Santo do Dia, 2 de setembro de 1964
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo“, em abril de 1959.
Estátua de Santo Estêvão em Budapest (Hungria)
Santo Estêvão rei e apóstolo da Hungria. A “post comunio da Missa diz o seguinte: o zelo do rei em “propagar e fortalecer a fé do país, lhe valeu a realeza celeste”. Ele instituiu Nossa Senhora padroeira da Hungria. Faleceu em 1038, no dia da Grande Senhora (15 de agosto), denominação em virtude de um edito do santo rei, que os Húngaros dão a Nossa Senhora.
Esta ficha é interessante porque mostra bem dados biográficos do rei que geralmente não se divulgam, ou seja, Santo Estêvão rei como fundador da civilização cristã na Hungria, como convertedor de seu povo, como guerreiro que teve que enfrentar os adversários da fé de espada na mão, como o instituidor de uma das coisas mais bonitas, de que vou tratar em seguida e que é a monarquia apostólica da Hungria, isso fica aludido assim indiretamente, veladamente etc. Esta expressão da “post-comunio” é perfeitamente legítima, compreendo que se use: “Seu zelo em propagar e fortalecer a fé do país, lhe valeu a realeza celeste”.
Mas em propagar e fortalecer a Fé, inúmeros santos tiveram zelo e uns como oradores, outros como missionários, outros que se dedicam a obras de caridade etc. Ele o teve de um modo especial, e compete acentuar no caso concreto.
Trata-se de um rei, santo. E como senhor natural de seu povo, foi escolhido por Deus para levá-lo a Nosso Senhor Jesus Cristo. Esta é a obra própria da autoridade temporal, que deve apoiar o esforço da Igreja para conduzir as almas para Deus. Ele realizou esta tarefa de um modo exímio, porque para Deus ele levou sua nação inteira. Este tipo de reis que convertem, fundam civilizações, representam algo de especial da hagiografia.
E para os contra-revolucionários isto significa muito, porque como nos consagramos à ordem temporal e sua boa constituição, compreende-se facilmente que um santo que tenha dado exemplo disto, seja para nós muito importante e deva ser objeto especial de nossa piedade.
Agora eu gostaria de me deter um pouco mais a respeito da monarquia apostólica da Hungria. Por causa de seu grande apostolado, pelo fato de ter usado a realeza para converter seu povo, ele recebeu o título de Rei Apostólico, que depois todos os reis da Hungria passaram a usar.
A expressão “realeza apostólica” é muito bonita e importa acentuar. A monarquia húngara já preexistia à sua conversão, porém operando ela a conversão de todo seu povo, por assim dizer fundou de novo o povo húngaro. E também se pode afirmar que ela se fundou a si própria outra vez. E que ela por assim nasceu para uma nova vida no próprio ato de sua conversão.
O rei assim constituído é o “rei apostólico”, por causa desse ato de apostolado. E é o rei apostólico, causa da missão de continuar por aquelas paragens a obra da expansão da Igreja, da defesa contra os maometanos, portanto a serviço da religião católica como rei e em todas as circunstâncias e em todas as necessidades que a Igreja tinha naquelas áreas.
Esse caráter de rei apostólico do monarca húngaro, dando à Hungria esta missão a ser exercida pelo rei, conferia à dinastia reinante uma espécie de vocação especial. E com esta uma espécie de graça especial. A qual, por sua vez, refletia uma espécie de aliança de Deus com a família que ia mantendo a missão, enquanto as infidelidades não fossem tais que Deus fizesse com esta família o que fez com Saul. Quer dizer, cancela e pega um outro para realizar a missão.
Porque evidentemente que as infidelidades podem chegar até este ponto. Mas enquanto não se cai a este ponto, fica na instituição da monarquia húngara algo de sagrado, que tem como que um carisma, como que uma graça sobrenatural que a cerca, que a torna objeto de respeito para os demais povos.
A força desse carisma, se nota muito na fidelidade dos húngaros à realeza e no prestígio da coroa usada por Santo Estêvão.