Santo do Dia, 12 de junho de 1964
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
Hoje é festa do Coração Eucarístico de Jesus. Seria bom lembrar que os primeiros teólogos que escreveram a respeito do Coração de Jesus e depois do Coração Imaculado de Maria, de tal maneira identificavam essas devoções, que falavam do Coração de Jesus e de Maria, usando a palavra “Coração” no singular, isto pela íntima união entre Nossa Senhor e Nossa Senhora. Portanto, não é fora de propósito que eu comente palavras do Coração de Maria na festa do Coração de Jesus.
Palavras do Coração de Maria a Sor Josefa Menendez:
“Minha filha, eu quero dar-te uma lição de grande importância; o demônio é como um cão furioso, mas ele está acorrentado…”
O que quer dizer que ele não tem senão uma certa liberdade.
“… ele não pode, portanto, apropriar-se e devorar sua presa, senão se ela se aproxime dele. É para esse efeito que sua tática habitual consiste em transformar-se em cordeiro. A alma que não se dá conta disso, aproxima-se pouco a pouco e não percebe a malícia da tentação a não ser quando já está ao alcance da dentada. Quando o demônio parece estar longe de ti, não cesse de vigiar sobre ti mesma, minha filha; seus passos são silenciados e escondidos a fim de passar despercebidos”.
Essa linda apresentação é de uma lógica impecável! É por isso que Nossa Senhora é a Sede da Sabedoria. Ela termina com um conselho individual para Josefa Menendez, do qual todos nós devemos utilizar especialmente em dois pontos: a virtude da fé e a virtude da pureza.
Nada de consentir em pensamentos ou tentações vagas do gênero: “Estou com uma pequena vontade de contradizer tal afirmação histórica...” Há certas facilidades que o indivíduo dá ao espírito das trevas, que podem nos pôr em dúvida e isto também em matéria de pureza.
Frei Jerônimo [van Hinten O. Carm., 1909-1972] certa vez, citou a frase de um santo, que não me lembro qual seja, que dizia o seguinte: muitos varões santíssimos caíram nessa matéria por causa da excessiva segurança. Quer dizer, em matéria de excessiva despreocupação com as tentações do demônio. É preciso vigiar continuamente para que não caiamos em tentação. Isto aqui é um comentário da palavra de Nosso Senhor: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação“.
Mas há aí um princípio – do qual esse excelente conselho prático é deduzido – e vai muito mais longe: compreender que, habitualmente, nosso adversário está oculto. A “heresia branca” queria que achássemos que nosso adversário é só aquele que está de cabeça para fora e que o contrário é juízo temerário.
Ao contrário, habitualmente o demônio se oculta e quando se quer procurá-lo deve-se procurar um cordeiro e não um leão. O leão é somente, muitas vezes, um artifício do demônio para dizer que está em tal lugar; mas, de fato, não está aí de modo perigoso. Ele diz que está lá para esconder que está cá. Aí é que compreendemos quanto é preciso ser desconfiado! A sagrada e sacrossanta virtude da desconfiança é a virtude da vigilância. Nosso Senhor diz: “Vigiai e orai”. O que é essa vigilância, senão desconfiança? Um homem que não desconfia de nada, acaso vigia? Não vigia, pois não tem inimigos e de nada desconfia…
Vigia quem desconfia na vida espiritual. A “heresia branca” diz que “faz isso só com piedade”. Nosso Senhor desmente: “rezai (piedade) e vigiai para não entrardes em tentação”. Quer dizer, sede piedosos e desconfiados.
Peçamos a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus na festa de seu Coração Eucarístico, a virtude da piedade e a virtude da desconfiança, os dois pilares da alma do verdadeiro contra-revolucionário.
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