Santo do Dia, 23 de fevereiro de 1966
A D V E R T Ê N C I A
O presente texto é adaptação de transcrição de gravação de conferência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a sócios e cooperadores da TFP, mantendo portanto o estilo verbal, e não foi revisto pelo autor.
Se o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira estivesse entre nós, certamente pediria que se colocasse explícita menção a sua filial disposição de retificar qualquer discrepância em relação ao Magistério da Igreja. É o que fazemos aqui constar, com suas próprias palavras, como homenagem a tão belo e constante estado de espírito:
“Católico apostólico romano, o autor deste texto se submete com filial ardor ao ensinamento tradicional da Santa Igreja. Se, no entanto, por lapso, algo nele ocorra que não esteja conforme àquele ensinamento, desde já e categoricamente o rejeita”.
As palavras “Revolução” e “Contra-Revolução”, são aqui empregadas no sentido que lhes dá o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em seu livro “Revolução e Contra-Revolução“, cuja primeira edição foi publicada no Nº 100 de “Catolicismo”, em abril de 1959.
São Matias foi, como os senhores sabem, escolhido por sorte para ver quem seria o substituto de Judas Iscariotis no Colégio Apostólico. Então, sobre ele comenta Dom Guéranger:
“Pouco se sabe sobre São Matias. Somente que foi escolhido após a Ascensão do Senhor para substituir o traidor Judas Iscariotis. De acordo com a antiga tradição grega, pregou o Evangelho na Capadócia e nas costas do mar Cáspio e foi martirizado na atual Etiópia.
“Alguns traços de sua doutrina foram conservados por São Clemente de Alexandria, entre eles uma sentença que parece foi característica desse Apóstolo em sua pregação. A sentença é: É preciso combater a carne e servir-se dela sem deleitá-la com culpáveis satisfações. Quanto à alma devemos desenvolvê-la pela fé e pela inteligência”.
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Os senhores podem imaginar o que pode ter sido a vida de um São Matias, e quem fora ele. O Evangelho trata pouco a seu respeito, assim como com uma série de outras personalidades nele mencionadas. Mas pela natureza de sua missão, é possível se reconstruir como era sua personalidade. Isso se pode dizer, por exemplo, também de São José.
De São José só sabemos a missão e o correto cumprimento que lhe deu. Mas algo de diretamente dito pela Revelação a respeito de sua personalidade, há apenas a afirmação de que era um varão justo. Não há mais nada. Porém há mil coisas que se pode deduzir a seu respeito, pelo simples fato dele ter sido esposo de Nossa Senhora, esposo condigno escolhido pela Providência, com a paridade, em relação à Esposa, que o perfeito casamento exige. Compreende-se, então, coisas indizíveis a seu respeito, embora a biografia não o diga.
Os senhores imaginem quem foi São Matias. Houve um rombo no Colégio Apostólico, e o mais doloroso da História de todos os tempos: um Apóstolo traiu por venda! E o lugar ficava vazio. E era preciso alguém que por suas virtudes reparasse, junto à justiça divina, o mal que Judas fez; que fosse excelente na linha em que Judas foi mau, que fosse um anti-Judas. E que tivesse, portanto, de admirável tudo quanto Judas teve de abominável, de execrável.
Então nos aparece, através de tal consideração, o discípulo da fidelidade, o discípulo e o apóstolo do desapego, o apóstolo da honestidade, o apóstolo da lealdade! Tudo isso nos aparece enquanto Judas era o abominável, o asqueroso no sentido oposto. Então, nesse anti-Judas temos algo da visão desse apóstolo.
Essa bela sentença que ele deu e que é lhe atribuível, não rompe inteiramente o silêncio enorme que pesa sobre si. Só no Juízo final, provavelmente, saberemos algumas coisas de sua vida.
Então conheceremos como esse homem bem amado de Deus e de Nossa Senhora realizou a tremenda missão de ser aquele que pela luz de sua virtude, apagaria a mancha de Judas na história da Igreja.