta contra o aborto se passe algo ainda muito mais acentuado do que em relação ao divórcio”.

Assassinato

“Na Espanha a Hermandad Sacerdotal, prestigiosa organização que congrega membros do Clero espanhol, afirmou que cada aborto constitui um assassinato. Assim, à medida em que a impunidade legal venha a favorecer no Brasil que o aborto se introduza em nossos costumes, ocorrerá um número indefinidamente crescente de assassinatos. Tudo isso abre como que um rio de pecados a ‘bradarem aos céus clamando por vingança’, segundo a expressão do Catecismo”.

E concluiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

“No plano social, as chamadas uniões livres só podem concorrer para a multiplicação do número de abortos. De outro lado, os vínculos do matrimônio são debilitados pelo aborto, pois quanto mais numerosos os filhos, tanto mais se robustecem os vínculos afetivos e morais entre os pais. Tudo isso redunda, portanto, em mais um fator de debilitação da família e de toda a sociedade brasileira“.

 

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