Auditório Nossa Senhora Auxiliadora, Santo do Dia, 26 de abril de 1995
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Eu creio que a ninguém terá causado surpresa a especial comemoração neste ano da festa de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, cujo santuário, localizado em Genazzano, na Itália, tem sido visitado por tantos membros do Grupo e de tantas TFPs, que ali têm recebido graças especiais, e cuja imagem aqui presente, aqui nessa estampa, foi objeto de graças especiais para um dos membros da TFP. Graça inesquecível que se encontra, por assim dizer, no centro de minha vida. [Aplausos].
* Eu não hesito em dizer que a expressão invocativa de Nossa Senhora do Bom Conselho se confundirá, talvez, algum dia, com a de Nossa Senhora da Bagarre
O fato que liga a minha vida a essa imagem é bastante conhecido para não haver necessidade de eu relembrar aqui. Mas eu queria fazer notar que essa graça que então recebi e que todos os senhores conhecem bem, essa graça se desenvolve ou se concede em torno de um pensamento central. Esse pensamento se torna mais atual do que nunca nos dias que nós estamos vivendo e se tornará mais atual ainda nos dias que nós iremos viver. De tal maneira deverá tornar-se atual, de tal maneira deverá esse pensamento iluminar toda a nossa trajetória durante a Bagarre [realização das promessas feitas por Nossa Senhora em Fátima, n.d.c.], que eu não hesito em dizer que a expressão invocativa de Nossa Senhora do Bom Conselho se confundirá, talvez, algum dia, com a de Nossa Senhora da Bagarre. [Aplausos e brado].
Qual é o pensamento central que preside a isso? É a observação de um fato que está também no centro da história da TFP, pelo menos até alguns anos atrás, em que os nossos horizontes começaram a se abrir mais ainda e em que já não se falou tanto disto.
Eu creio que mesmo dos enjolras [novatos] aqui, apenas os muito novos talvez nunca tenham ouvido falar no rio chinês como a trajetória característica da TFP.
Nós estávamos, naquela época, a uma distância tal da Bagarre, os acontecimentos que então se passavam pareciam tão improvavelmente capazes de gerar a Bagarre, a ordem relativa, mas muito aparente, muito lustrosa, que reinava naqueles dias parecia distanciar o mundo tanto do caos, nos bordos do qual ele se encontra hoje que, realmente, era uma coisa improvável, para aqueles que julgam apenas as probabilidades segundo os aspectos humanos e terrenos. A distância para percorrer entre a nossa situação naquele tempo e a situação da Bagarre pareceria uma distância infinita. Daí alusão aos rios chineses.
* Tinha-se a impressão de que nunca as águas do rio chinês chegariam até ao oceano da Bagarre
Os rios chineses, ou ao menos vários deles, como todos os rios do mundo, tendem para o mar. Mas enquanto a maior parte dos rios tende para o mar fazendo ligeiras ondulações em torno de uma linha que se percebe que é uma linha reta, pelo contrário, os rios chineses – alguns deles – caminham para o mar do modo mais caprichoso possível. Caminham para a frente, e quando o navegante pensa que está se aproximando do mar, ele nota de repente que está enganado, porque as águas do rio fazem uma volta e refazem, em sentido oposto, todo o percurso que eles tinham feito. E mais ou menos vai num ziguezague isto, aproximando-se do mar e depois voltando para trás, de maneira tal que parecia com os acontecimentos daquele tempo.
Quer dizer, este, aquele ou aquele outro fato pareciam encaminhar-nos para a Bagarre. Mas caminhávamos um pouco para a Bagarre, depois o fato voltava atrás e o curso dos acontecimentos parecia voltar para aquela ordem laica, para aquela ordem atéia, para aquela ordem amoral, para aquela ordem “hollywoodiana”, para aquela ordem prenhe de ameaças de comunismo, que haveriam de se realizar de um modo tão diferente – íntegro mas tão diferente – do que de fato se realizaram, que se tinha a impressão de que nunca as águas do rio chinês chegariam até ao oceano da Bagarre.
Isto levava-nos a nos consolar e ao mesmo tempo a sentir uma tentação de desespero.
Consolo pela idéia de que, por mais que parecêssemos distantes da Bagarre, afinal de contas haveria de chegar um dia que, pelo traçado dos rios chineses, se chegaria ao mar e esse mar era o mar da Bagarre.
* O resultado da desolação pelos ziguezagues do “rio chinês” foi a causa do entibiamento e da apostasia de muita gente
Mas, de outro lado, desolação. Tendo em consideração que eram tantos os ziguezagues, tantas as voltas, que as pessoas se punham a pensar se haveria algum dia em que esse rio haveria de chegar ao mar e se não seria uma ilusão de ótica histórica pensar que fatalmente a Bagarre estaria como o mar na desembocadura dos rios de nossas vidas.
Era esta a pesada interrogação que caía sobre a TFP. Interrogação que está na raiz de muito “ensabugamento” [entibiamento, n.d.c.], de muita apostasia. Se não ensabugamento, pelo menos de muito desafervoramento, se assim se pode dizer. Enfim, era um fator continuamente atuante em sentido oposto à da graça dentro da TFP.
Essa constatação nos levava a um ato de confiança.
Quer dizer, apesar de tudo o que nós vemos em torno de nós ou quase tudo que nós vemos em torno de nós nos tirar a esperança da Bagarre, há uma razão pela qual nós devemos esperar na Bagarre. Esta razão é de uma ordem superior, é de uma ordem transcendental, é de uma ordem tal, que passa por cima de todas as objeções que se lhe possam fazer. É uma ordem que supõe fé, que supõe amor de Deus, e que, portanto, supõe circunstâncias de alma que significam um verdadeiro abandono da pessoa a todas as esperanças humanas, a todas as vantagens humanas, para navegar, navegar… Navegar neste rio chinês que se poderia chamar de rio do absurdo, certos de que um dia os que mais tivessem esperado, os que mais animosos tivessem sido nessa navegação absurda, de repente, numa volta de caminho exclamariam: “Ali está o mar!”. [Aplausos]
* Princípio de espera da “Bagarre”: se não houvesse uma conversão de todas as nações, então não haveria remédio, o resultado seria um castigo neste mundo que haveria de destroçá-lo
O princípio que nos levava a esperar a Bagarre a respeito de tudo poderia se enunciar assim:
O mundo estava imerso no pecado (primeiro ponto). E nesse pecado ia se atolando cada vez mais numa marcha tão uniforme, que para o pecado não havia rio chinês, para o Inferno não havia rio chinês, era para a frente e para baixo, para a frente e para baixo, arrastando o mundo inteiro à perdição.
Diante desta visão, a marcha rumo à virtude e rumo à santidade apresentava uma “caracolagem” [movimentação sinuosa, n.d.c.] decepcionante e impunha uma espera tremenda. Mas não era possível que esse mundo merecedor de castigo, e de um castigo na proporção apocalíptica dos pecados que cometia, que esse mundo não fosse punido. E não é dizer que se tratava de uma punição em outra vida, é uma punição que nós receberíamos quando tivéssemos morrido e fôssemos julgados. Esta punição vem e de fé: se morreu em estado de pecado vai para o Inferno e não tem por onde escapar.
Mas não se trata apenas disso, não são só apenas os homens que pecam, são as nações que pecam também. E, segundo ensina Santo Agostinho, quando uma nação peca, peca um pecador que não vai ser julgado no dia do Juízo Final. Os homens vão ser julgados no dia do Juízo Final, mas quando o mundo acabar não haverá mais nações e não haverá, portanto, uma punição própria para as nações.
Então quando é que serão elas punidas?
Elas serão punidas evidentemente nesta Terra, já que no Céu não há gregos, não há turcos, não há curdos, nem há chineses, nem há brasileiros, nem há europeus, existem somente os que se salvaram e os que se perderam. Portanto, nesta Terra as nações têm que sofrer.
Se não houvesse uma conversão de todas as nações de maneira a configurar um verdadeiro “Grand Retour” [grande retorno à inocência primeva, n.d.c.], então não haveria remédio, o resultado final teria que ser que um castigo neste mundo haveria de destroçar este mundo que estava se perdendo pelo mal ao qual se tinha entregue.
* Esse ato de confiança em que a Bagarre um dia desembocaria nas águas da justiça de Deus, era o fundamento transcendental e verdadeiro de nossa confiança na Bagarre
Se era certo que estávamos no pecado, se era certo que o pecado se agravava cada vez mais, se era certo que não havia esperança razoável de uma emenda, então tinha que haver a convicção certa de um castigo. E sejam quais forem as aparências, sejam quais forem as circunstâncias, o castigo virá porque Deus não falta. [Aplausos]
Esse ato de confiança em que a Bagarre um dia viria, em que por mais que caracolasse o rio chinês um dia ele desembocaria nas águas da justiça de Deus e que nesta ocasião as nações em que se reúnem os homens haveriam de receber o seu castigo, era o fundamento transcendental e verdadeiro de nossa confiança na Bagarre.
Os senhores estão vendo o esquema disso, portanto:
– uma situação que parece dever conduzir a um fim;
– esse fim é o castigo pelo pecado, castigo das nações e não apenas o dos indivíduos.
Porém (terceiro ponto):
– tudo parece, na ordem concreta dos fatos, na ordem palpável dos fatos, conduzir ao contrário.
De maneira que: o que pensar?
Negar os princípios fundamentais que nenhuma alma de fé pode negar? Não pode ser. Mas negar o que parece evidência? Não deve ser, mas é por onde se inclina a fraqueza do coração humano, a fraqueza da maldade humana.
* Pedir, pedir, pedir e sempre mais pedir, e quanto mais recusados mais pediremos, até que em um momento as portas do Céu se abrirão e os dias luminosos da era do Reino de Maria entrarão pela História adentro
Então há um determinado momento dentro dessa provação ou das provações desse tipo em que a alma tem que retesar a sua posição e dizer: “Tornou-se mais improvável a Bagarre? Mais eu creio nela! [Aplausos] E diante do desafio por assim dizer sarcástico do rio chinês que vai arrastando por imprevistos e por vais-e-vens as minhas esperanças, eu confio mais nas minhas esperanças do que confio nas mentiras deste rio. Pode ele caracolar como quiser, eu tenho para ele uma resposta: minha confiança é retilínea porque minha fé é verdadeira; eu creio, e porque eu creio, eu creio também, rio mentiroso, rio das mentiras, chegará um dia que o mar vai te devorar”. [Aplausos e brado]
Esse esquema, portanto (o improvável parece que é a realização de nossas esperanças ou quase certo parece o fracasso de nossas esperanças), faz aparecer diante de nós a necessidade, pela oração e pela fé, a um recurso empenhado a oração, ao pedido. Pedir, pedir, pedir e sempre mais pedir, e quanto mais recusados nós pediremos, até que um momento as portas do Céu se abrirão e os dias luminosos da era do Reino de Maria entrarão pela História adentro.
* Há provações que nos perturbam especialmente, porque são de um gênero que não se esperava que uma determinada pessoa tivesse que sofrer
Foi uma situação estritamente individual e à qual não vale a pena fazer maiores referências, foi uma situação dessas que exigiu de minha parte um ato de confiança todo especial. Há provações que a gente acha natural que cortem o caminho de nossa vida. Elas são do gênero do que esperávamos, elas são axiológicas. Mas há provações que nos perturbam especialmente, porque elas são de um gênero não axiológico, são provações que não se esperava que uma determinada pessoa tivesse que sofrer. Entretanto, eis que essas provações – elas são sempre permitidas por Deus para o nosso bem – cortam nossa vida como um tropel de demônios e parecem arrasar com todas as nossas esperanças.
* A imagem em certo momento, sem mover-se, sem que houvesse o menor milagre, entretanto exprimiu algo
Foi numa situação assim, enquanto eu me encontrava em perigo de vida, de uma vida que me parecia que não devia terminar naquele momento, que ainda teria muita coisa para fazer e realizar, mas o perigo batia insolentemente às portas, foi nessa ocasião que eu me defrontei com uma imagem de Nossa Senhora de Genazzano. Esta imagem de Nossa Senhora de Genazzano que meu querido amigo Milton Mourão com outros levaram ao Hospital Sírio-Libanês onde eu estava internado. Foi esta imagem que em certo momento, sem mover-se, sem que houvesse o menor milagre, entretanto exprimiu algo que me deu a certeza até hoje, a certeza certa, de que foi Nossa Senhora mesmo que comunicou que estava lá.
Isso eu declaro em público e não tenho a menor dúvida. [Aplausos].
No dia seguinte a esse fato veio visitar-me o médico. Examinou a região do corpo que estava operada e, com surpresa para minha irmã que estava no quarto e para mim, ele empurrou os panos de lado e disse: “Se ele quiser pode voltar hoje para casa. Melhorou tanto que o caso está resolvido”.
* Tenho certeza de que Nossa Senhora não mentirá à Sua promessa e que tudo sairá de acordo com a maior glória dEla
Daí para cá uma série de provações de todas as ordens mais uma vez cortou o caminho de minha vida. Entretanto eu tinha, a partir daquele momento, uma certeza que resistia a todas as impressões e a todas as apreensões em sentido contrário. Eu tenho certeza que tal coisa axiológica dará numa vitória. Ela poderá ter todos os contornos de um rio chinês, mas no ponto em que as águas do mar virem as águas do rio, tudo se transforma em canal e as águas do rio cairão no mar inevitavelmente. Eu tenho certeza de que Nossa Senhora não mentirá à Sua promessa e que tudo sairá de acordo com a maior glória dEla. [Aplausos].
Agora, eis-nos chegados ao caos. Eis-nos chegados, portanto, à Bagarre, porque nós sempre entendemos que a Bagarre era um caos sangrento, um caos cruento, mas um caos, a agitação e a perturbação de toda a ordem e de todas as coisas. Esta perturbação invadiu o mundo, o mundo todo está em estado caótico.
* Do caos não nascerá a ordem, mas do esmagamento dele
Mais ainda: o caos se levantou na vida cultural, na vida social, na vida política dos povos como se fosse uma realidade de valor intelectual, um valor novo intelectual que aparece. Do caos se espera, por uma estranha gênese, a ordem, do caos se espera que nasça o bom e o verdadeiro, quando o caos é o mal e o desordenado.
Por isso estranhos apóstolos do mal percorrem todo os distritos políticos, sociais, étnicos e religiosos da Terra anunciando que o caos se fará, mas que nele está a vitória. Quando nós proclamamos [que] o caos é a derrota, o caos é o advento do reino do demônio, e esse reino só não se dará porque nós, com a certeza de nossa fé, com a certeza de nossa axiologia, afirmamos: “Não se dará! Do caos não nascerá a ordem, mas do esmagamento do caos nascerá a ordem. E nesse esmagamento nós cremos firmemente porque cremos na vitória de Maria”.
Aí está o mesmo esquema: algo que parece improvável, que quase que não se realiza, mas que por uma intervenção de Nossa Senhora se realiza sempre de modo maravilhoso e improvável.
Esta realização assim, é própria à imagem, é própria à devoção de Nossa Senhora de Genazzano.
Por que é própria?
* Nossa Senhora do Bom Conselho é Nossa Senhora dos aflitos, porque estão desorientados e precisam de uma orientação
Em si, se nós quisermos analisar a noção de Nossa Senhora do Bom Conselho, se entende que ela quer dizer Nossa Senhora enquanto por sua intercessão onipotente obtém de Deus para as almas que estão perturbadas, que não sabem o que fazer diante de uma certa emergência, que precisam, portanto, de um conselho porque elas analisam a situação e não encontram em seus recursos intelectuais uma orientação rectrix a seguir, que pedem, portanto, ajuda de Deus, ajuda de Nossa Senhora para saber como devem fazer e têm dificuldade em encontrar.
Mas pedindo a Nossa Senhora do Bom Conselho, quer dizer, a Nossa Senhora enquanto Mãe compassiva de todos os homens, no caso concreto dessa invocação enquanto Mãe que se compadece dos homens desvairados, dos homens que não sabem como se orientar em determinada emergência, que se compadece deles e lhes obtém a graça de uma iluminação interior, de um discernimento especial, de uma palavra que lhes vem de um bom amigo, de um bom diretor, enfim, de um livro bom que encontram (foi o caso, por exemplo, comigo com o livro da “Confiança” do Abbé Saint-Laurent, que tanto me ajudou nas vias da confiança e que eu comprei assim numa feira de livros apenas para não desagradar a um vigário amigo e gentil que me tinha convidado para ir a essa feira), de um modo ou de outro Nossa Senhora nos faz chegar – através do bom livro, do bom amigo, do bom diretor espiritual ou do que for – o conselho que nós queríamos, o conselho que nós pedíamos, a solução que nós procurávamos e que é impossível.
Nossa Senhora é especialmente enquanto conselheira, enquanto padroeira, que pede a Deus que os montes se movam e que os rios alteram o seu percurso para que a axiologia que está no coração de Seus filhos se desenvolva de um modo inteiramente reto e satisfatório, Nossa Senhora do Bom Conselho é Nossa Senhora dos aflitos. Dos aflitos porque estão desorientados e precisariam de uma orientação.
* Nossa Senhora do Bom Conselho é, por excelência, a Mãe e a Conselheira do contra-revolucionário
Quem mais é desorientado em nossos dias do que o contra-revolucionário? Tudo no mundo cotidiano, no mundo revolucionário, no mundo do caos parece falar contra nós, parece mentir-nos, parece dizer-nos coisas que nos levarão para o erro e para o mal. Que remédio há para isto a não ser um bom conselho? Quem é que dá bom conselho neste mundo desvairado – em mais de uma ocasião é preciso dizê-lo: nesse mundo desvairado –, quem é que nos dá um bom conselho?
Ninguém mais e ninguém melhor do que Nossa Senhora do Bom Conselho. Ela é, portanto, por excelência, a mãe e a conselheira do contra-revolucionário desgarrado nas aflições e nas penumbras, para não falar das trevas do mundo de hoje.
Mas isso será ainda muito mais real durante a Bagarre.
É preciso admitir como provável que nós durante a Bagarre não vamos passar todo o tempo juntos, que nos separaremos em muitas ocasiões; e que, em muitas ocasiões, pessoas às quais nós recorremos habitualmente para pedir um conselho não estarão ao nosso alcance. Teremos que resolver nós mesmos, e haverá o perigo de que um desânimo e um desengano invada as nossas almas e as faça cair ao chão no meio da via da confiança e do sucesso.
* A festa de Nossa Senhora do Bom Conselho é uma festa da TFP enquanto uma organização, mas enquanto festa individual de cada membro da TFP
Nossa Senhora do Bom Conselho será, por excelência, nossa padroeira durante a Bagarre nesta via: na via de encontrar o conselho que nos mantenha confiantes, que nos mantenha certos de que aquilo que é axiológico acontecerá e se dará, e por essa maneira nos dará a vitória.
Esta é a razão pela qual, agora mais do que nunca, a festa de Nossa Senhora do Bom Conselho é uma festa da TFP. É uma festa da TFP enquanto uma associação, enquanto uma organização, mas é uma festa da TFP enquanto festa individual de cada membro da TFP, que pode ter essa alegria que tão poucos homens na Terra têm, de voltar para Ela e dizer: “Mãe do Bom Conselho, Vós não me desamparareis. Tende pena de mim e dai-me uma orientação”.
É porque esta singular importância da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho é realçada pelos acontecimentos que se aproximam, é por isso que me pareceu de uma especial conveniência no dia de hoje – festa de Nossa Senhora do Bom Conselho – realizarmos uma singela, mas reverente e emocionada homenagem a nossa Mãe do Bom Conselho.
A imagem ou a invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho tem uma especial relação com o Brasil.
(…) fato é referente ao Brasil, mas mais especialmente ao estado de São Paulo. Ao estado de São Paulo, mais especialmente à cidade de São Paulo. À cidade de São Paulo, mais especialmente ao Colégio São Luiz, na Av. Paulista, onde se encontra, em certos dias do ano, uma imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho imediatamente relacionada com o fato que também vai ser narrado aqui.
Com isto essa nossa homenagem fica explicada e ela já foi prestada. Se houver tempo trataremos de outros assuntos.
Eu desejava que fosse lida aqui antes de tudo uma narração. (…)
Isso é típico da devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho: Ela faz esperar tanto, que a gente de tanto rezar tem que extorquir, por assim dizer, o favor que se pede. Mas aí vem a confiança: “Eu estou querendo extorquir e Ela se compraz em ser extorquida. Por causa disso, um dia virá o que eu estou pedindo”.
[Vira a fita]
Quantas e quantas vezes nós ficamos reduzidos a isso? Confiar, rezar, esperar e receber! (…)
Quer dizer, ele morreu sem conhecer o cumprimento último da profecia, mas com certeza morreu em paz. O seu olhar transpunha as próprias portas da morte, e por visão profética ele via que tudo se realizaria ainda. (…)
Eu me lembro ainda de que, menino, aluno do Colégio São Luiz, várias e várias vezes nos meses de Maria, mês de maio, todos os alunos do colégio eram convidados a comparecer à capela para celebrar o mês de Maria com uma bênção do Santíssimo Sacramento e cânticos em louvor da Santa Mãe de Deus. Eu me lembro ainda bem que um dos cânticos começava assim: “Neste mês de maio, lindo mês de flores, de Maria celebremos os louvores”. O resto eu não me lembro mais.
Toda a minha geração de alunos do Colégio São Luiz passou por essa imagem, e eu numerosas vezes rezei com aflição diante dessa imagem pedindo a graça da minha perseverança.
Com isso, está dito algo que nos faz pensar em todos os liames entre a devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho e a TFP. Mas sublinho especialmente entre Nossa Senhora do Bom Conselho e a certeza da promessa da Bagarre, e na Bagarre a assistência especial do bom conselho nas trevas e dificuldades em que nos encontraremos.
Nota: Consulte a coletânea de documentos da lavra do Prof. Plinio a respeito de Nossa Senhora do Bom Conselho. E mais especificamente sobre a graça que ele recebeu de uma Sua estampa, sugerimos a leitura da Declaração que remeteu ao Santuário de Genazzano (Itália) relatando a insígne mercê, e que foi publicada na revista do mesmo Santuário.