Nossa Senhora de Pompéia (8/5) e a propagação do Santo Rosário

Santo do Dia, 7 de maio de 1968

A D V E R T Ê N C I A

O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.

Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:

“Católico apostólico romano, o autor deste texto  se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto,  por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.

As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.

 

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Quadro de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia (Itália)

 A ficha é a respeito de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia:

Esta devoção data de 1875. Neste ano, vagueava na solidão do vale de Pompéia um advogado, Bartolo Longo, pecador incrédulo, procurando a verdade para a sua alma cheia de angústia. Eis que de repente uma voz ressoa aos seus ouvidos: “Se queres achar a paz, propaga o Rosário, porque é segura a salvação de quem espalha o terço”. Bartolo Longo sentiu-se tocado pela graça e decidiu obedecer ao conselho que ouvia.
Conseguiu em Nápoles um belo quadro representando a Virgem do Rosário com São Domingos e Santa Catarina e expôs numa capela do vale de Pompéia, incrementando a recitação do terço em público todas as tardes. Sua obra cresceu a devoção ao Rosário, em Monterrero; os milagres multiplicaram-se na pequena igreja; milhares de peregrinos vieram colocar a fronte ante a estampa da Mãe de Deus.
Com o passar dos anos ergueu-se ali um grande templo. O vale chamou-se Metrópole do Rosário e a invocação à Virgem sob o título de Nossa Senhora de Pompéia correu o mundo.

 

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Basílica de Nossa Senhora de Pompéia (Itália)

Foto: Leandro Neumann Ciuffo from Rio de Janeiro, Brazilderivative work: Rabanus Flavus – CC BY 2.0, Wikipedia

É muito bonita aqui a coincidência dos fatos. Um dos esplendores e uma]das belezas de Roma é a gente ver como o paganismo foi enterrado e liquidado pela Igreja. O paganismo outrora tão poderoso, que deixou em Roma aquelas ruínas, monumentos colossais, entretanto vê-se que com as pedras daquelas ruínas foram construídos monumentos católicos. Às vezes é sobre as ruínas, ou junto às ruínas: o paganismo está ali ossificado, “esqueletizado” e a Religião Católica está viva depois de 2000 anos!
É o mesmo que se dá nesse vale de Pompéia. Com efeito, ali é onde existe a cidade de Pompéia, que os senhores sabem que, como a cidade de Herculano, foi completamente sepultada pelas cinzas na famosa explosão do Vesúvio, onde morreu o meu xará Plínio, o novo. Nesse lugar que se tornou célebre por causa das pesquisas arqueológicas, há depois um fato da vida católica que vem acrescentar ao local uma celebridade de outra natureza. Pompéia está ali fossilizada. Perto dela, uma velha devoção ressurge, uma devoção como que acabada, toma vida e uma continuidade extraordinária.
A devoção ao Rosário, os senhores sabem que é do tempo de São Domingos, do século XIII portanto. Esta devoção, de tanto ser usada pelo povo, frequentemente como que envelhece, mas a Providência pratica milagres para lhe dar nova vida e incrementá-la mais uma vez. São inúmeros os milagres praticados ao longo dos séculos para ressuscitar a devoção ao Rosário. Aí os senhores têm algo antigo, católico, que não envelheceu, porque ao contrário das coisas pagãs, teve um milagre para ressuscitá-lo.
Um advogado, Bartolo Longo, passeando pelo vale de Pompéia, cheio de angústias, recebe uma voz do Céu que lhe diz isto: Se queres resolver as tuas angústias, difunde a devoção ao Rosário. E daí nasce uma igreja grandiosa, das mais importantes da Itália. E foi prelado de Pompéia, um conhecido nosso – tragicamente expulso de lá – que foi Mons. Roberto Ronca, de tão grandes crônicas na história do passado do Grupo.
Esta devoção em Pompéia vive, sendo que a Itália é um país tão cheio de grandes centros de piedade, e este é um de seus maiores centros de piedade e a devoção a Nossa Senhora do Rosário aí refloresceu novamente com êxito extraordinário. Os senhores têm também a igreja do Rosário de Pompéia, em São Paulo. Os senhores veem aí a continuidade e a perpetuidade das coisas da Igreja.
Outro elemento a ser considerado: a devoção ao Rosário tem isto de particular que os verdadeiros fiéis aderem a ela por uma espécie de instinto, sem saber bem exatamente porque, todo mundo pega no Rosário, todo mundo que tem fé gosta do Rosário, todo mundo que tem bom espírito adere ao Rosário e a devoção ao Rosário é de uma natureza tal, que nem precisa de argumentação para gostar do Rosário.
E aí se explica o modo maravilhoso pelo qual o Rosário se propaga também entre nós. Podemos dizer que o Rosário é a devoção do Grupo. Juntamente com a comunhão diária, é uma das características do Grupo.
Tenho certeza de que se algum dos senhores no momento aqui não está com o Rosário no bolso, é por uma distração rara, por uma exceção, porque todo mundo vai entrando para o Grupo e se já não tinha o Rosário, compra o Rosário e o tem continuamente consigo no bolso e o reza. É uma dessas coisas que se fazem como que por instinto de “ultramontanidade” [de mentalidade contra-revolucionária, n.d.c.] e de devoção à Nossa Senhora, de tal maneira Nossa Senhora ama esta devoção.
Isto é para nos explicar que este instinto não é algo sem razão, não é um puro mimetismo, não é uma pura imitação, mas corresponde a um altíssimo desígnio da Providência, o qual consiste em que os quinze mistérios principais da vida de Nossa Senhora e de Nosso Senhor Jesus Cristo sejam meditados e sejam rezados por todos os fiéis e daquele modo. Nossa Senhora quer aquele modo.
Há – e aí os senhores veem muito aquele instinto de piedade – certos Rosários dos quais os senhores já têm ouvido falar e que são em forma de roda: é uma roda com dez dentes pequenos, na ponta uma cruz e a pessoa querendo reza aquele Rosário. Ele é até indulgenciado. Que cara os senhores fariam se alguém dissesse: “Eu vou puxar o meu Rosário” e tirasse aquela roda…
A devoção está ligada ao objeto Rosário. É aquele objeto daquele jeito, com aquela forma que foi querida, foi desejada por Nossa Senhora e embora a Santa Sé tenha o poder de ligar as mesmas indulgências a um objeto de uma mesma forma e embora isto se justifique debaixo de alguns aspectos, entretanto o objeto providencial, o objeto abençoado, o objeto que todos procuram pelo instinto da devoção ao Rosário é o próprio Rosário, porque Nossa Senhora quer ser obedecida até nos elementos concretos da sua ordem e o desejo dEla foi que aquela devoção fosse rezada por meio daquele instrumento.
Por causa disso os senhores encontram também a guerra dos maus ao objeto Rosário. Assim os senhores notam o seguinte: grande número de Ordens e congregações religiosas usavam o Rosário pendente do hábito. Com os hábitos, desapareceram os Rosários. Os senhores estão imaginando alguma ordem religiosa que ao comunicar aos seus membros a abolição do hábito diga: “Recomendamos, entretanto, que todos os membros continuem a usar piedosamente o Rosário?”…
Quem tem birra da batina tem birra do Rosário; quem tem birra da batina e do Rosário, tem birra de Nossa Senhora. Queiram, ou não queiram, estas coisas são assim. E quem tem birra de Nossa Senhora é filho das trevas. Isto, então, é a coisa mais líquida que pode haver. Os senhores estão vendo como há delicadezas e sutilezas nessas devoções e nesses fenômenos sobrenaturais, a ponto de uma tal bênção se ligar, pelo próprio instinto da piedade dos católicos, a um objeto no seu aspecto natural.
O mesmo se poderia dizer do Escapulário. Há uma medalha do Carmo que tem todas as indulgências do Escapulário. O verdadeiro carmelita não usa a medalha: ele procura o Escapulário. E eu aproveito para dizer para os senhores também o seguinte: uma pessoa de mau espírito estando em minha casa durante o tempo de minha doença, soube que fez esse comentário: “Esses rapazes são muito dedicados, muito amáveis, muito bons, mas ficam aqui na sala rezando uns “rosariões” de um metro”. A gente vê que a birra do Rosário é tanta, que dá raiva do Rosário grande…
Essa pessoa se contentaria mais se fosse um Rosário pequeno. E se fosse um rosarinho deste tamaninho, a pessoa ficaria mais consolada e diria: “Esse é um espírito emancipado e que não tem preconceitos”…
Eu não gosto muito de uns micro-escapulários que tenho visto, tão pequeninos que a gente não sabe porque um fio tão comprido para prender aquilo, quase do tamanho de um grão de feijão. E ainda revestido de matéria plástica! Aquilo pode-se dizer que é um Escapulário? É, mas é um Escapulário reduzido à sua expressão mais simples. Escapulário, o bom, o tamanho normal é o clássico do “bentinho” do Carmo, mais ou menos deste tamanho assim e, melhor ainda, para nós que somos terceiros, é o Escapulário grande. Eu não vou dizer que deva encher o peito inteiro, mas consideravelmente maior do que o Escapulário comum: esse é o Escapulário do carmelita que ama o seu Escapulário.
Alguém me dirá: “Mas a coisa está no tamanho?” Eu digo: “Meu caro, está! Assim como essa pessoa de mau espírito tinha birra do Rosário de “um metro”, ela teria birra do Escapulário grande”. E há uma certa falta de zelo, existe um certo não sei o que para a pessoa se contentar com o tal micro-escapulário. Estou vendo as respostas: “Isto é muito bom para usar no banho de chuveiro”. Eu sei bem. Eu tenho vontade de dizer: “Mas você vive no banho de chuveiro?” Porque a coisa é evidente! Então ponha o Escapulário para essa ocasião, e depois recoloque um de normais dimensões. Não vai agora usar um micro-escapulário por causa disso…
De maneira que fica aqui então acentuado um ponto: as formas desses objetos não são indiferentes, nem os tamanhos são indiferentes. Eles têm uma certa relação com os desígnios da Providência e, portanto, o bom espírito leva a querê-los deste modo.
Essa é a recomendação da noite de hoje. Só a considerará insignificante quem não compreender a organicidade das matérias de piedade. Estas são assim: um fragmentinho dela tem importância. É como um organismo vivo. Se eu dissesse agora: “Fulano, vem cá. Dê seu dedo, vou cortar um pedacinho”… A pessoa estremeceria inteira e diria: “Como?! cortar um pedacinho de meu dedo?”… – Mas, não tem importância, é só um pedacinho!” Não, mas a questão é que se trata de um pedacinho de um organismo vivo, não é verdade?
Assim também isto: é um pedacinho da devoção à Nossa Senhora e, portanto, é imensamente precioso e dileto a nós, que da misericórdia de Nossa Senhora vivemos e dEla esperamos a salvação eterna. Que Ela nos ajude, nos proteja e tenha pena de nós.

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