Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos. O que pedir em Sua festa?

Santo do Dia, 24 de maio de 1968

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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Hoje temos a festa de Nossa Senhora Auxílio dos Cristãos. Essa invocação foi introduzida na ladainha Lauretana por São Pio V, em comemoração da vitória alcançada contra os turcos em Lepanto [7-10-1571]. A festa foi instituída por Pio VII [em 26-9-1814], em ação de graças por sua volta à Roma, depois de preso por Napoleão.

Os senhores sabem que aquela imagem que está na nossa capela – é sempre bom repetir isso para os novatos – é de Nossa Senhora Auxiliadora. O simbolismo da imagem é muito bonito. Nossa Senhora tem em um de seus braços o Menino Jesus e na mão um cetro. Isso quer indicar que pelo poder que Ela tinha sobre o Menino Jesus, e que conservou a vida inteira, Ela tem a onipotência sobre todo o mundo, sobre todo o universo.

E como Senhora onipotente do universo, Ela tem o poder de nos auxiliar em tudo que nós quisermos. É uma auxiliadora onipotente. Por outro lado, o semblante risonho dEla, o semblante amável dEla, nos fala da sua misericórdia. Então, estão dois fatores presentes para nós confiarmos no auxílio dEla. Ela quer inesgotavelmente socorrer-nos, Ela pode socorrer-nos em tudo. Logo, se pedirmos Ela socorrerá. Quer dizer, Nossa Senhora Auxiliadora poder-se-ia chamar, debaixo de um certo ponto de vista, Nossa Senhora dos Pedidos. Ela não nos auxilia só quando nós pedimos, é verdade, mas sempre que nós pedimos, Ela nos auxilia. Ela é chamada, por causa disso, Auxílio dos Cristãos.

Por causa disso também, convém lembrarmos a insistência com que Ela é invocada em nossas orações. Os senhores notaram que depois das três Ave-Marias que rezamos à noite, há sempre uma jaculatória: Auxilium Christianorum, ora pro nobis. Porque Dom Chautard condena o seguinte erro em que certas pessoas caem: “Deus, Nossa Senhora, que me ajudem nas dificuldades extraordinárias da vida. Nas dificuldades comuns, eu não preciso do auxílio dEla. Eu com meu talento, minha capacidade e minha energia, resolvo por mim mesmo”. Em matéria de apostolado como, aliás, em matéria de tudo, isso é falso. Mas em matéria de apostolado é falso a um título especial, é falso de modo muito particular.

Nós, para o êxito do apostoladocomo para o êxito de nossa vida interior, precisamos a cada passo do auxílio de Nossa Senhora. Por exemplo, para que estas palavras que estou dizendo aos senhores tenham alguma fecundidade. Essa fecundidade resulta exclusivamente da graça de Nossa Senhora. E essa graça é Ela que obtém de Deus, que é o autor da graça, que é a fonte última, verdadeira e profunda de todo bem, de todo dom perfeito. De maneira que se Nossa Senhora não me auxiliar, essas palavras resultarão vãs e se eu quero esse auxílio, devo pedi-lo.

Portanto, é a coisa mais normal do mundo que antes de começar o “Santo do Dia”, eu faça uma jaculatória. Se eu não fizer a jaculatória, que esteja no estado de espírito de quem habitualmente está pedindo a Nossa Senhora o auxílio para tudo o que fazreconhecendo a dependência em relação a Nossa Senhora, e reportando minha esperança no auxílio dEla para resolver todos os problemas dentre os quais eu possa estar. Isto diz respeito aos problemas do apostolado e – sobretudo – aos problemas da vida interior.

Em nossa vida interior não podemos fazer nada sem a graça. E esta nós só podemos receber de Deus, O Qual só no-la dará por intermédio de Nossa Senhora que no-la dará se pedirmos. E Ela é, portanto, nossa auxiliadora indizivelmente misericordiosa, que a todo momento está disposta a nos ajudar e a nos conferir os auxílios mais inesperados, os auxílios maiores, os auxílios mais súbitos, os auxílios mais estrondosos. Depende apenas de nós pedirmos, pedirmos, pedirmos.

Devemos nos preparar para fazer um pedido a Ela. Qual é o pedido que devemos fazer? Nós devemos fazer-Lhe pelo menos um pedido. Mas Ela, como Auxiliadora que é, gosta que se Lhe peça muita coisa. Nossa Senhora não é como os potentados da terra a quem a gente pede pouco, para obter algo. Nossa Senhora pelo contrário, é uma Mãe boníssima, que gosta que os filhos lhe peçam muito e que quanto mais coisas os filhos lhe pedem, mais Ela se agrada com isto.

Porém essas coisas devem ser pedidas com ordem – não exclusivamente – mas sobretudo à glória dEla e à implantação de Seu Reino, à ordem sobrenatural, à causa contra-revolucionária, às diversas TFPs, etc.

Nossa Senhora é tão boa que Ela atende, muitas vezes, pedidos de pessoas que pedem apenas para proveito próprio, mais nada. Por exemplo: “Minha Mãe, meu braço não está funcionando; eu vos peço que meu braço funcione”. Nossa Senhora põe em funcionamento o braço da pessoa… e esta não se converte.

Mas assim mesmo Sua bondade se exerceu e Ela tira daí um proveito: mostra que Ela é tão boa, inclusive para quem não merece. Mas se Ela é até boa para os filhos das trevas, quanto mais Ela pode ser boa para quem – com maior ou menor fidelidade – pode chamar-se filho da luz. Evidentemente Ela transborda do desejo de ajudar.

Então, seria uma coisa muito boa, seria o ideal, que uma pessoa que interiormente se sentisse levada a isso – porque é preciso ter uma moção interna para tal – fizesse uma lista de vinte ou trinta pedidos a Nossa Senhora.

Pedidos nessa ordem: pedidos para minha vida interior, pedidos para meu apostolado, pedidos para a totalidade das TFPs, pedidos para a causa contra-revolucionária em geral. Pedidos, portanto, para nossa Mãe indizivelmente querida e indizivelmente perseguida: a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana. Pedido da urgente realização das promessas de Nossa Senhora feitas em Fátima. Então, para cada um desses pedidos, formular algumas coisas.

Mas, se pelo menos não houver um movimento interior da alma para isso – e não ter esse movimento não significa infidelidade; a graça toca cada alma de um modo –, pelo menos estudar um pedido de vida interior e um pedido de apostolado para fazer.

O que posso mais querer para minha vida interior? Eu recomendo uma intenção. E esta eu recomendo instantissimamente: que Nossa Senhora faça na alma de cada um o que Ela sabe que é melhor. Isso é evidente: não se pode deixar de pedir.

Mas, além disto, o que nós desejamos, o que Ela nos dá, pela graça, pela razão, a ocasião de conhecer e de desejar como necessidade nossa, é normal e legítimo que peçamos. Então, pedir a Ela o que for, a graça que fale no interior da alma dos senhores. Mas aqui vamos pedir para que Nossa Senhora Auxiliadora, a todos nós, conceda grandes graças. 

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