Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Missiva sobre lançamento de selo comemorativo dos 500 anos do nascimento de Lutero

 

 

 

 

 

 

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São Paulo, 25 de agosto de 1983

Ilmo. Sr.

Coronel Adwaldo Cardoso Botto de Barros

DD. Presidente da Empresa de Correios e Telégrafos

SBN – Brasília

70040 – DF 

Senhor Coronel 

Com meus cumprimentos atenciosos e cordiais, sinto-me no dever de manifestar a V. Sa. o inteiro desacordo da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP – quanto à emissão de selo comemorativo do falecimento de Martinho Lutero.

Com efeito, a grande maioria dos brasileiros está persuadida, a justo título, de que a ação histórica do frade apóstata cindiu o Ocidente no terreno religioso, abrindo caminho para toda uma sequela de acontecimentos catastróficos, quer na ordem espiritual, quer na ordem temporal.

Entre estes últimos devem ser mencionados as duras investidas protestantes contra o Brasil colônia, durante as quais, com notáveis mostras de heroísmo, ao longo de lances trágicos e com larga efusão de sangue, os luso-brasileiros tiveram de defender, à mão armada, a unidade espiritual e política do grande e querido país que vinha nascendo.

Assim sendo, a emissão de um selo comemorativo — com iniludível caráter de homenagem — não pode deixar de suscitar a discrepância de todo católico coerente.

É bem de ver que a emissão não teve o caráter de solidariedade com o conteúdo da pregação religiosa luterana. E tão só de homenagem à saliência da ação histórica de Lutero. Ela importa, pois, em uma posição de neutralidade. É precisamente essa homenagem dentro da neutralidade, que nos parece mais incompreensível. Assim como incompreensível nos pareceria que, diante de algum inimigo capital de nossa pátria ou de nossa família, tomássemos uma atitude de reverente reconhecimento de seus eventuais predicados, sem acrescentarmos, no mesmo ato, a renovada afirmação de toda a nossa discrepância em relação ao mal por ele feito aos que queremos.

Receba V. Sa. essa apreciação, formulada com todo o respeito e cordialidade que a sucinta exposição da matéria comporta, como contribuição positiva, e como expressão leal do pensamento unânime dos sócios e cooperadores da TFP, espalhados pelas vastidões de nosso território.

Reiterando meus cumprimentos, subscrevo-me cordial e atenciosamente, 

Plinio Corrêa de Oliveira

Presidente do Conselho Nacional


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