Reunião de 8 de setembro de 1963
A D V E R T Ê N C I A
Gravação de conferência do Prof. Plinio com sócios e cooperadores da TFP, não tendo sido revista pelo autor.
Se Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá Dr. Plinio em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
É um costume comum festejar-se o aniversário das pessoas. A razão disso está em que o aniversário da pessoa representa o momento em que a pessoa entrou na cena dessa vida, e o momento em que o ambiente em que essa pessoa é destinada a viver se enriquece com mais uma presença.
Em princípio, todo nascimento é um favor, é uma graça de Deus, é um enriquecimento para a sociedade humana, porque todo homem tem um grande valor.
Ainda que ele seja concebido em pecado original, ainda que a natureza humana seja inferior à natureza angélica, ainda que o homem, além do pecado original, traga algum vício moral existente na família, cada homem é uma criatura de grande valor. Cada criatura que aparece na Terra representa um enriquecimento altamente ponderável para essa obra de Deus em seu conjunto, que é a humanidade.
Assim, quando se festeja o aniversário de uma pessoa, festeja-se a entrada de alguém no mundo, se festeja a entrada daquele na cena do mundo com tudo quanto ele trouxe e que lhe é característico de luz primordial, de virtudes que deverá realizar, de riquezas de alma que tem dentro de si. E até mesmo o pecado original, com os defeitos que a pessoa leva dentro de si, como coisa a ser vencida e combatida, como aumento de glória, representa também algo no nascimento da pessoa e no enriquecimento em relação à humanidade.
Concebida sem pecado, com todas as riquezas naturais próprias à condição feminina e cheia de Graças: predicados de Nossa Senhora
Nestas condições, a festa da Natividade de Nossa Senhora leva-nos a perguntar qual o enriquecimento que Ela trouxe para a humanidade e a que título especial a humanidade deve festejar seu nascimento. Se nos colocarmos nessa perspectiva quase não se sabe o que dizer. Porque na ordem da natureza, Nossa Senhora foi concebida sem pecado original.
Assim Ela, única no mundo desde o pecado original, isenta de todas as manchas, um lírio incomparável na formosura do gênero humano, algo, portanto, que deveria dar alegria à terra inteira e a todos os coros angélicos. Apareceu nesse exílio, no meio dessa humanidade, uma criatura sem pecado original.
Mas acontece que, além disso, Nossa Senhora trazia consigo todas as riquezas naturais que dentro de uma mulher possam caber. Nosso Senhor deu a Ela, segundo a ordem da natureza, uma personalidade riquíssima, preciosíssima, valiosíssima e, a esse título, a presença dEla entre os homens representava outro tesouro verdadeiramente incalculável.
Mas, se a tudo isso juntarmos os tesouros das graças que vinham com Ela, que Ela tinha consigo e que são as maiores graças que Deus Nosso Senhor tenha concedido a alguém, graças verdadeiramente incomensuráveis, compreendemos então o que representa a entrada de Nossa Senhora no mundo.
O nascer do sol é uma realidade pálida em relação à entrada de Nossa Senhora no mundo. Todos os fenômenos mais grandiosos da natureza que representem algo de precioso, algo de inestimável, nada são em comparação disso. A entrada mais solene que se possa imaginar de um rei ou de uma rainha no seu reino, não é nada em comparação disso.
A alegria de todos os Anjos do Céu, a alegria talvez de muitas almas justas que tenham ficado cientes desse fato, talvez sentimentos confusos de alegria espalhados por aqui e por lá nas almas boas, tudo isso deve ter saudado o momento bendito em que Nossa Senhora entrou no mundo.
Há uma frase de Jó, que eu gosto muito de citar e que me parece adequada para isso: “Bendito o dia que me viu nascer, benditas as estrelas que me viram pequenino, bendito o momento em que minha mãe disse: nasceu um varão”.
Também se poderia dizer: “Bendito o dia em que viu Nossa Senhora nascer, benditas as estrelas que brilharam sobre Nossa Senhora quando pequenina, bendito o momento em que os pais de Nossa Senhora verificaram que tinha nascido a criatura virginal que era chamada a ser a Mãe do Salvador”!